A família fundadora do Grupo Itapemirim entrará nos próximos dias com uma ação judicial para a retomada do controle das empresas que estão atualmente em processo de recuperação judicial, entre elas a Viação Itapemirim. Atualmente, o comando está nas mãos de três “empresários” de nome Camila Valdivia, Sidnei Piva e Milton Rodrigues, desde 31 de outubro de 2016, mas que têm demonstrado incapacidade de gestão e má fé, de acordo com o patriarca da família, Camilo Cola. Além da Viação, fazem parte do Grupo Itapemirim e estão em recuperação judicial a Transportadora Itapemirim; a ITA – Itapemirim Transportes; a Flecha S/A e a Cola Comercial e Distribuidora. Todas estão atualmente em poder dos executivos contratados para apoiar a família na recuperação da empresa.
Entre as irregularidades que vêm sendo constatadas pela família Cola, está o desvio de recursos da geração de caixa com a venda de passagens para o pagamento de Notas Fiscais por serviços supostamente prestados por outras empresas dos atuais gestores. A ação descapitaliza de maneira acelerada, já que grandes retiradas acontecem diariamente na Viação, que é a que mais tem capacidade de geração de caixa entre as integrantes do grupo, ameaçando ainda mais a sua recuperação.
Para Camilo Cola, está havendo uma ação criminosa contra as empresas e que precisa ser interrompida, para não deixar os funcionários, o município de Cachoeiro de Itapemirim e o Estado com um grande prejuízo. “Fomos enganados de todas as maneiras e tivemos a nossa confiança traída por pessoas de nossa maior consideração. Foi uma articulação monstruosa e sem precedentes, que, infelizmente, só descobrimos há pouco tempo.”
Na época, a venda foi vista como a melhor alternativa para a condução do processo de recuperação e retorno das empresas à normalidade. O Grupo Itapemirim acumula grandes dívidas tributárias e sofreu os efeitos da redução do faturamento nas diferentes empresas, em razão da crise econômica que se instalou no País.
Quebra de confiança
Assessorado por Anísio Fioresi, um dirigente de carreira da própria Viação Itapemirim, de inteira confiança da família Cola e pelo advogado e ex-juiz Rômulo Silveira, diretor jurídico do Grupo e conhecedor de informações internas e privilegiadas, também de inteira confiança da família, o fundador do Grupo, Camilo Cola, transferiu poderes que permitiram aos novos gestores a sua própria destituição do comando das empresas, que passou a ser integralmente e de maneira irrestrita gerida pelos três compradores e outros profissionais sob a delegação direta.
Retomada
Segundo Camilo Cola, após uma ampla investigação sobre os compradores, foram identificados inúmeros golpes semelhantes em outras empresas, com dezenas de processos judiciais abertos contra os três. Foi constatado que o interesse pela recuperação das empresas é na verdade uma fachada para o desvio de recursos e a inviabilização total das empresas em recuperação, que retornam depois aos donos de direito, mas completamente dilapidadas e sem qualquer chance de seguir com as atividades.
Reunidas provas da incapacidade técnica e má versação dos recursos das empresas em recuperação, a família Cola entrará com uma ação judicial nos próximos dias, buscando retomar o controle total das empresas e a recondução da recuperação judicial.
“Já demitiram inúmeros funcionários sem o pagamento de verbas rescisórias, multas e FGTS, como determina a legislação. Não irá demorar muito, como já identificamos em outras empresas onde aplicaram o mesmo golpe, para demitirem muitos outros funcionários, sem também efetuar o pagamento de direitos trabalhistas, denegrindo um grupo que se orgulha de sua história no Espírito Santo e no país. Não vamos deixar isso acontecer. Cachoeiro de Itapemirim e o Espírito Santo precisam saber quem é essa gente e nos ajudar a recolocar as empresas no caminho da recuperação”, diz Camilo Cola.
“Tenho 94 anos, sou ex-combatente voluntário da II Guerra Mundial, Fundador da Viação Itapemirim, uma empresa de referência no transporte de passageiros no Brasil e no mundo. Contribuí para a criação da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e sinto orgulho da minha caminhada no setor de transportes brasileiro. Não quero ver a história da Itapemirim ser manchada”, relata com emoção o empresário.
Fonte: Folha do ES