Garagem.com: Muito mais complicado que uma terceira porta – Parte III



Finalizo nesta atualização as questões que venho expondo referentes ao fluxo de embarque e desembarque e mudança na posição da porta de saída nos ônibus de Natal e região metropolitana. Como coloquei na atualização da semana, tratarei hoje do que considero como casos específicos, e inicio, justamente, pela região metropolitana de Natal. Faço ainda menção à chegada e evolução dos ônibus com três portas que operam na RMN.


Não houve uma definição explícita da mudança na posição da porta nas empresas que operam linhas metropolitanas. A região metropolitana, por si só, foi pioneira no desembarque pelo meio, devido à criação do Consórcio Zona Sul – bem como as renovações de frota das empresas que operam na região de Nova Parnamirim, seguiram o mesmo contexto.

A empresa Expresso Oceano foi a primeira a adquirir os ‘micrões’ na RMN (Região Metropolitana de Natal), mas seguiu o ideal da empresa Conceição, com os carros com saída pela traseira. Em 2008, com a compra dos primeiros Foz Super, a Guanabara adquiriu também uma unidade do modelo para a Oceano; foi o carro 586. A partir dele, as renovações com ônibus zero KM da Oceano passaram a seguir o padrão utilizado em Natal.



 

Em 2009 foi à vez da empresa Trampolim da Vitória. No inicio daquele ano, a empresa fazia a renovação como cinco unidades do modelo Apache VIP II (na ocasião, foi uma das primeiras empresas do nordeste a comprar o modelo, então recém-lançado). Apenas um dos veículos (201) veio com elevador para deficientes físicos. Sua configuração foi trabalhada diferente dos demais; a porta foi trazida para o meio do ônibus, e o veículo tem tamanho padrão (os demais são alongados).


Já a Parnamirim Field foi uma das duas empresas metropolitanas que nunca optou pela saída pelo meio do ônibus com carros zero KM. Criada em 2009, após uma desfiliação da sociedade da Trampolim da Vitória, a Field teve sua frota originada da Trampolim. Foram relocados para a Field, diversos Neobus Mega da Trampolim – estes, carros com configuração MB OF 1418, tamanho padrão; porém, curtos. Foram relocados também três ônibus de grande porte; Apache VIP I, que a Trampolim havia comprado seminovos da empresa Verdun, do Rio de Janeiro. Estes já foram, inclusive, desativados da frota da Field; e renovados com veículos de três portas. A primeira compra de ônibus da Field, porém, foi de micrões, já em 2011 – com elevador e saída pela traseira. Na época, a empresa ainda não tinha autorização para circular com o nome oficial, e os veículos foram comprados com o nome ‘TRAMPOLIM’.

 

Ainda em 2009, ocasionalmente, a Trampolim teve parte de suas ações vendidas a empresas pernambucanas. Uma das compradoras, a Itamaracá, remanejou alguns de seus ônibus três portas para a empresa parnamirinense; a porta do meio (usada em Pernambuco devido o sistema integrado) foi desativada.


As empresas Campos e Barros também nunca optaram pela mudança na posição das portas – na Campos, inclusive, o embarque acontece pela porta traseira, tornando impossível a retirada de tal porta. As compras das empresas com ônibus com elevador para deficientes físicos, já foram com veículos três portas.

 

Uma situação, no mínimo, interessante, destaca-se nos ônibus de três eixos de Natal. A empresa Reunidas já tinha um histórico de veículos nesta configuração (o grupo proprietário investe bastante em ônibus deste tipo em João Pessoa – PB, onde é responsável por empresas de ônibus; e trouxe a cultura também para Natal). Eram, até 2008, quatro ônibus trucados, comprados em meados de 2001 e 2003 – naquela época, logicamente, o fluxo era de entrada pela porta da frente, e saída pela traseira. Ao final do ano de 2008, a Reunidas fez uma nova aquisição de ônibus três eixos já na configuração de saída pelo meio. Foram três veículos e a experiência se mostrou a pior possível; Um ônibus de longo porte, que acomodaria ainda mais usuários, não conseguira acomodar toda a quantidade de usuários que poderia suportar; Isso porque, com a porta de saída praticamente colada com a porta de entrada, a lotação se concentrava na região frontal do ônibus e a traseira ficava vazia. A Reunidas optou por reformar os veículos, mudando o local da porta de saída, afastando-as para o meio (de fato) do ônibus. Posteriormente, os veículos foram novamente reformados e receberam a terceira porta – já após o início da utilização das três portas no sistema natalense.

 

A Guanabara seguiu os passos da Reunidas, e também comprou ônibus trucados em configurações idênticas aos da Reunidas – inclusive na época, os veículos da Guanabara chamaram mais atenção na sociedade, do que os da Reunidas. O problema também se repetiu na Guanabara. Já em 2010, falava-se na abertura da terceira porta nesses veículos, e colocação de um elevador para deficientes físicos na porta do meio. Posteriormente, os ônibus foram reformados, mas tiveram a porta de saída transferida para o final do veículo. A reforma aconteceu na própria representante da Marcopolo, em Pernambuco, mas, a nível estético, não ficou das melhores: A manutenção retirou a penúltima janela do lado do corredor, e a trocou de lugar com o espaço da porta, no meio do veículo. O resultado foi o espaço entre uma janela e outra onde era a porta originalmente que ficou grande, gerando uma péssima sensação estética.

 

Voltando as referências temporais, em 2009, as empresas urbanas de Natal fizeram duas grandes compras em conjunto. Os veículos tinham configurações idênticas – modificando apenas a pintura ou, em alguns casos, pequenas modificações no tamanho do ônibus e até do modelo. A configuração serviu de base para as demais renovações de algumas das empresas.

 

Foi também em 2009 que tivemos a primeira experiência com ônibus três portas. A Concessionária Via Diesel, representante da Volkswagen Ônibus e Caminhões em Natal, apresentou um ônibus de test drive do então recém-lançado chassi 17-230 V-Tronic, da Volks. O ônibus passou pelas empresas Conceição, Guanabara, Cidade das Dunas e Trampolim da Vitória. Após o teste feito pelas empresas potencialmente interessadas, a Cidade das Dunas adquiriu o veículo.


Em 2010, a configuração de ônibus com três portas dava novos passos. Em parceria, as empresas Reunidas, Via Sul e Cidade do Natal compraram cerca de 10 novos ônibus, trucados, numa mesma configuração. Pelo trágico histórico da própria Reunidas (e da Guanabara) com os trucados com porta de saída no meio, a opção foi pela configuração de três portas. O elevador veio na porta do meio do ônibus.

 

A renovação foi um avanço em parte. Isso porque, já em 2011, Cidade do Natal e Santa Maria (empresa do mesmo grupo da Reunidas) voltaram renovar a frota com ônibus comuns (dois eixos) e com a configuração de portas com a saída no meio.


Como um paradoxo, em 2011 tivemos a implantação dos ônibus articulados; novamente ônibus com três portas. Além deles, na região metropolitana, Cidade das Dunas e Trampolim da Vitória colocaram em operação seus novos ônibus, também com três portas. No ano, as três portas tiveram seus reais primeiros passos – até então, a situação estava um tanto quanto perdida. A porta do meio foi direcionada apenas para embarque e desembarque de deficientes físicos, pelo elevador.

 

As três portas chegaram, oficialmente em Natal, no inicio de 2012, com a compra dos 60 ônibus novos da empresa Guanabara. Manteve-se o ideal da porta no meio exclusiva para deficientes físicos. Seguidamente, quem também renovou com as alterações, foram às empresas Reunidas e Santa Maria.

 

E agora, em meio toda essa ‘salada’, vamos ver como irão se direcionar as questões do fluxo de embarque e desembarque com a licitação; uma vez que a prefeitura promete o ‘ajuste’ do sistema e essa questão é consideravelmente uma falha, será que haverão modificações quanto a isso? A conferir!

Thiago Martins

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