Superlotação e demora de ônibus geram revolta em Felipe Camarão

Andar de ônibus virou sinônimo de sofrimento e paciência para moradores de Felipe Camarão, em Natal. Eles relatam falta de organização nos horários de saídas dos veículos, demoras superiores a 45 minutos em quase todas as 11 linhas que servem ao bairro, superlotação e falta de tato da maioria dos motoristas, principalmente com idosos e pessoas com dificuldades de locomoção, o que tem causado acidentes em muitos casos.
“Um dia desses, quase levo uma queda grande porque um motorista não quis esperar eu subir no veículo e mostrar a minha carteira de identidade, e arrancou com o ônibus. Se eu não me seguro nos ferrinhos e uma pessoa me ajuda, teria levado um tombo feio. Infelizmente, muitos não têm paciência com idosos e chegam até mesmo a não parar no ponto, quando uma pessoa de idade dá sinal. Eu lamento muito tudo isso”, desabafou a aposentada Arlinda de Lima.
O longo intervalo entre um veículo e outro e a superlotação dos carros também são pontos de maiores reclamações dos usuários de ônibus em Felipe Camarão, que possui cerca de 70 mil habitantes. Para eles, o fato da maioria das linhas ser explorada por apenas uma empresa de transporte público contribui para os problemas. Por causa disso, eles defendem que outras empresas explorem o itinerário.
“Se tivesse mais de uma empresa aqui, talvez isso não acontecesse, porque eles sabem que dependemos exclusivo deles e fazem o que querem. Já teve dia de eu esperar mais de uma hora para pegar um ônibus, sem contar que tem várias linhas, mas elas não cobrem todo o bairro. Aí, quem precisa pegar determinado ônibus para uma parte da cidade tem que andar até um quilômetro para chegar ao ponto, que quase nunca tem abrigo contra o sol ou a chuva”, explicou o morador Roberto Andrade.
A dona de casa Domerina de Jesus disse que, diariamente, acontece de passar dois ou três veículos de uma mesma linha e depois, ficar até uma hora sem circular mais nenhum, o que contribui para a superlotação dos veículos, principalmente perto dos horários de pico, quando há grande circulação de estudantes e trabalhadores. “O serviço deixa muito a desejar, já reclamamos na Prefeitura e com a empresa, mas ninguém faz nada”, falou.
Ônibus da linha complementar demora até três horas para passar: Outro ponto de reclamação forte em Felipe Camarão é com relação ao horário da linha complementar aos veículos que fazem os itinerários dos ônibus 30 e 31, que ligam o bairro à zona Sul e ao campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Mirassol.
“Quem perde o carro que passa às 7h15, pode arrumar uma cadeira e sentar aqui para pegar o que passa depois das 9h30, ou andar mais de um quilômetro para apanhar outra linha ou ainda pagar duas passagens. Tem dias que demora até três horas para passar outro e quase ninguém fica aqui esperando o dia todo”, disse o comerciante Joselmo Trindade.
Semob promete resolver problemas: O problema enfrentado pelos moradores de Felipe Camarão já foi relatado à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), que, segundo o líder comunitário João Maria Gomes, prometeu resolver os transtornos tão logo a Copa do Mundo acabasse, mas até o momento nada foi feito, nem mesmo para amenizar a situação.
“São 11 linhas urbanas, mas elas não atendem à demanda existente no bairro porque há poucos veículos circulando e eles não cumprem os horários por falta de organização e planejamento da empresa que explora os itinerários. Sem falar no sucateamento, já que temos carros com mais de dez anos nas ruas e também na redução do número de ônibus durante os finais de semana, que cai pela metade”, explicou.
João Maria disse ainda que durante a última reunião com o órgão, há cerca de um mês, os moradores levaram suas reclamações para a Semob e que a secretária Elequicina dos Santos prometeu resolver a situação após os jogos da Copa no Brasil. “Ela se comprometeu, mas a verdade é que até agora nada foi feito e os moradores continuam sofrendo com o descaso da empresa de ônibus, que faz o que quer”, disse.
Segundo o diretor de Fiscalização da Semob, Rogério Leite, os casos de demora, superlotação ou maus tratos de motoristas, sobretudo a idosos e pessoas com dificuldades de locomoção, devem ser denunciados ao órgão para serem investigados. E que serão feitas ações fiscalizatórias nos itinerários das linhas que trafegam pelo bairro, para apurar as reclamações feitas hoje.
“Infelizmente, acontece de um carro ou outro atrasar ou adiantar o horário, mas casos extremos devem ser denunciados para que possamos corrigir o problema junto à empresa. E quando recebemos casos de mau comportamento com idosos, chamamos o motorista envolvido para orientá-lo, pois prezamos um bom atendimento a todos que necessitam do serviço. Também vamos corrigir o problema da falta de abrigos até 2015″, afirmou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo