A garagem da Viação Estrela Azul foi saqueada, na tarde desta quinta-feira, no Sampaio, Zona Norte do Rio. Segundo a empresa, barracos e moradias irregulares já estão sendo construídos e os saques vêm ocorrendo de maneira sucessiva, desde o encerramento das atividades da empresa, no dia 04 deste mês.
Garagem da Estrela Azul foi alvo de invasão e saques – Divulgação |
Ainda conforme a companhia, a segurança patrimonial da Estrela Azul não está sendo suficiente para proteger os equipamentos e mobiliários da sede e a frota de ônibus que está no pátio. Boa parte do patrimônio, como equipamentos de escritório, ferramentas, peças automotivas e carroceria, foi saqueada.
Os ônibus no pátio e já apresentam sinais de depredação. A frota, segundo a empresa, é o principal ativo que será vendido para pagamento de indenizações dos funcionários. O caso foi registrado na 25ª DP (Engenho Novo).
Após falência, passageiros sofrem
No dia 4 de fevereiro, a Viação Estrela Azul, responsável por linhas que ligam as zonas Norte e Sul do Rio, decretou falência. Apesar do plano emergencial da Rio Ônibus para atender cerca de 1,5 milhão de passageiros que usam mensalmente os ônibus da empresa, dois dias depois os usuários ainda sofrem com a demora do transporte que, quando chegam aos pontos, estão em péssimas condições e sem ar-condicionado.
No Grajaú, bairro onde morava o governador do Rio e de onde saem ao menos duas linhas da falida Estrela Azul — 434 (Grajaú-Botafogo) e 435 (Grajaú-Gávea), o assunto é a demora dos ônibus, que são das empresas Tijuca, Braso Lisboa e Giro Transportes, responsáveis pelo plano emergencial de contingenciamento. O DIA percorreu dois pontos finais no bairro e viu muita gente esperando por um ônibus.
A acompanhante Maria Aparecida da Silva, de 55 anos, esperou por mais de uma hora o 434 na Praça Edmundo Rêgo, assim como outras cerca de 10 pessoas. Ela, que mora em Nova Iguaçu, acabou desistindo e pegando outra linha para ir até São Cristóvão. “Estou desde 8h35 andando para lá e para cá para saber se o ônibus viria ou não. Não tem ninguém para falar com a gente, estou perdida e não sei como faço para voltar para casa”, disse, antes de embarcar no veículo da linha 226 (Grajaú-Carioca).
Quem chegou por volta das 7h na praça esperou por mais de duas horas o 434 no ponto final. Quando o veículo chegou, às 9h20, ele estava caindo aos pedaços, sem letreiro, com a indicação da linha anotada em um pedaço de papel.
“Os ônibus da Estrela Azul sempre foram quentões, nunca tiveram ar-condicionado, caindo aos pedaços, com baratas. Agora a empresa fecha as portas e não temos informações de ninguém. O consórcio disse que vai colocar ônibus para suprir a empresa, mas nada ainda. As autoridades falam que 60% da frota está com ar. Quais são esses ônibus, que a gente não vê? Nenhum ônibus da 434 tinha ar”, queixa-se o técnico em mecânica Claudio Coutinho, 50 anos, que ia para a Zona Sul da cidade e acabou pegando o veículo em péssimas condições..
Na praça Malvino Reis, onde fica o ponto final do 435, havia três ônibus parados e muitos passageiros reclamando da demora de pelo menos 40 minutos. Entretanto, quando a reportagem chegou ao local, um veículo finalmente saiu. Os ônibus que estavam no local são das empresas que participam do plano emergencial de contingência anunciado pela Rio Ônibus, que representa os consórcios.
A empresa Estrela Azul existia desde 1958 e era responsável pelos troncais 2 e 8, e as linhas 434, 435, 464, 503, 292 e 311, atendendo quase 1,5 milhão de passageiros por mês em uma área de aproximadamente 700 quilômetros, entre Centro, Zona Norte e Zona Sul. Ela foi a 14ª empresa a fechar as portas na cidade do Rio de Janeiro, desde 2015.
O Dia