Fomos surpreendidos esta semana com a ‘intervenção’ havida na empresa Viação Jardinense. Destaque em toda a mídia local, quatro ônibus da empresa foram impedidos de circular por não apresentarem estrutura. Além disso, houve um informe de que todos os ônibus que circulam pelas estradas onde a Jardinense opera, fossem parados e vistoriados pela Polícia Rodoviária Estadual. Logicamente, aqueles que não apresentassem estrutura, também deveriam ser apreendidos.
Há muito tempo o Unibus RN bate nessa tecla através de matérias de própria autoria, reprodução ou textos assinados. Não só nesse portal, mas a verdadeira questão que assola o transporte rodoviário do estado é tema de intensas discussões entre especialistas de ônibus do Estado e, principalmente, nas afetadas empresas de ônibus. Se a Jardinense e tantas outras empresas hoje prestam um serviço dificultoso – automaticamente sentido pelos usuários – logicamente há uma razão: falência do órgão gestor. O problema da má prestação de serviço não é isolado na Jardinense; afeta todas as atuais empresas de transporte rodoviário do Estado, sem fazer qualquer referência as que já faliram. O que se entende socialmente é que as empresas são ‘vilãs’ por prestarem um serviço de má qualidade; mas como ter qualidade se não há fiscalização, e os concorrentes – leiam-se clandestinos – não são inibidos. Uma vez que os clandestinos não têm permissão para transportar passageiros, isso constitui, pelo menos, exercício ilegal da profissão. Ou se legaliza e se estrutura os sistemas, ou inibe!
A intervenção havida foi extremamente errônea e não adiantará em absolutamente nada. A melhoria na frota não depende só da Jardinense. Aliás, a menor parte de toda e qualquer melhoria no sistema rodoviário depende da Jardinense e das demais empresas. Se, atualmente, há empresas em condições um pouco melhores – como Alves e Cabral – é por pura questão de sorte. A falta de ação do órgão gestor está corroendo cada vez mais o sistema, e não há de haver intervenção e nem mesmo licitação alguma que consiga por ordem na situação, enquanto não houver um ajuste na estrutura do sistema a começar de agora. O sistema rodoviário do Rio Grande do Norte está sim sem qualidade, e o ajuste – quem sabe até intervenção – deve ser relacionada ao órgão gestor. Este demonstra até mesmo ser conivente com a concorrência desleal vivida pelas empresas.
Nem mesmo a burocracia é um problema neste caso. Se o órgão gestor demonstra não ter condições, que venha a própria Polícia Rodoviária Estadual – atenta, a partir de agora, nos ônibus – para atentar e coibir os clandestinos nas estradas. As intervenções nas empresas são verdadeiros venenos que levarão a falência total do sistema rodoviário, atrelado a um problema que não quis ser observado. A arma foi apontada a um inocente – as empresas. E lá vamos nós remediar ao invés de prevenir. Que a intervenção chegue ao órgão gestor, e se complete o que pode ser o ajuste do sistema rodoviário. Intervir só empresa, não adianta em nada!