MAN LA enxerga fim da crise em 2018

Depois da depressão que se aprofundou ao longo dos últimos quatro anos e derrubou a produção de veículos comerciais no País a menos de um terço do recorde de 2011, a MAN Latin America voltou a trabalhar com horizonte positivo. A fabricante dos caminhões e ônibus MAN e Volkswagen começou a sentir a virada do mercado doméstico em novembro, que agora caminha para empate com 2016, com vendas em torno de 15,5 mil unidades, mas o salto de 37% nas exportações, para perto de 9 mil produtos vendidos no exterior, fará a produção na fábrica de Resende (RJ) fechar 2017 com alta de 24% sobre o ano anterior. E para 2018 a expectativa é de expansão continuada, em torno de 20%, considerando crescimento de dois dígitos porcentuais do mercado brasileiro e de novo avanço substancial acima dos 30% nos negócios externos, que podem crescer para 12 mil veículos, segundo estimam os executivos da empresa. 

“Pessimismo e desânimo são coisas do passado”, indica Roberto Cortes, presidente da MAN LA. “Já dizia isso em abril, quando alguns bons indicadores mostravam que a economia se descolava da política, por isso não achávamos que 2017 seria outro ano negativo para o mercado de caminhões e ônibus. Mas os números pioraram e cheguei a me perguntar se aquilo não era um ato de otimismo. Demorou um pouco mais do que prevíamos, mas a recuperação começou a acontecer agora”, ponderou. 
Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas e marketing, projeta que em 2018 as vendas e exportações da MAN LA deverão crescer acima da média do mercado. “Isso porque teremos para vender a linha completa da nova família Delivery (de caminhões semileves e leves lançada já no fim deste ano), o que deve nos dar impulso extra”, avalia. 
COMEÇO DA RECUPERAÇÃO
Por acreditar no cenário melhor, o executivo destacou que a fabricante manteve o investimento programado de R$ 1 bilhão entre 2011 e 2017, em boa parte destinado ao desenvolvimento da nova família Delivery, e anunciou novo aporte 50% maior, de R$ 1,5 bilhão até 2021. “Com isso estamos olhando para frente”, disse. 
Embora os resultados estejam voltando ao campo positivo, Cortes reconhece que a base de comparação é muito fraca, muito distante do recorde de 173 mil caminhões vendidos e 209 mil produzidos no País em 2011. “Com apenas 50 mil caminhões em 2016 e algo próximo deste número em 2017, na verdade o mercado retrocedeu quase 20 anos, ao mesmo nível de 1999, por isso o caminho da recuperação ainda é longo”, admitiu. “Mas ao menos o cenário já mudou, a fábrica voltou a operar cinco dias por semana e até em alguns sábados, apesar de ser em um só turno”, disse. 
Cortes avalia que os transportadores estão voltando a comprar caminhões não só porque a economia dá sinais de retomada e os fretes começam a crescer, mas também para valorizar seu principal ativo, que são os veículos. “Quanto mais velhos, maior a depreciação do bem e menor é a economia de combustível. Isso deve incentivar novas compras”, calcula. Ele destaca também a necessidade de renovação da frota brasileira de caminhões, com idade média de 17 anos. “Essa idade é muito alta, a frota terá obrigatoriamente de ser renovada.” 
Sobre a liderança de mercado no Brasil no segmento de caminhões acima de 5 toneladas de peso bruto total (PBT), após 13 anos perdida para a Mercedes-Benz nos últimos dois anos, Cortes avalia que esse foi um resultado da mudança de estratégia: “Precisamos privilegiar mais o aspecto financeiro do nosso negócio e perdemos terreno”, explica. “Mas podemos subir novamente, especialmente com a chegada do novo Delivery. A liderança será apenas uma consequência do trabalho”, diz. 
INTERNACIONALIZAÇÃO
O plano de internacionalização da marca Volkswagen Caminhões e Ônibus, lançado em 2016, segundo Cortes “está andando até mais rápido do que o previsto e já traz resultados bastante positivos em 2017”. As exportações e montagem de veículos no México e na África do Sul avançam para 9 mil unidades este ano e o executivo projeta que cheguem a 12 mil em 2018, já em mais da metade do caminho para atingir o objetivo de 18 mil a 20 mil até a virada da década. “Estamos indo rápido nessa direção”, destacou. 
Entre os fatores que ajudaram a acelerar os negócios internacionais está a exportação recorde para a Argentina, que acumula crescimento de 60% em 2017 – lá o atual modelo líder de mercado é o VW Constellation 17.280, com 2 mil unidades embarcadas do Brasil. Este ano também foram vendidos no país vizinho 600 chassis de ônibus Volksbus. “A Argentina receberá o maior lote de caminhões e ônibus Volkswagen de todos os tempos, totalizando quase 4 mil veículos”, contou Cortes. 
A operação no México também está crescendo. Desde 2004 a MAN LA mantém no país uma linha em Querétano, para onde caminhões e ônibus são enviados semimontados (SKD) para montagem final. O país vai receber a nova família Delivery em 2018 e estão sendo desenvolvidos veículos especialmente projetados para o mercado mexicano. Recentemente foi lançado o Volksbus 14.190 SCD, que entra no maior segmento de ônibus do México. No mesmo sentido, a unidade está ganhando um Modcenter que, assim como na fábrica de Resende, irá adaptar caminhões às necessidades de clientes locais. 
No continente africano, onde a MAN LA já tem linha de montagem em Pinetown, na África do Sul, uma nova operação está em via de ser inaugurada na Nigéria. Já estão navegando para lá os primeiros kits SKD de caminhões VW Worker 15.180 e 17.220 que serão montados no país, com expectativa inicial de vender 300 unidades/ano para alcançar mil em cinco anos, graças a acordos de livre comércio na região do Oeste africano. 
“Sofremos com a crise mas também aprendemos que não podemos depender de um só mercado. Sempre fomos muito fortes no Brasil, mas não tínhamos produtos adaptados para outros países, o que estamos fazendo agora. Não descartamos criar novas linhas de montagem no exterior para aproveitar melhor o potencial de cada país”, diz Cortes. “Queremos ter nos mercados onde atuamos resultados parecidos com os que temos aqui, ficando em primeiro ou segundo lugar em vendas.”
Portal Automotive Business

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