Estudo inglês prevê que carros sem motoristas aumentarão o congestionamento no futuro

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O congestionamento nas estradas pode mais do que dobrar nas próximas três décadas, mesmo com o aumento do número de carros autônomos (sem motoristas).
A afirmação decorre de análise realizada pelo Departamento de Transportes (DfT) da Inglaterra, cujos dados mostram que até 20% das rodovias estarão obstruídas até 2050, índice hoje de 7%.

Caso a previsão se concretize, espera-se que isso resulte em velocidades mais lentas e tempos de viagem mais longos, com as jornadas levando 20 minutos em média ao invés dos 17 minutos de hoje.
O estudo prevê que o número de veículos nas estradas britânicas crescerá em até 51%. Segundo as autoridades, o aumento seria impulsionado pela mudança da população combinada com uma queda nos custos de operação dos veículos.
O crescimento do número de carros elétricos com emissão zero teria um impacto significativo também, já que os motoristas se livrarão dos altos gastos em combustível fóssil.
Os fabricantes, que hoje enfrentam críticas sobre o alto preço de compra dos carros elétricos, esperam que os custos diminuam à medida que a tecnologia se torne mais popular. O governo inglês será um grane indutor desse crescimento, pois já definiu como meta para 2040 que todos os novos modelos saiam de fábrica com tecnologias de emissão-zero.
Essa mudança levaria a uma queda acentuada nas emissões, segundo o estudo, com os níveis de dióxido de carbono às margens das estradas caindo em 76% até 2050, e os índices de NOx reduzindo 95%.
Toda a análise do DfT baseou-se no pressuposto de que não há “nenhuma melhoria futura planejada” para a malha de estradas para depois de 2025, dando a entender que o congestionamento poderia ser reduzido caso houvesse investimentos governamentais.
No entanto, o que o estudo aponta é que há evidências conflitantes sobre se os carros sem motorista – que devem entrar no mercado na próxima década – melhorariam drasticamente o congestionamento, como se tem apregoado.
Especialistas têm dito que os carros sem motoristas reduziriam os níveis de tráfego, ao fazerem uso mais eficiente do espaço das vias, evitando a constante frenagem e aceleração, fatores que podem levar a engarrafamentos. Espera-se também que os serviços de carros autônomos fornecidos por aplicativos, como os testados atualmente pelo Uber, levem a que mais pessoas evitem completamente assumir a propriedade de um automóvel.
No entanto, o que o estudo da DfT afirma é que é difícil prever o impacto da tecnologia, e alerta que isso poderá, ao contrário do que se afirmava, piorar os níveis de tráfego. Os veículos autônomos podem, na verdade, ser mais cautelosos do que aqueles conduzidos por motoristas humanos, o que redundaria em congestionamentos, afirma a análise.
O relatório também sugeriu que pode haver muito mais veículos nas estradas, pois a posse de um automóvel será mais fácil. O relatório cita o caso particular das pessoas mais idosas que, ao invés de desistir de dirigir por causa de problemas de saúde (como ocorre hoje), passariam a se aproveitar das facilidades dos carros autônomos, e com isso passariam mais tempo no tráfego.
Steve Gooding, diretor da Fundação RAC, uma Ong de segurança viária, disse que o governo reconhece que o impacto dos carros sem motorista ainda é um grande desconhecido. “No futuro, todos nós ainda poderemos viajar tanto quanto hoje, mas o número total de carros pode cair à medida que os veículos sejam mais compartilhados e façam assim, cada um deles, um número maior de viagens”.
Dados mostra que os veículos motorizados percorreram um recorde de 326,2 bilhões de milhas nas estradas britânicas no ano até o final de março. Isso representa aumento de 16% em 20 anos. As últimas estimativas do DfT sugerem que o tráfego deverá crescer entre 17 e 51 por cento até 2050.
O estudo afirma ainda que a proporção de tráfego “em condições congestionadas deve aumentar de 7% em 2015 para entre 8% e 16% até 2050“.
O relatório conclui: “Os principais impulsionadores do crescimento do tráfego são o aumento da população e a diminuição dos custos de operação dos veículos“.
Diário do Transporte

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