Vias exclusivas para veículos a pedal ligando bairros e cidades já são realidade na Europa. E a chegada das e-bikes amplia o potencial dessa forma de transporte
Do Mobilize Brasil
Foto: Jakob Munk/Creative Commons
Sistemas viários exclusivos para veículos a pedal ligando bairros e cidades já são realidade na Europa. Agora, com a maior oferta das bikes eletroassistidas, essa novidade pode ocupar estradas, avenidas e ruas em todo o mundo, a começar pela China, sugere artigo publicado pelo ITDP.
“Cycle highways” são vias fisicamente segregadas, planejadas para permitir a circulação de bicicletas, triciclos e quadriciclos de forma confortável, segura, rápida e funcional. Podem ser comparadas a “rodovias” que oferecem rotas diretas, sem interrupções, para o deslocamento exclusivo de ciclistas, não sendo permitida a circulação de veículos motorizados, como ciclomotores, motocicletas e outros com velocidades máximas acima de 45 km/h. Pedestres também não sáo permitidos, por motivos óbvios de segurança.
A característica mais importante de uma dessas rodovias para bicicletas é a conexão rápida e direta das pessoas com os centros de emprego. Assim, embora as rotas recreativas sejam úteis, elas não oferecem necessariamente a eficiência necessária para incentivar a troca de um carro, ou mesmo de um ônibus, por uma bicicleta.
Essas vias são frequentemente construídas ao longo de rodovias, ferrovias ou canais hidroviários, mas fisicamente separadas, sem interferência com o tráfego motorizado. A primeira delas foi inaugurada na Holanda em 2004, entre as localidades de Brenda e Etten-Leur. Desde então, várias cidades europeias, incluindo Londres, Berlim, Bruxelas e Copenhague se comprometeram a construir novas redes dessas superciclovias.
Em 2019, a cidade de Beijing, na China, também inaugurou uma dessas ciclovias rápidas, uma das poucas fora da Europa. Ela conecta bairros residenciais a um centro da indústria de tecnologia em rápido crescimento e reduziu o tempo anterior de deslocamento de bicicleta de 90 para 25 minutos, contra mais de uma hora, se o percurso for feito de carro. bicicletas elétricas, porém, não são permitidas.
O acesso cada vez maior a bicicletas elétricas, particulares ou de sistemas de compartilhamento, podem ampliar ainda mais a expansão das superciclovias. Mesmo que essas vias facilitem viagens mais longas, a parcela de pessoas dispostas a percorrer diariamente distâncias acima de 10 km é limitada pela aptidão física, além das restrições de chegar suado ao local de trabalho ou de uma reunião.
As bicicletas eletroassistidas (e-bikes), que usam um motor elétrico para fornecer uma energia adicional ao ciclista, tornam mais fácil para mais pessoas com diferentes habilidades de fitness percorrer longas distâncias com menos esforço. Estudos mostram que adultos mais velhos, mulheres e pessoas que não se consideram em boa forma física se sentem mais confortáveis andando de bicicleta elétrica em comparação com uma bicicleta tradicional.
E essas e-bikes também podem ser competitivas com os carros no tempo de viagem, especialmente durante os horários de pico de congestionamento e, principalmente, quando a infraestrutura para o pedalar seguro e confortável é oferecida. Assim, com a oferta de bicicletas mais eficientes e economicamente acessíveis, e a construção de mais infraestruturas como superciclovias, o panorama da mobilidade pode mudar radicalmente nas próximas décadas, com menos poluição do ar, menos ruído, além de pessoas mais saudáveis. Quem aposta?