Especial UNIBUS RN: Divulgadas fotos de ônibus apedrejados; Nastagnan concede entrevista ao Unibus RN

Divulgadas imagens e vídeo de ônibus depredados na Grande Natal

O UNIBUS RN teve acesso exclusivo às imagens de um ônibus da empresa Viação Campos, operadora de linhas da região metropolitana de Natal, que foi depredado na última segunda-feira, quando, mesmo com a greve, saia da garagem da empresa para transportar usuários. A direção da empresa Campos atribuiu aos sindicalistas – que estavam na porta da empresa, impedindo a saída dos veículos – o ato de vandalismo.

Estima-se que o prejuízo com o ajuste do veículo danificado chegue a R$ 600,00. Pela característica do veículo, o vidro deve ter sido deteriorado por uma pedra pontiaguda.




Também foi divulgado na última terça (15) em um site de compartilhamento de vídeos, o registro de um ônibus da empresa Cidade das Dunas que teve parte do para-brisa atingido nas mesmas situações do ônibus da empresa Campos. A empresa também atribuiu a sindicalistas o ato de vandalismo e as ameaças ao motorista do veículo.

Além deste ônibus mostrado no vídeo, na segunda-feira (14) – primeiro dia de greve -, todos os carros da empresa Cidade das Dunas foram às ruas para operar a linha Ceará-Mirim/Natal, porém houve a ameaça do apedrejamento dos ônibus em frente à sede da empresa Guanabara (localizada na estrada de Ceará-Mirim), onde ocorre a maior concentração de sindicalistas. Devido o temor de possíveis novos atos de vandalismos e pressão dos rodoviários, os ônibus da Cidade das Dunas não tiveram condições de voltar para a garagem da empresa, no bairro de Cidade da Esperança, e foram acolhidos na garagem da Guanabara, onde ainda permanecem.


Nastagnan concede entrevista exclusiva ao UNIBUS RN

Após três dias sem ser encontrado pela nossa equipe, o UNIBUS RN enfim localizou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do RN (SINTRO). Em entrevista exclusiva, Nastagnan Batista fala sobre a maior greve dos últimos anos no transporte natalense.

Confira, abaixo, a entrevista concedida ao editor-chefe do UNIBUS RN, Andreivny Ferreira:

UNIBUS RN: Qual é a avaliação do SINTRO sobre a atual greve?
NASTAGNAN BATISTA: A greve começou na segunda-feira com a esperança de que, naquele dia, pudéssemos fechar o impasse com a classe patronal e ficar o mínimo possível em greve. Mas, infelizmente, não foi possível. O SETURN manteve a proposta de 4,88%, repondo somente a inflação. Então, a categoria, que só vem recebendo há dois anos, aumentos que repõem a inflação, também já insatisfeita pelo não cumprimento da data-base no ano passado, ficou muito revoltada pelo fato de não ter reajuste real nesse período e tá brigando pelo reajuste neste ano.

Essa revolta da classe rodoviária é o que faz com que a Lei de Greve [que prevê 30% do serviço funcionando] não seja cumprida?
Exato. Por tudo que está acontecendo com a categoria. Principalmente por conta da negociação salarial. Se os empresários insistem em recorrer da decisão do tribunal sobre o vale-alimentação que conquistamos, porque se falar em cumprir lei? O tribunal julgou e o SETURN, dentro da legalidade, o que entendemos, tenta uma forma de não pagar esse benefício aos trabalhadores. Ou seja, vai ter recurso em Brasília e uma ação demora até 4 anos para ser julgada. Então, para a categoria, a data-base e o vale-alimentação unificado ainda não foram recebidos. E queremos o cumprimento dessas medidas.

Mas, há alguma perspectiva de a categoria, orientada pelo SINTRO, cumprir a Lei de Greve ou os 70% determinados pelo TRT?
Nós fizemos a proposta para a categoria de suspensão da greve em assembleia. Fomos ao limite fazendo essa discussão para voltarmos ao trabalho. Mas, se voltarmos ao trabalho, os patrões continuarão a negociar? Se for como em 2011, não! No ano passado, suspendemos uma greve no TRT e os patrões não quiseram negociar mais.

Então, a decisão judicial não será cumprida?
Não. No momento, não há perspectiva, até porque hoje (ontem), fizemos assembleias nas garagens e os trabalhadores rejeitaram a suspensão da greve.

Sobre as medidas do TRT de bloquear as contas do sindicato e um possível pedido de prisão do senhor, qual será o posicionamento do SINTRO?
Nosso setor jurídico está resolvendo essa questão. Mas, entendo que há questão judicial e política. Enquanto o advogado entende da área jurídica, entendo da área política. E isso está se tornando uma política. Entendo que nessa política, quando o TRT e o Ministério Público mandam bloquear a conta de uma entidade e manda prender um dirigente sindical, se tem um retrocesso do diálogo. E olhe que estamos numa democracia. A ditadura acabou em 1985! E parece a ditadura: saber que posso ser preso por defender direitos de uma classe trabalhadora não cabe mais nesse país. Entendo que a Justiça do Trabalho não vai conceder uma medida dessas. Tenho certeza que não.

Em entrevista ao UNIBUS RN, o diretor de comunicação do SETURN, Augusto Maranhão, atribuiu os atos de vandalismo dos dias anteriores de greve a diretoria do sindicato (Leia a matéria AQUI). O que o senhor tem a dizer sobre isso?
O Augusto tá fazendo acusações levianas, sem provas. A direção do sindicato não tem esse tipo de práticas, não temos esse perfil. Não orientamos ninguém a fazer isso. De forma nenhuma. Essas acusações só fazem com que o retorno ao trabalho seja adiado cada vez mais. Quando ele chama o rodoviário de “vândalo” ou de “bandido”, ele incita a categoria a não querer trabalhar. Quando ele vai pra imprensa insinuando que eu recebo propina, dizendo que tenho um esquema semelhante ao da [Carla] Ubarana, a sociedade tá pagando pra manter o trabalho de uma pessoa irresponsável e que usa a imprensa pra falar esse tipo de besteira. Ele tá fazendo acusações sem provas, o que não pode. Num país que quer ser de primeiro mundo, uma greve com essas características não poderia acontecer: era pra estarmos discutindo salário e dignas condições de trabalho para a categoria. Não temos plano de saúde, não temos uma cesta básica de vergonha – dão R$ 150, o que não dá para o mês todo.

Se o SINTRO não é o responsável pelos ataques, quem é o responsável (ou os responsáveis) pelos atos de vandalismo?
[Longa pausa] Não tenho ideia. Talvez seja o usuário com raiva, revoltado. Possa até ser algum dos rodoviários – se for, não é com orientação do sindicato. Nem recomendo a categoria pra fazer isso.

Hoje, a grande reclamação das redes sociais em Natal é sobre o movimento grevista de vocês e a forma como a paralisação está sendo feita. Muitos defendem a prática da “catraca livre”, como houve em Manaus recentemente. Seguramente, essa prática deixaria a população do lado dos rodoviários. Por que o SINTRO não utilizou essa forma de protesto?
Isso foi criado em cidades como Belém e Manaus. O que ocorre é que os empresários usam da pior forma para combater esse tipo de protesto: a demissão por justa causa. E não temos como reverter o prejuízo. Temos trabalhadores com 20 anos no setor que, se forem demitidos, perderão os direitos. O SINTRO não teria condições de ressarcir esse prejuízo aos companheiros. Não fazemos justamente por isso. Se fizermos, dará o direito de as empresas demitirem os trabalhadores por justa causa.

Essa greve está afetando bastante a população. São 400 mil prejudicados todos os dias. O que o senhor, como presidente do SINTRO, tem a dizer a população sobre o transtorno causado por essa greve?
Em nome do sindicato, pedimos desculpas a sociedade e ao usuário do sistema do transporte. Mas, dizemos a sociedade que hoje a situação é tão ruim a ponto de pagarmos pra trabalhar. Nós pagamos um pneu furado. Pagamos se batermos. Pagamos se formos assaltados. Nós pagamos até a habilitação – são R$ 200 todo o ano. Nós pagamos tudo no sistema. Tem motorista que, com os descontos, só recebe R$ 500. É um absurdo isso. Se fosse uma função que não pagássemos, tudo bem. Mas, no ônibus, nós pagamos. Numa batida, pagamos até o conserto do outro veículo. Essa é uma categoria explorada ao extremo!



Ônibus voltam a circular

Os ônibus voltaram às ruas na manhã de hoje. Os veículos que estão circulando fazem parte da Frota de Emergência.

Mais informações na 2ª Edição do Especial UNIBUS RN de hoje, programado para às 19H.

1 comentário em “Especial UNIBUS RN: Divulgadas fotos de ônibus apedrejados; Nastagnan concede entrevista ao Unibus RN”

  1. É lamentavel, que uma cidade tão bela está passando por isso. onde uma greve de 100% de frota parada, tornou a cidade, um verdadeiro deserto, nesses ultimos dias.pois com tudo isso quando a greve terminar difinitivamente,quem pagará por isso é a populção com o aumento de passagem 2,20 pra 2,30 deus sabe lá quanto irá ficar a passagem depois dessa greve.

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