O Vitória, modelo de ônibus lançado pela Caio, consagrou-se em todo o país. Poucas empresas não tiveram o modelo que, ao longo da história, tornou-se uma verdadeira marca do transporte coletivo na década de 90. Entre as empresas da Região Metropolitana de Natal, das que já existiam quando lançado o Vitória, sabe-se que apenas a empresa Riograndense não o teve. A maior quantidade dos veículos chegaram a Natal no ano de 1995 e alguns perduraram até algumas semanas no sistema metropolitano. O último a se aposentar, carro 192 da empresa Viação Campos, foi substituído por um modelo Apache VIP II, e encerrou a ‘geração Vitória’ do transporte natalense, geração que está no Especial UNIBUS RN de hoje!
Projetado a partir de 1987 e lançado oficialmente em 1988, com o intuito de acompanhar as inovações do mercado de carrocerias de ônibus e não permitir que os produtos da Caio ficassem defasados neste mesmo mercado, o Vitória veio como reposta da empresa às constantes ameaças de diminuição de sua participação e até mesmo da perda da liderança no setor de ônibus urbanos consolidada pela sequencia de modelos Bela Vista, Gabriela e Amélia.
Mais uma vez, a exemplo do lançamento do Gabriela, a Caio proporcionava ao setor de produção de ônibus urbanos, a incorporação de novas tendências, seguidas posteriormente por outras encarroçadoras. Havia modelos nos quais as concorrentes nem se preocupavam em disfarçar o fato de que o veículo foi inspirado no Vitória. Para começar, o modelo não poderia ser considerado como mera evolução do seu antecessor, o Caio Amélia. Apesar da estrutura fabril semelhante, as linhas eram mais modernas, com soluções diferentes.
O modelo conseguiu o êxito de um verdadeiro vitorioso. O Vitória foi um dos modelos mais vendidos da história, mesmo sendo contemporâneo a uma época de retenção de investimentos por parte das empresas de ônibus, que como outros setores da economia, viam sua capacidade de crescimento comprometida pela alta inflação.
Os custos das empresas aumentavam diariamente, mas os lucros não, além de haver uma evasão de passageiros e deteriorização dos salários dos funcionários das empresas de transportes, assim como de trabalhadores de outros ramos. Mesmo com toda a retenção de investimentos, o Vitória conseguiu se destacar pelo seu número expressivo de vendas.
Trecho: Ônibus Brasil
De acordo com a FABUS, entidade que reúne as fabricantes de ônibus, foram produzidas 28 mil carrocerias Vitória entre 1988 e 1995. Não é possível ter um número exato sobre quantos vieram para a região metropolitana de Natal, mas foi um número significante. O Vitória fez parte de quase todas as empresas do sistema urbano e metropolitano do Rio Grande do Norte. O padrão dos veículos foi seguido por todas as empresas que o adquiriram. Apenas Nossa Senhora da Conceição e Cidade do Sol optaram por chassis diferentes – Volkswagen 16-180 CO e Ford B-1618, respectivamente. Os demais, todos foram adquiridos em chassis Mercedes-Benz, principalmente o OF-1620 – configuração que mais perdurou em operação.
A maior empresa de ônibus do estado, Transportes Guanabara, aposentou suas últimas unidades em 2007. Eram veículos do ano de 1995 com algumas particularidades dos demais; máscaras pretas nos faróis frontais e chapa lisa (contendo o número do veículo superior à grade do motor) que marcaram os veículos. Além disso, foi o primeiro modelo a vir de fábrica com a então nova pintura da Guanabara – utilizada entre 1995 e 2011. Antes da aposentadoria, os veículos fixaram-se nas linhas do Vale Dourado e Circular UFRN.
Comprados inicialmente na extinta Viação Cidade do Sol, os Vitória de lá foram adquiridos com motor Ford B-1618. A compra de uma grande quantidade do veículo foi uma das últimas pela Cidade do Sol, antes de a empresa ser vendida ao Grupo A. Cândido (tornando-a Santa Maria), para onde, posteriormente, os veículos foram repassados. Um boato no mínimo curioso e interessante que circula entre especialistas de ônibus do estado, é que, ao comprar a Cidade do Sol, os novos proprietários deram prioridade na reforma dos Vitória. Eles foram os primeiros a receber o nome da nova empresa: Santa Maria. A ordem dada à manutenção da empresa, foi que, durante a reforma, fossem retirados todos os emblemas com o nome ‘Ford’ do veículo – que vinham de fábrica na grade frontal, traseira e parte interna. A exclusão da mostra da ‘Ford’ nos ônibus teria se dado pelo fato de a nova empresa ser agrupada a concessionária Mercedes-Benz em Natal, e seu novo proprietário não querer demonstrar ter veículos de outras marcas na frota, nem poder se desfazer dos ônibus por serem novos.
Os veículos fizeram parte da frota da Santa Maria até o ano de 2005. Antes de serem aposentados, fixaram-se nas linhas de Nova Descoberta (47 e 48) e no Circular UFRN. Na Santa Maria, eles fizeram parte de uma restrita quantidade de veículos que tinham as janelas do posto do cobrador pintadas – em verde, cor que predominava a pintura da empresa na época, herdada ainda da Cidade do Sol. Ao longo da história das empresas urbanas de Natal, elas se consagraram por utilizar este método para inibir a passagem de sol para o cobrador.
A extinta empresa Transportes Pirangy também teve o Vitória. Empresa ‘nascida’ da Guanabara, não há registro de qual motorização tinham os veículos, mas o extremo tom de amarelo utilizado na pintura da empresa fazia os veículos – de toda sua frota – chamarem grande atenção.
Outra empresa originada na Guanabara, a Transportes Conceição teve unidades do Vitória operando em sua frota até o ano de 2007, aproximadamente. Como já colocado, tanto os Vitória da Cidade do Sol quanto os da Conceição tiveram configurações de chassis diferentes. Na Conceição, predominou o Volkswagen 16-180 CO.
Uma das empresas que ficou marcada pela utilização do Vitória na sua frota foi a Via Sul. Os últimos veículos adquiridos pela empresa (na configuração padrão também das demais empresas urbanas), adquiridos em 1995, aposentaram-se em 2009. Quando comprados, a logomarca utilizada na empresa ainda era da ‘Trans Flor’ (razão social da empresa). Quando ‘repaginada’, em 1999, todos os veículos da frota foram reformados e ganharam a pintura da ‘Via Sul’, nome fantasia que passou a vigorar na frota. Entre 1999 (ano em que a marca passou a se chamar Via Sul) e 2005 (ano em que a empresa iniciou a aposentadoria dos primeiros Vitória), rodaram, em média, 40 ônibus do modelo na empresa.
Criada no final da década de 90 pela Guanabara para operar linhas metropolitanas, o primeiro modelo acoplado à frota da empresa Expresso Oceano foi o Vitória. Ele perdurou na frota da empresa até 2010. Um dos carros foi, inclusive, reformado, e recebeu a pintura em cor predominante branca que a Oceano passou a utilizar em 2007.
Filho único de mãe solteira. Assim podemos definir o único Vitória da empresa Campos, também operadora de linhas na região metropolitana de Natal. De acordo com os próprios funcionários da empresa, o veículo era um dos mais queridos do fundador da empresa, Manoel Campos. A pretensão era manter o veículo na frota, porém a necessidade de renovação praticamente obrigou a Campos a aposentá-lo. O 192 foi o último Vitória a se aposentar na Região Metropolitana de Natal, e trocado também por um Caio, o Apache VIP II de numeração 213, atualmente o veículo mais moderno de nossa frota.
E assim, o Vitória, com sua história marcante, referência do transporte coletivo no Brasil e até a peculiar traseira que parece simbolizar alegria, vai deixando nossas ruas. O futuro pede passagem e os avanços se fazem necessários. Por mais que os Vitória de nossa frota tenham sido só mais uns, todos marcaram a ‘geração Vitória’ no Rio Grande do Norte.
Por Thiago Martins
Magnifica postagem, realmente esse marcou o Unibus RN, não sei pro outros, mas pra mim. Em especial pelo o simples fato das reliquias da empresa Transportes Guanabara, busão com o início do prefio 95XXX muito show. Agora viajei no tempo e muito, vendo também esses outros vitórias como os da empresa Conceição e Santa Maria.
PARABÉNS Õ/