O transporte coletivo de passageiros é um dos principais meios para o combate à poluição que não só deixa desagradável o dia a dia nas cidades, como anualmente é responsável por milhares de mortes em todo o País. Um ônibus comum, de 13 metros, pode substituir o equivalente a 40 carros nas ruas, levando em consideração que cada carro anda em média com duas pessoas e o ônibus deste porte tem capacidade para até 80 passageiros. Por passageiro transportado, um ônibus emite 17 vezes menos poluição que um carro e 34 vezes menos que uma moto, em média. Mas é fato que o diesel, apesar de hoje estar mais limpo com teor de enxofre menor, é ainda um dos combustíveis mais poluentes. No entanto, os impactos das operações com veículos movidos a diesel podem ser minimizados com manutenção e inspeção freqüentes e adequadas.
Para ajudar as empresas com apoio técnico e parâmetros de medição dos poluentes, a CNT – Confederação Nacional dos Transportes – criou o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte -, que nesta sexta-feira, dia 18 de julho, completou sete anos. A CNT divulgou um balanço das atividades do programa, que teve início em 2007. Além de atuar em empresas de ônibus, os técnicos do Despoluir atendem também frotistas de caminhões e transportadores autônomos.
De acordo com a CNT, foram realizadas nestes sete anos 1,1 milhão de medições. Estão cadastrados no programa mais de 23 mil transportadores, dos quais 11014 são empresas (carga e passageiros) e 12678 autônomos. A adesão ao programa é gratuita e as medições são feitas em parceria com as federações locais de transportes e com as unidades do Sest/Senat – Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte.
O caráter dos trabalhos não é punitivo. Através de equipamentos computadorizados com sensores nos escapamentos de ônibus, caminhões, vans e carros, é medida a “opacidade” da fumaça em diversas situações, como o funcionamento do motor em “ponto morto” e em acelerações. As medições determinam a quantidade de materiais particulados na fumaça.
Os resultados são comparados com os índices exigidos pelo Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Se o veículo atender a estas exigências, recebe um selo do programa. Em caso de reprovação, a empresa ou proprietário do veículo recebe orientações dos técnicos do Despoluir para diagnosticar as causas da emissão de poluentes acima dos padrões estabelecidos. Os técnicos então retornam e fazem uma nova avaliação. Por causa deste trabalho de apoio com as orientações aos proprietários dos veículos, a CNT diz que o índice de aprovação desde a criação do programa subiu de 82,04% para 88,87%.
Algumas frotas conseguem 100% de aprovação. As companhias operadoras de transportes destacam a importância do programa como referencial para os procedimentos da área de manutenção e os benefícios para a população em geral.
As empresas Leblon Transporte de Passageiros e Viação Nobel, de Fazenda Rio Grande no Paraná, conseguiram nos últimos anos aprovação total nas medições. “A participação da Leblon no Despoluir é mais uma garantia prática, e não apenas teórica, para a população de que ao ver um ônibus tanto da Leblon, como da Nobel, pode ter certeza de que o ambiente está sendo respeitado. E isso não beneficia não apenas os passageiros, mas toda a comunidade, até quem não anda de ônibus” – disse o coordenador de manutenção do Grupo Leblon, Gilson Drohomerischi.
Outra empresa que conseguiu aprovação total é a Coleurb, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A companhia se tornou referencial no estado em relação ao controle das emissões de poluentes e recebeu o Prêmio Gaúcho DESPOLUIR, como Empresa Destaque, pelo baixo índice de emissão de poluentes da sua frota.
A Viação Princesa do Sul, de Pouso Alegre, em Minas Gerais, é outra empresa que já teve todos os ônibus aprovados nas medições. “Além de realizar o transporte de passageiros com segurança e conforto, outra grande preocupação nossa é com as práticas que possam garantir a preservação do meio ambiente”, afirmou do diretor da Princesa do Sul, Rogério Bertolucci.
Desde 1996, a CNT e Sest/Senat realizam medições semelhantes, mas em 2007, com a instituição do programa, os trabalhos se tornaram mais abrangentes.
Em nota, a CNT diz que o programa deve ser ampliado. “Desde 2007, o total de unidades de atendimento saltou de 54 para 82. Cada unidade é composta de carro para deslocamento nos atendimentos, opacímetro, tacômetro e computador portátil. Até o final de 2014, serão 100 unidades em operação. Hoje, 21 Federações desenvolvem o Projeto de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos. A previsão é que sejam 27 até o final do ano. Ao todo, 11.014 empresas e 12.678 transportadores autônomos estão cadastrados junto ao Programa em todo o país”, diz a Confederação.
Fonte: Ônibus Brasil