É sob chuva ou sol que boa parte dos 400 mil passageiros do sistema de transporte público em Natal esperam seus ônibus. Não fosse assim, não haveria um projeto da Prefeitura em parceria com o Ministério das Cidades para a construção de 1052 abrigos novos na capital. O terminal de ônibus das Rocas é um dos mais emblemáticos.
O problema é tão amplo que nem é preciso ir à periferia para esperar os ônibus ao léu. Nas avenidas Prudente de Morais e Hermes da Fonseca, há inúmeros pontos sem proteção alguma para quem espera pelo ônibus. Numa das principais vias da zona Norte, avenida João Medeiros Filho, o problema se estende por vários quilômetros.
No bairro da Ribeira, houve a restauração de alguns abrigos que há muito tempo estavam sem manutenção. Mas dos sete existentes no local, dois ainda estão sem cobertura. É por esse motivo que a estudante Sabrina Almeida Alves estava munida de guarda-chuva hoje pela manhã.
O artigo serviu tanto para proteger contra a rápida chuva que caiu sobre o bairro, quanto para o sol causticante que veio depois. “É absurdo, porque você paga uma quantia em impostos e o governo tem que dá sua contrapartida para o cidadão ter um serviço de qualidade e para não ficar segurando guarda-chuva”, ironizou.
As paradas do bairro também não possuem informações sobre o itinerário dos ônibus e seus pontos de parada. A tabela durou pouco tempo e foi instalada ainda quando a Ribeira foi revitalizada na gestão anterior de Carlos Eduardo Alves. “Se você perceber, não tem informação de onde os ônibus param e para onde eles vão. Está certo que também tem a ação dos vândalos, mas a prefeitura tem a obrigação de repor”, criticou.
De acordo com o secretário adjunto de Transporte de Natal, Clodoaldo Trindade, na Ribeira o principal problema são os caminhões que saem do porto. “Os caminhões que estão saindo do Porto de madrugada estavam derrubando os abrigos. Por isso, nós vamos colocar um pórtico para limitar a circulação deles por ali”, informou a ação sem especificar um prazo.
No Terminal das Rocas não há sequer um abrigo com cobertura. Quando a chuva começa, os passageiros correm para a estrutura principal do terminal, onde ficam baseados os cobradores e motoristas.
O programador de software Manoel Lucas da Silva espera o ônibus para o trabalho todos os dias nos abrigos do terminal. Segundo ele, o material com que é feita as coberturas dos abrigos é pouco resistente à exposição das intempéries da cidade. “Ele acaba despregando com o sol e a chuva. Acho que eles deveriam investir mais um pouquinho no material para essas coisas não acontecerem”, sugeriu.
Mesmo quando há abrigo com cobertura, as pessoas que estão no ponto de ônibus se molham quando as chuvas vêm acompanhadas de fortes ventanias. “Também é alto demais e por isso molha”, explicou o programador. Segundo o secretário adjunto de Transporte de Natal, esses abrigos encontrados na Ribeira, Rocas e avenida Bernardo Vieira, por exemplo, são especiais. “Eles foram projetados para que o passageiro entrasse no ônibus sem se molhar, por isso ele cobre o ônibus”, argumentou.
Dessa forma, segundo Trindade, o passageiro se molharia se o abrigo fosse mais baixo quando fosse entrar no ônibus. “Só molha mesmo quando a chuva vem com muito vento”, ponderou Trindade. Além disso, ele explicou que Natal tem um projeto no Ministério das Cidades que prevê a construção de 1052 abrigos normais. O valor da obra está avaliada em torno de R$ 10 milhões segundo Clodoaldo Trindade. Ainda conforme ele, essas paradas modulares terão informação para usuários.
Fora esse projeto completamente bancado pelo governo Federal, a Prefeitura irá receber as propostas de uma licitação para a construção de mais dez abrigos imediatamente na cidade. Serão investidos R$ 180 mil, segundo ele, com recursos da própria Prefeitura. Clodoaldo informou que hoje começou a manutenção do abrigo que fica na Ulisses Caldas em frente a sede da Prefeitura de Natal. Logo que acabar esse ponto de parada, a equipe irá para outro abrigo, mas ele não deu data de quando os abrigos das Rocas serão restaurados.
Abrigos da Copa: A Prefeitura de Natal já havia anunciado que os 55 quilômetros de calçadas padronizadas e 300 abrigos nas principais vias que levam à Arena das Dunas seriam concluídos em dezembro deste ano. Originalmente, os R$ 25 milhões dessa obra deveriam ter sido executados até a Copa do Mundo, realizada em junho deste ano em Natal.
Mas problemas com os proprietários de imóveis onde haveria a intervenção causou o atraso segundo o secretário de Obras e Infraestrutura, Tomaz Neto, responsável pela obra. Segundo ele, os conflitos com os moradores estão sendo gerenciados. “Acredito que até dia 15 ou 20 estaremos retomando a obra. Se o consórcio não quiser retomar as obras teremos que rescindir o contrato e chamar a segunda colocada. Se ela não quiser, infelizmente teremos que fazer uma nova licitação. Mas não é isso que a gente quer. Queremos que a empresa retome as obras imediatamente”, disse.
Ainda segundo o secretário de obras, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) está prestando auxílio à Semov para formatar as calçadas. O secretário também não falou em prazos.
Fonte e foto: Jornal de Hoje