Falência da Riograndense: Usuários criticam falta de solução para linhas extintas

Quase um mês após a empresa Viação Riograndense decretar falência e suspender a operação das linhas 03 (Nova Natal/Campus), 03A (Nova Natal/Viaduto de Ponta Negra), 28 (Nova Natal/Hemonorte) e 45 (Brasília Teimosa/Campus), a situação para os moradores do conjunto Nova Natal e loteamentos continua complicada. A empresa, que possuía 12 ônibus, atendia além de Nova Natal, os loteamentos Jose Sarney, Boa Esperança, Câmara Cascudo e Cidade Praia e deixou de operar no dia 12 de julho.
Após o fim das linhas, os moradores chegam a esperar mais de uma hora, em horários de pico, por um ônibus, já que apenas as linhas 10 e 64, que fazem o percurso Nova Natal/Centro, são as únicas que estão passando pelo conjunto. Como a demanda aumentou, os ônibus muitas vezes passam lotados e não param nos pontos de ônibus, deixando os usuários desassistidos. Quem precisa se deslocar de Nova Natal para a zona Sul, por exemplo, tem que pegar um dos ônibus que passam no conjunto (10 ou 64), descer em outro ponto e, então, pegar outro ônibus até o seu destino final. Para que ele possa utilizar a integração e não precise pagar uma nova passagem, o usuário tem que concluir esse percurso em, no máximo, uma hora. O que na maioria das vezes não é possível.
Paulo Roberto Fonseca trabalha em Capim Macio no período da tarde. Ele conta que para ir trabalhar a situação não é muito complicada, já que ele não sai em horário de pico. No entanto, no retorno para casa a situação complica. Ele sai do trabalho às 22h, pega um ônibus com destino ao Alecrim e chega em casa por volta da meia-noite. “No sábado passado, cheguei em casa de uma hora da madrugada, pois no final de semana a frota de ônibus é menor. Já faz quase um mês e nada foi feito para resolver o problema.
Aumentaram a passagem e os passageiros daqui continuam sendo penalizados pelo ‘falecimento’ da empresa”, desabafou. Paulo disse que alguns moradores estudam a possibilidade de interditar o viaduto da Avenida das Fronteiras como forma de protesto.
O panificador Márcio da Silva Cavalcanti encontrou uma alternativa para a demora do ônibus. Ele trabalha na avenida Bernardo Vieira e precisava pegar o ônibus 03. Já que os ônibus 10 e 64 passam lotados, ele prefere caminhar cerca de 20 minutos até a avenida Boa Sorte, no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, para pegar o 07 ou o 68. “Quando chego nessa parada, os ônibus já passam lotados e muitos não param. Quando pegamos, pela demora, terminamos perdendo a integração. A situação está crítica para quem mora aqui”, disse.
A pensionista Elizama Soares de Oliveira, pelo menos três vezes por semana, precisa ir a zona Sul. Ela conta que prefere esperar os ônibus, apesar da demora, pois, segundo ela, o caminho até a avenida Boa Sorte é perigoso. Outro agravante é que ela não dispõe do cartão NatalCard, o que faz com que ela tenha que pagar duas passagens para chegar a zona Sul de Natal. “A minha situação é bem complicada. Ou pago duas passagens para ir e mais duas para voltar, ou me arrisco para pegar um ônibus só, correndo risco de ser assaltada”, relatou a pensionista.
Para a estudante universitária Anne Caroline Braz, a situação é ainda mais complicada. Pois, para chegar ao campus da UFRN, ela tem que pegar três ônibus. Portanto, mesmo com a integração, termina pagando duas passagens, pelo menos. Como ela estuda à noite, a universitária conta que está dormindo na casa de sua avó, em Ponta Negra. “A situação está complicada para todos nós. Como estudo à noite não tenho como vir pra casa, pois os ônibus já passam lotados com o pessoal das escolas, das universidades e do trabalho”, explicou a universitária.
Até mesmo para que não dependia das linhas que foram paralisadas a situação se complicou. Isto porque, como a demanda das linhas 10 e 64 aumentou, o horário dos ônibus ficou desregulado. Além disso, quando eles passam, não param nos pontos, pois já chegam lotados, sem condições de levar mais passageiros. A professora Glaucineide Gomes tem sofrido com isso. Ela trabalha no conjunto Santa Catarina e pode pegar qualquer um dos ônibus que passa em Nova Natal, mas com a extinção de duas linhas a demora pelos ônibus aumentou. “Temos que sair de casa bem mais cedo se quisermos chegar aos compromissos no horário. A situação está caótica e ninguém toma uma providência”, afirmou.
O secretário adjunto de Mobilidade Urbana de Natal, Haroldo Maia, explicou que enquanto não formalizar a extinção da empresa Riograndense, e consequentemente, das linhas 03, 28 e 45, não será possível tomar nenhuma providencia definitiva. Não há previsão de quando esse processo será concluído, mas enquanto isso, a Semob pediu que a empresa Guanabara, que opera as linhas 10 e 64, Nova Natal/Ribeira, aumentasse a sua frota.  Nos primeiros dias, a Semob também disponibilizou um circular para levar os passageiros até o terminal de integração em Soledade, mas os motoristas da Riograndense não permitiram que os ônibus trafegassem.

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