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A Scania lançou uma novidade no mercado de ônibus urbano que promete mudar o futuro do conceito de transporte sustentável no Brasil. A fabricante sueca já comercializa por aqui o K280 4X2, o K280 6X2 e o articulado K320 6X2/2, os três movidos a GNV ou biometano – combustível produzido a partir de resíduos orgânicos e agrícolas ou até mesmo dejetos animais. Uma alternativa que pode solucionar, de uma só vez, vários problemas ambientais.
Como o combate à poluição causada por fezes de animais, a crescente emissão de poluentes pelo uso do diesel e as dificuldades para dar fim a diversos resíduos urbanos. Primeiro ônibus nessa configuração no país, o modelo iniciou sua fase de demonstrações em território nacional na semana passada, na cidade de Sorocaba, em São Paulo. “Esse ônibus chama a atenção pela redução de custos operacionais por quilômetro rodado, bem como da poluição sonora e de emissões. Em comparação com um veículo similar a diesel, ele emite 85% menos gases poluentes, se abastecido com biometano, e 70% menos, se estiver com GNV”, explica o diretor de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil, Silvio Munhoz.
O K280 4X2 pode receber carrocerias de 12,5 a 13,2 metros de comprimento e levar de 86 a 100 passageiros, enquanto o K280 6X2 mede 15 m, com dois eixos direcionais e capacidade para até 130 passageiros. Ambos são equipados com motor de 280 cv. Já o articulado K320 6X2/2 chega a 18 m e transporta até 160 ocupantes, com propulsor de 320 cv. Para as demonstrações no país, por enquanto, está em ação apenas um K280 6X2, o modelo intermediário do trio.
Ônibus movidos a biometano, GNV ou com a mistura de ambos já são uma realidade reconhecida na Europa. Para o Brasil, no entanto, a Scania iniciou um projeto com novo “layout” de carroceria. O motor é importado da Suécia e já atende à geração mais avançada da legislação de emissões de lá, a Euro 6 – no Brasil, a lei atual exige conformidade com a norma equivalente à Euro 5. Para se tornar um ônibus movido a biometano e GNV não são necessárias muitas mudanças na carroceria tradicional.
O modelo escolhido para esse lançamento tem chassi de piso baixo – para estar apto a circular na capital paulista – e, por isso, os seis cilindros de combustível foram instalados no teto e a carroceria foi reforçada. Há também versão de piso alto e, nesse caso, os cilindros de gás são alocados abaixo do assoalho. Com os tanques cheios, a autonomia chega a cerca de 300 quilômetros, de acordo com a Scania. E, segundo a marca, para operações que necessitem mais autonomia, é possível avaliar a colocação de cilindros extras.
Outra vantagem dos modelos que circulam com GNV ou biometano é a proximidade de seu trem de força com os movidos a diesel. A Scania garante que mais de 80% dos componentes são comuns nas duas motorizações. As diferenças estão nos sistemas de injeção e de queima do gás. A fábrica da marca já está preparada para a produção nacional do chassi, mas o propulsor será importado da Suécia.
A diferença de preço em relação a um modelo similar a diesel varia entre cerca de 18% e 25%, dependendo das características adotadas em cada ônibus. Mas estudos realizados pela Scania mostram que esse acréscimo pode ser pago em cerca de 30 meses de uso. Em experiência realizada no Rio Grande do Sul, por exemplo, unidades similares rodaram 1.500 quilômetros com biometano e com diesel. A média de consumo do primeiro combustível foi de 2,02 km/m³, contra 2,2 km/l do segundo. Os preços por quilômetro foram de R$ 0,89 e R$ 1,26, respectivamente, com queima de 743 m³ de biometano e 682 litros de diesel. O resultado foi um gasto de R$ 1.337,40 com o gás e R$ 1.773 com o diesel.
Fonte: Correio de Uberlândia