Volvo Bus compensa queda das vendas com exportações

A divisão de ônibus da Volvo no Brasil enfrenta a baixa do mercado com um reforço nas exportações. A companhia estima a venda de 800 unidades em outros países este ano, a maior parte para a Colômbia. Com isso a montadora deve manter este ano o mesmo nível de produção registrado em 2013 na planta de Curitiba (PR), próximo de 3,2 mil unidades, apesar de ter reduzido a atividade na fábrica para apenas um turno de trabalho desde agosto do ano passado.
“No início de 2013 vínhamos produzindo em ritmo acelerado. Quando vimos que o mercado não absorveria tantos veículos tiramos o pé do acelerador”, conta Luis Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus América Latina. Ele admite que a queda brusca das vendas causou aumento expressivo dos estoques, mas garante que os volumes de chassis armazenados já voltou ao patamar normal.
Segundo o executivo, tradicionalmente 65% da produção da companhia na fábrica paranaense são destinados ao mercado brasileiro e os outros 35% atendem a demanda de outros países. Este ano, no entanto, esta dinâmica se inverteu e a companhia tem vendido no exterior perto de 65% da produção nacional de ônibus.
O executivo enfatiza que, apesar da contração de 13,7% nas vendas no Brasil entre janeiro e junho, para 13,3 mil chassis, a Volvo conseguiu manter a sua fatia de market share em 11%, com 21% de presença no segmento de pesados e 9% entre os modelos semipesados. Dados da Anfavea apontam que a marca teve redução nos negócios no primeiro semestre, de 10,3%, retração inferior a do mercado total.
Pimenta avalia que a queda do mercado de ônibus é inevitável para este ano. Ele projeta vendas próximas de 28 mil unidades, o que corresponderia à retração de cerca de 15% sobre o resultado do ano passado. Na opinião do presidente, duas medidas precisam ser tomadas para que o mercado destrave. A primeira delas é a regulamentação do novo modelo de concessão do transporte rodoviário interestadual.
A permissão para atuar no segmento, que antes era obtida por meio de concorrência pública, foi simplificada e depende agora apenas de autorização. Os requisitos técnicos para que uma empresa receba a concessão, no entanto, ainda não foram definidos. “Enquanto isso não estiver acertado as vendas do segmento rodoviário continuarão fracas.” Para o executivo, com esse aspecto determinado as encomendas terão aquecimento, já que há demanda reprimida.
A outra medida capaz de impulsionar as vendas na opinião de Pimenta é o reajuste da tarifa do transporte público nos centros urbanos. “Enquanto não aumentar a passagem os empresários não vão investir em novos ônibus. Quando São Paulo e Rio de Janeiro anunciarem reajuste outras cidades do Brasil também farão isso”, acredita. Ele espera que isso aconteça em 2015, já que seria muito complicado protelar a revisão dos preços para o ano seguinte, quando há eleição para prefeito.
Ônibus híbrido: A Volvo produz há cerca de dois anos um modelo de ônibus híbrido diesel-elétrico no complexo industrial paranaense. Os planos da companhia para o veículo, no entanto, foram surpreendidos pela redução do ritmo do mercado nacional. “Temos enfrentado alguns desafios. Além das questões que afetam as vendas, temos ainda o alto número de ônibus queimados em várias cidades. Os empresários ficam temerosos de investir alto em um veículo com a tecnologia e depois enfrentar um problema como esse”, aponta.
Logo no início do projeto a montadora fechou a venda de 30 unidades para a cidade de Curitiba (PR) e cerca de cinco para São Paulo (SP). Este ano uma nova encomenda veio de Brasília (DF), de 18 chassis. Dessa forma, o que tem garantido bom ritmo de produção do modelo à marca no Brasil é a demanda externa. Este ano, dos 800 ônibus que a Volvo projeta exportar, 450 unidades serão do modelo híbrido. “Há ainda possibilidade de fecharmos mais 50 chassis”, revela Pimenta.
Em alguns anos o mercado de ônibus elétricos e híbridos deverá contar com um novo player. A chinesa BYD anunciou a construção de uma planta no Brasil para produzir modelos com estas tecnologias. A novidade foi recebida com otimismo pelo executivo da Volvo. “Em alguns momentos a concorrência até ajuda disseminando o conceito e a tecnologia”, pondera.

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