Três empresas de aplicativos de transporte – Go-Jek, Grab e Uber – revolucionaram a maneira com que milhões de pessoas na Indonésia compram, comem e se locomovem em algumas das cidades com os piores engarrafamentos do mundo.
EFE/ Mast Irham |
É hora do rush em Jacarta e um mar de mototaxistas, alguns com casacos verdes e outros com jaquetas amarelas, dividem espaço com os automóveis que abarrotam as avenidas da capital. Essas são as cores das empresas digitais que aproveitam as brechas deixadas pelo sistema de transporte público que não atende todos os 260 milhões de habitantes da Indonésia, dos quais mais de 10 milhões vivem na capital.
Em 2015, um estudo da marca de lubrificante Castrol identificou Jacarta como a cidade com piores congestionamentos do mundo. Em janeiro daquele mesmo ano, a empresa indonésia Go-Jek lançou seu aplicativo de transporte, depois da chegada do Grab e do Uber ao arquipélago, em 2014.
Todas ofereciam carro, mas ela foi a primeira a oferecer serviços em mototáxi, com uma frota inicial de 600 profissionais.
“Em julho de 2015, a companhia Grab, da Malásia, anunciou que ia entrar com as motos e foi então que começamos a fazer uma campanha de contratação muito intensa. Em dezembro, já tínhamos 250 mil motoristas e 20 milhões downloads” disse à Agência Efe o diretor de marketing da Go-Jek, Piotr Jakubowski, na sede em Jacarta da agora gigante tecnológica, que tem um valor de mercado de cerca de US$ 2,5 bilhões.
As economias de escala e os incentivos das companhias fizeram com que os preços das corridas de táxis tradicionais diminuíssem e então começou uma rápida expansão que permitiu também o aumento da renda dos motoristas.
“Temos esquemas de microfinanciamento para ajudar os nossos motoristas a comprar smartphones e adquirir seu próprio carro ou moto”, afirmou à Efe en um e-mail o diretor-executivo da Grab Indonésia, Ridzki Kramadibrata.
Para Jakubowski, que assegurou que mais de 80% dos seus motoristas ganham mais do que um salário mínimo, a guerra por uma fração de mercado gerou inclusive a queda dos preços com a intenção de expulsar concorrentes.
“Existem preços predatórios e não somos nós que estamos fazendo isso”, garantiu o diretor de marketing.
O Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB) anunciou no último dia 11 que doará US$ 750 mil à Indonésia para apoiar o estudo de inovações tecnológicas para beneficiar a economia do país.
“A Grab e a Go-Jek não só criaram empregos, mas frequentemente também melhoram os salários e os benefícios. No entanto, (…) podem representar riscos grandes para a Indonésia na forma de destruição potencial de empregos em certos setores e o aumento das desigualdades”, afirmou a instituição financeira em comunicado.
Atualmente, a maior ameaça enfrentada pelas empresas, além da concorrência feroz, é um novo regulamento, que foi criticado por incluir limitações como cotas nas frotas, tetos tarifários e restrição de regiões para a operação. A legislação foi impugnada em novembro no Tribunal Supremo, pela segunda vez este ano, e está suspensa até que a corte emita uma sentença.
Enquanto a sociedade avança mais rápido do que as leis, as companhias tecnológicas continuam a se expandir, não só na quantidade de cidades – a Grab, por exemplo, já está em 82 -, como também no mercado de carteiras eletrônicas e de serviços em domicílio.
O líder da diversificação é a Go-Jek, que oferece desde a entrega de comida através da frota de motoristas (o segundo maior serviço deste tipo em número de pedidos, atrás apenas da China) a serviços de mensageiro, limpeza, e até massagens.
“Para a Go-Jek mobilidade é definida como fazer com que o mundo se mova até você”, explicou Jakubowski.
Agência EFE