Das muitas histórias que a mitologia grega legou à humanidade, uma delas, de forma recorrente, é utilizada para mostrar a destreza que gestores devem ter frente aos desafios na administração pública. A lenda de desatar o nó górdio. Talvez uma das tarefas mais difíceis na carreira política do prefeito eleito Carlos Eduardo Alves.
Conta a lenda que no século VIII antes de Cristo, o rei Creso da Frígia morreu sem deixar herdeiros e, consultado, o oráculo anunciou que o sucessor chegaria à cidade em um carro de bois. Chegou o camponês Górdio e, coroado, amarrou sua carroça a uma coluna do tempo de Zeus para não esquecer suas origens com um nó impossível de desatar. Midas, filho de Górdio, morreu e não deixou herdeiro e durante 100 anos, a carroça esteve presa sem que ninguém conseguisse desatá-lo.
De acordo com a lenda, somente Alexandre, o Grande, conseguiu com destreza, cortar o nó em dois com sua espada, desatando-o em seguida e, depois do feito, teria se tornado o senhor de toda a Ásia Menor em 334 a.C. O nó górdio de Carlos Eduardo tem apenas quatro anos e a população espera que ele o desate com habilidade o mais rápido possível.
O prefeito eleito vai ter de desfazer nós jurídicos de secretarias e instituições municipais sobre intervenção como a saúde, a Companhia de Limpeza Urbana, a Ong Ativa, além da suspensão da licitação do transporte público.
A Companhia de Limpeza Urbana está sob intervenção para reequilibrar as finanças. Da mesma forma, um interventor está administrando a UPA de Pajuçara cujo contrato com a organização social Marca foi suspenso por suspeita de irregularidade. A Marca também administrava os Ambulatórios Médicos Especializados (AME’s) que voltaram a fazer apenas o atendimento básico de posto de saúde. A justiça suspendeu a licitação do transporte público, também, por suspeita de corrupção no processo.
Licitação parada na pista: O projeto de licitação do transporte público de Natal também está judicializado. No último dia 26 de outubro o juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública de Natal, Cícero Martins de Macedo Filho, suspendeu por um prazo de 90 dias, o edital de licitação. Ele desconfia de fraude na formação da concorrência a pedido do Ministério Público do Estado.
O secretário adjunto de transporte da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SEMOB), Haroldo Maia, disse que a suspensão do processo de licitação atende a uma demanda judicial. Fora isso, ainda há a pendência da Câmara de Vereadores que ainda não votou a lei que autoriza a licitação.
A licitação é importante porque vai regulamentar o setor, desde a contratação das empresas, a fixação dos percentuais de reajuste da tarifa, a integração da bilhetagem eletrônica vai dar uma nova cara ao setor. Haroldo Maia disse que a judicialização acontece porque o sistema hoje não tem normas.
Na Câmara, a Comissão de Legislação e Justiça aprovou o projeto de licitação. Segundo o presidente da Comissão, vereador Ney Lopes Jr (DEM) há problemas apenas de ordem de redação. Agora, o projeto deve ser apreciado pela Comissão de Finanças. Segundo o presidente desta comissão, vereador Maurício Gurgel (PHS), o processo ainda não chegou às suas mãos.
Com informações: Novo Jornal