A Uber perdeu sua licença para operar veículos particulares de aluguel em Londres, depois que as autoridades descobriram que mais de 14.000 viagens foram feitas com motoristas sem a identificação correta. Uma alteração no sistema permitiu que condutores não autorizados colocassem suas fotos em outras contas, podendo assim transportar passageiros como se fossem o motorista reservado através da aplicação.
Protesto de táxis contra o Uber em Londres, em 10 de fevereiro de 2016 — Foto: Frank Augstein/AP |
Caso se confirme a proibição, já que a Uber pode recorrer, será um duro golpe para a multinacional: Londres é o maior mercado para a plataforma na Europa, com 3,5 milhões de passageiros e 45.000 motoristas licenciados.
A Transport for London anunciou a decisão de não renovar a licença da empresa global de transporte por aplicativo após ter concedido uma extensão de dois meses para a empresa corrigir falhas em seu sistema. Em 2017 a Uber fora obrigada a realizar diversas alterações em seu aplicativo após a a TfL alegar que ela não cumpria com os requisitos para possuir a licença para operar na capital. O prazo encerrado em setembro passado foi postergado por mais dois meses, e agora definitivamente encerrado, com a licença revogada pela autoridade máxima do transporte da capital.
A TfL recomendou à Uber na ocasião que a empresa precisava resolver problemas relativos à identificação de seus motoristas. No entanto, a empresa multinacional não satisfez as autoridades de transporte da capital do Reino Unido.
A TfL afirmou ter identificado um “padrão de falhas” da Uber, incluindo várias violações que colocam os passageiros e sua segurança em risco.
Em comunicado oficial a TfL afirmou “não confiar em que questões semelhantes não ocorram no futuro, o que levou a concluir que a empresa não está em condições apropriadas para atuar no momento“.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, publicou em sua conta no Instagram um comunicado apoiando a decisão da TfL. “Manter os cidadãos de Londres em segurança é minha prioridade número 1, e a TfL identificou um padrão de falha da Uber que afetou diretamente os passageiros”, escreveu Sadiq.
Apesar de reconhecer que a inovação é fundamental hoje para a cidade, e que a medida será impopular junto aos usuários da plataforma de transporte, Sadiq pondera que as companhias devem se pautar em regras que mantenham a segurança dos passageiros, o que não é atualmente o caso da Uber em Londres. “Somente nos últimos meses 14 mil corridas da Uber envolveram fraudes de motoristas, com fotos que não correspondiam aos condutores contratados”, alega o prefeito da capital.
A decisão não fará com que os carros da Uber desapareçam de Londres imediatamente, caso a empresa recorra. Ela poderá continuar operando enquanto o julgamento não for concluído, tendo prazo de 21 dias para dar entrada em um recurso junto à TfL.
Embora a TfL tenha reconhecido que a Uber fez melhorias positivas nos últimos meses, as reservas quanto à atuação da plataforma permaneceram. Um lapso de segurança resultou em pelo menos 14.000 viagens em que alguém que não era o motorista reservado teria atendido passageiros, disse a TfL.
Segundo matéria do The Guardian, a última falha relatada ocorreu menos de três semanas atrás. Algumas das viagens foram realizadas por motoristas cujas licenças foram revogadas, incluindo um que havia sido advertido por distribuir imagens indecentes de crianças, informa o jornal.
Diário do Transporte