O consórcio formado por três empresas do setor de transporte que atuam em diversas cidades do Nordeste do país e que em Sergipe foi batizado de Atalaia Transportes irá assumir as linhas da Viação Cidade de Aracaju (VCA) e São Cristóvão, que por determinação judicial, foram excluídas do sistema de transporte coletivo na capital sergipana e região metropolitana. O anúncio foi realizado na manhã desta quarta-feira (31), pelo prefeito de Aracaju (SE), João Alves Filho.
A Atalaia Transportes é formada pelas empresas Itamaracá, RCR Locação e AR Consultoria em Transporte, da cidade de Recife, em Pernambuco. A partir deste sábado (03), dez ônibus entrarão em operação e na próxima segunda-feira (05), outros trinta veículos serão integrados ao sistema.
De acordo com o prefeito João Alves Filho, as empresas atuam em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e também em Angola, na África. “A empresa tem um prazo de 75 dias para disponibilizar a frota de 150 ônibus, que irão suprir às necessidades da população da capital e região metropolitana. Além disso, no contrato foi estipulada como prioridade a contratação dos funcionários das empresas VCA e São Cristóvão, que desta forma, não ficarão desempregados”, afirmou.
Segundo Alberto Almeida, representante da Atalaia Transportes, dos quarenta ônibus que entrarão em operação, trinta são modelos convencionais e dez são articulados ou ‘sanfonas’ como são popularmente conhecidos. “Desses trinta veículos, dez são novos e vinte são usados. Iremos disponibilizar gradativamente mais veículos e assim completar a frota de 150 ônibus até o final do prazo que nos foi dado. Fechamos um compromisso com a prefeitura de prestarmos um transporte de qualidade à população sergipana e assim faremos”, destacou.
Nesta terça-feira (30), uma decisão judicial da 18ª Vara manteve as empresas VCA e São Cristóvão fora do transporte público da capital e Grande Aracaju. A Justiça indeferiu ação cautelar do grupo empresarial que havia pedido, antes mesmo da Prefeitura Municipal excluí-lo do sistema, liminar que garantisse a permanência das duas empresas na prestação do serviço de transporte coletivo. A ação alegava que o grupo não teve oportunidade de defesa.
No entanto, a Procuradoria do Município de Aracaju provou que as duas empresas foram notificadas várias vezes desde o início do ano, sobre o dano causado à população por causa dos problemas de gestão, entre eles atraso no pagamento dos funcionários.
Entenda o caso: No dia 24 de julho, o prefeito João Alves Filho, anunciou a retirada das empresas de ônibus Viação Cidade de Aracaju (VCA) e São Cristóvão do transporte coletivo. Na ocasião, ele também informou sobre a criação de um consórcio para realização de uma licitação envolvendo os municípios de Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, iniciativa essa, que foi apoiada pelo governador em exercício, Jackson Barreto.
O prefeito admitiu ainda que a situação do transporte público da capital é caótica e uma solução simples não irá resolver o problema. “Obviamente o transporte foi deixado de lado ao longo dos anos. Não será uma resposta pronta que vai resolver”, disse.
Reunião: Na segunda-feira (29), cerca de mil funcionários da empresa Viação Cidade de Aracaju (VCA), se reuniram na porta da empresa no Bairro América, na Zona Oeste de Aracaju, para tentar saber as providências que seriam tomadas após a empresa ter sido impedida pela Prefeitura de Aracaju de atuar no transporte público.
Na ocasião, os rodoviários esperavam a confirmação de que a empresa que assumiria os serviços da VCA e São Cristóvão iria contratá-los. Os funcionários informaram ainda, que no dia 27 de maio começaram as demissões, e até o início desta semana 140 rodoviários perderam o emprego e não receberam o pagamento da rescisão contratual.
“Eles não deram baixa na minha carteira de ninguém que saiu. Fomos demitidos no dia 30 de maio e não pagaram o salário do mês, nem junho a decisão ficou para o dia cinco de julho. Chegamos no Sintra ninguém apareceu e nem falou nada. A última vez que eles depositaram o fundo de garantia foi em setembro do ano passado”, disse a cobradora Joelma Conceição de Souza.
A reclamação sobre o fundo de garantia é compartilhada por quem ainda trabalha na empresa. “Eu tenho nove anos e nove meses de carteira assinada. E tenho R$ 1.900 de fundo de garantia. Procurei a Caixa e o gerente mandou eu procurar a empresa e resolver. Só foram depositados os dois primeiros anos”, desabafou o motorista Cosme Gomes Batista.
Nenhum representante da VCA foi localizado para falar sobre a situação dos funcionários.
Fonte: G1