Mossoró: Falta de infraestrutura nas ruas e transportes clandestinos comprometem o sistema de ônibus

Atualmente circulam em Mossoró 34 ônibus, distribuídos em 12 linhas, serviço esse oferecido por duas empresas. A cidade possui um dos piores sistemas de transporte de passageiros, quando é feito o comparativo com outros municípios de porte equivalentes do interior nordestino, ficando atrás de cidades como Campina Grande, na Paraíba; Caruaru e Petrolina, no Pernambuco; além de Juazeiro do Norte, no Ceará. Os grupos que atuam em Mossoró afirmam que inúmeras dificuldades comprometem a qualidade e a eficácia na prestação do serviço.

De acordo com o engenheiro de manutenção da empresa Cidade do Sol, Márcio Viliam, entre os principais obstáculos enfrentados pelas empresas está o alto número de transportes clandestinos e falta de infraestrutura nas vias de acesso a determinados bairros do município.

“A falta de fiscalização referente aos taxistas é um grande problema. Hoje existem cerca de 10 táxis para cada ônibus, veículos que estão sempre perto das linhas dos coletivos. Além disso, ainda há a questão da gratuidade para os idosos, e a meia-passagem para os estudantes, que formam a maior demanda dos ônibus. Só para se ter uma ideia, 30% dos passageiros da nossa empresa possuem o direito à gratuidade”, diz Márcio Viliam.

Quanto à deficiência da vias de acesso, o engenheiro relata que em bairros como o Liberdade e o Sumaré, a inexistência de calçamento prejudica os automóveis, uma vez que compromete itens como os pneus dos veículos. “Além disso, perdemos tempo, gastamos mais combustível, é um problema sério”, conta.

O engenheiro revela ainda que não existe interesse da empresa em ampliar a quantidade de linhas na cidade. “Enquanto não houver melhores condições para desenvolvermos o nosso trabalho, não colocaremos mais carros em circulação”, sintetiza.

Enquanto isso, quem sofre são os usuários, que lamentam a falta de qualidade dos serviços prestados. É o caso da aposentada Marinete Freire, que mora no conjunto Vingt Rosado e precisa se deslocar quase que diariamente ao centro da cidade. “A gente tem que esperar muito tempo na parada, e quando os ônibus chegam ainda somos mal atendidos, é um absurdo”, pontua.

A estudante Jainny Kelly também reclama do sistema de transporte coletivo de Mossoró. Ela conta que os problemas começam na própria estrutura dos veículos, que, na visão dela, estão sucateados. “Os ônibus são péssimos. E ainda tem a questão da superlotação. Muitas vezes o espaço fica lotado, aumentando o calor no ambiente, tornando os carros locais infernais”, conclui a discente.

Melhorias previstas no Plano de Mobilidade Urbana ainda não começaram a ser sentidas pela população: Sancionado pelo Poder Executivo municipal em 18 de novembro de 2011, o Plano de Mobilidade Urbana de Mossoró (PMUM) ainda não começou a surtir os efeitos esperados pela população. A medida, que prevê uma série de ações para solucionar os inúmeros problemas constatados no transporte público no município, especialmente no setor de transporte coletivo, ainda não saiu efetivamente do papel.

O Plano foi elaborado com base em trabalho científico da empresa Start Pesquisa Consultoria Técnica Ltda., que formatou as mudanças a partir de pesquisa de opinião pública popular, consultas à Gerência Executiva de Trânsito (Getran) e em audiências públicas.

O PMUM estabelece como um dos seus principais pontos a ampliação do sistema de ônibus da cidade, que deverá ser composto por diversas linhas funcionando de forma integrada, ou seja, permitindo que os usuários utilizem mais de uma linha, com pagamento de apenas uma fatura. No entanto, não há previsão concreta de quando esse trabalho será executado.

Uma das ações previstas no PMUM é a realização de licitações destinadas à operação dos serviços de transporte coletivo urbano, onde a concessão seria realizada pelo município. A primeira licitação nesse sentido até foi lançada, em março deste ano, mas nenhuma empresa participou do processo.

“Pela primeira vez um edital que previa a concessão de novas linhas de ônibus através de licitação foi apresentado, mas, apesar de algumas empresas demonstrarem interesse, não houve apresentação de propostas. Estamos fazendo uma avaliação desse edital, verificando os pontos fracos, para compreender o porquê de o edital ter ficado deserto”, explica o titular da Getran, Jaime Balderrama.

Segundo o gerente, alguns fatores podem ter contribuído para o insucesso da abertura do processo licitatório, dentre eles, a exigência de itens considerados importantes para os veículos de transporte coletivo.

“Cada empresa deve ter tido o seu motivo, mas acreditamos que, possivelmente, devido à exigência de ar-condicionado nos ônibus, os empresários não tenham achado atrativo o edital, uma vez que esse ponto poderia encarecer as passagens. Por isso, estamos estudando se o edital será modificado, com a retirada de alguns itens, ou se será lançado novamente com o mesmo formato”, destaca.

Dessa forma, a intenção do Plano de tornar mais eficiente o sistema de transporte público, reduzindo, por exemplo, a frequência média entre as viagens, que hoje é de 25 minutos, para 14 minutos, está distante. “O Plano prevê ações a curto, médio e longo prazo. Nossa intenção é incentivar o uso dos coletivos, combatendo os clandestinos”, acrescenta Balderrama.

Fonte: O Mossoroense

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