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Pode parecer maluquice, mas é real: a ex-presidente da Câmara Municipal de Nova York, Melissa Mark-Viverito, propôs legalizar a maconha e usar parte das receitas do comércio da droga para consertar o metrô da cidade.
Mark-Viverito, que agora concorre ao cargo de defensora pública, anunciou seu plano “Weed for Rails” (algo como “Maconha em prol dos trilhos”) na quinta-feira, dia 6 de dezembro de 2018, que prevê um conjunto de ações que canalizariam a receita da maconha legalizada para o capital da MTA – Metropolitan Transportation Authority, agência pública de transporte que administra o metrô da cidade.
Um dos mais velhos e extensos sistemas de transporte público do mundo, o metrô de Nova York está atrás apenas do metrô de Londres. Com 468 estações em operação e 1.056 km de trilhos (1355 km incluindo pátios e estacionamento de trens), o metrô da icônica metrópole americana atravessa hoje uma grave crise. São muitos trens antigos, a maioria deles sujos e lotados, mesmo fora do horário de pico.
O metrô que carrega cerca de 5,5 milhões de passageiros diariamente atravessa atualmente uma grave crise financeira. Autoridades da MTA estimam que o déficit do sistema alcançará US$ 1 bilhão (R$ 3,89 bilhões) por ano até 2022.
A candidata à defensoria pública criticou o estado atual do sistema de metrô ao lançar sua campanha, dizendo tratar-se de “um sistema quebrado em crise”.
“Todo dia, quando eu pego o metrô, tudo que consigo pensar é: por favor, deixe o trem correr. Por favor, não pare entre as estações. Por favor, não pule a minha parada“, disse ela em um comunicado.
Mark Viverito, que tem apoiado a legalização da maconha recreativa desde 2014, estima que Nova York poderia gerar, graças a seu plano, até US$ 1,3 bilhão por ano em receita tributária.
Ela também prometeu defender um dispositivo de trava na legislação estadual que asseguraria que não menos do que a metade dos bilhões da receita tributária gerada pela legalização da maconha seria dedicada diretamente ao transporte público.
Com a MTA estimando um orçamento de 40 bilhões de dólares para a modernização do metrô, Mark-Viverito apoia outras opções de receita tributária além da liberação da maconha para uso recreativo, como o “congestion pricing”, ou “preço do congestionamento”. Na prática, a mesma medida adotada por Londres sob o nome de “congestion charging”, ou “taxa de congestionamento”, conhecida também como “pedágio urbano”.
IDEIA VEIO DA UNIVERSIDADE:
Mark-Viverito não é a autora da ideia, que nasceu no meio acadêmico, mais precisamente no Rudin Center for Transportation Policy & Management, da Universidade de Nova York.
Lançada por Mitchell Moss, Kelsey McGuinness e Rachel Wise, a proposta nasce da constatação de que falta ao sistema de metrô nova-iorquino uma fonte de receita extra, ao invés de dividir recursos de outros serviços públicos, como educação e saúde.
No estudo em que apresentam a ideia, os autores estimam que as compras ilegais de maconha no estado de Nova York, hoje entre 184 e 290 toneladas, gera de US$ 1,7 bilhão a US$ 3,5 bilhões por ano. Os dados foram obtidos em um relatório do Departamento de Saúde do Estado de Nova York.
Uma taxação entre 7% e 15% sobre o produto, estima o estudo, propiciaria aos cofres do estado de US$ 110 milhões a US$ 428 milhões por ano. Em reais isso significa algo em torno de R$ 430 milhões a R$ 1,66 bilhão. Não o suficiente para salvar o metrô de Nova York, mas seguramente uma ótima injeção de ânimo no combalido sistema de transporte.
Diário do Transporte