Bolsonaro se opõe à unificação de placas de automóveis do Mercosul

Reprodução/WhatsApp
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira (5) que se opõe à implementação no país das placas de veículos unificadas do Mercosul, bloco ausente de suas prioridades.
“Essas placas não são de interesse nacional (…) No que depender de mim, vamos colocar um ponto final nisso se houver uma forma legal e se realmente for a melhor opção”, disse Bolsonaro em entrevista à Rede Bandeirantes em sua casa no Rio de Janeiro.

O acordo de integração nessa questão data de 2010 e a implementação estava prevista para 2016, mas o Brasil iniciou o processo de mudança das placas para o padrão Mercosul apenas em setembro, depois de adiá-la três vezes. O prazo de adequação vai até dezembro de 2023.
Argentina e Uruguai que, junto com Paraguai e Brasil formam o bloco comercial, já usam o modelo unitário de placas, que tinha por objetivo facilitar a circulação e criar um banco de dados conjunto.
“Pedi um estudo mais acurado (…) Acredito que essa unificação de placas do Mercosul só vai trazer transtornos para nós e mais despesas para os proprietários de veículos”, assinalou Bolsonaro.
O acordo, acrescentou, “nasceu do interesse da grande pátria bolivariana”. O “bolivarianismo” foi impulsionado pelo falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez, e por seu sucesso, Nicolás Maduro.
A Venezuela, entretanto, só entrou no bloco em 2012 e está suspensa desde 2017 por “ruptura da ordem democrática”.
“Eu acredito que não é bem-vinda a questão de mudança de placas bolivarianas”, insistiu Bolsonaro.
Para o presidente de extrema direita, o Mercosul “nasceu bem intencionado”, mas o Partido dos Trabalhadores transformou o bloco “em um instrumento. E através de uma política com viés ideológico, priorizou determinados comércios e foi prejudicial”, assinalou.
Bolsonaro, que tomará posse em 1º de janeiro de 2019, não mencionou uma ruptura com o bloco.
“Nós queremos que o Mercosul continue, mas que seja dada a sua devida estatura (…) Queremos ter liberdade para dar voos mais altos como, por exemplo, a Inglaterra, que saiu da União Europeia. Por que não fazemos negócios com a Inglaterra e temos que, em parte, pedir bênção ao Mercosul?”, acrescentou.
Consultado sobre a sua política externa com a Venezuela, disse apenas que, “pela cláusula democrática, a Venezuela não tem que estar mais no Mercosul”
Agência France-Presse

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