Corujão: Sem ônibus, o jeito é voltar de carona

A turismóloga natalense Marília Gonçalves, 22 anos, gosta muito de sair à noite. Baladeira, ela frequenta boates e pubs com música alternativa e vê a Ribeira como um polo de efervescência cultural da capital. O problema é que, sem carro e morando no Bairro Latino, em Candelária, nem sempre pode ir às festas que quer, a não ser que tenha carona para voltar para casa. Ela reclama da falta de ônibus circulando a noite inteira em Natal. O sistema corujão, utilizado no transporte urbano da capital, funciona com reduzido número de linhas e cada ônibus nos trechos contemplados circulam de hora em hora. Ruim também para quem trabalha em Ponta Negra à noite e mora na Zona Norte, por exemplo.

No caso de Marília, ela conta que não deixa de se divertir em Natal. “O máximo que dá para ir a pé seriam as opções aqui próximas, em Candelária. Com a sorte de não ser assaltada no caminho, dá pra voltar para casa a pé. Só que gosto muito da Ribeira, e vou pra qualquer lugarsem problemas porque até determinado horário tem ônibus circulando. O problema é a volta”, diz. “Esperar um corujão em frente ao Teatro Alberto Maranhão, por exemplo, é perigoso”.

A jovem conta que a família tem carro, mas fica no interior, em Tangará. Ela mora em Natal com duas amigas. Quando não sai, reúne os amigos no apartamento. “Morei um período em Capim Macio, onde pegava o ônibus no Conjunto Pirangi. Agora a localização do Bairro Latino também facilita a carona, por ser caminho dos lugares que gosto de frequentar, ou estar perto da residência das pessoas que me dão carona. Como saio com as amigas, a carona tem que ter sempre mais de uma vaga”, conta. “Já deixei de ir a manifestações culturais como a Quinta Viva do Samba, que acontece no Beco da Lama toda semana, justamente devido ao transporte. Embora o evento comece e termine cedo, não é seguro”.

Quanta diferença de Natal Marília percebeu quando esteve em maio em Buenos Aires, na Argentina. “Lá as pessoas não costumam sair de carro próprio. O táxié barato, ao contrário daqui. Além disso, o transporte público é bom. Os ônibus circulam a noite inteira”, contou ela.

“Não há demanda”, afirma Seturn: Infelizmente não é animadora a notícia para pessoas que gostam de sair ou trabalhar à noite e gostariam de utilizar o transporte público. Augusto Maranhão, diretor de comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município do Natal (Seturn), que controla as sete empresas concessionárias em Natal, conta que apesar do relato da fonte desta reportagem, não há grande demanda noturna. Além disso, falta segurança para que o sistema opere com mais ônibus. “É um serviço que precisa ser monitorado para ser eficiente. É necessário resolver primeiro o problema da segurança para que se aumente a frota nesse horário”, relata Maranhão.

O sistema “Corujão” foi implantado em 2009 e desde então, nunca houve modificação nos itinerários. Segundo o diretor, a demanda de passageiros após meia noite é muito pequena. “Nessas viagens, cada ônibus transporta no máximo 30 passageiros. Tem linhas que circulam a noite toda com duas pessoas. Percebemos também que algumas áreas da cidade não são atendidas. Estamos buscando junto à Semob, mudar os itinerários. O Seturn não tem a flexibilidade de mudar essas linhas.Mas eu acho que os corujões são suficientes sim para atender os barmans, boêmios e frequentadores da noite. Só que faz isso precariamente”, disse.

Sem mudanças: Natal vai passar por mudanças no sistema de transporte com a licitação do sistema, cuja concorrência está prevista ainda para este ano. Contudo, Haroldo Maia, secretário-adjunto de trânsito de Natal, explicou que a licitação não contempla mudanças no sistema “corujão”. “Não vai haver nenhuma mudança, mas o sistema continuará a ser oferecido. A quantidade de ônibus que existe hoje já é suficiente para atender a demanda. O número só aumenta conforme também aumenta o número de usuários”. Até comprar um carro, pelo jeito Marília e outros baladeiros continuarão seguindo de carona na madrugada por um bom tempo.

Saiba mais: Vai pra balada? Saiba que ônibus pegar após a meia noite.

Linha A: Ribeira/Pajuçara/Parque das Dunas, via Brasil Novo (dois ônibus) Tem extensão de 47,10km e cinco viagens, a partir da meia noite. Transporta por mês 2.500 passageiros a cada mês.

Linha B: Ribeira/ Santarém/ Gramoré/ Nova Natal, via Parque dos Coqueiros. Tem extensão de 47,30km e quatro viagens, a partir da meia noite. Transporta 1.800 passageiros/mês.

Linha C: Ribeira/ Mãe Luiza/ Via Costeira / Ponta Negra. Tem extensão de 34,20km e cinco viagens, a partir da meia noite. Transporta 3.500 passageiros por mês.

Linha D: Planalto/Cidade Satélite/ Petrópolis, via Praia do Meio (dois ônibus). Tem extensão de 39,56 km e realiza cinco viagens, a partir da meia noite. Transporta 1.800 passageiros/mês.

Linha E: Felipe Camarão/ Ponta Negra, via av. Bernardo Vieira. Tem extensão de 46,57km e faz cinco viagens, sempre após a meia noite. Transporta 2.100 passageiros/mês.

Linhas Opcionais:
001 – Ponta Negra/Parque das Dunas
002 – Ponta Negra/Parque dos Coqueiros
003 – Ponta Negra/Praia do Meio, Via Costeira
004 – Ponta Negra/Santarém/Gramoré/Pajuçara /Nova Natal, via Av. das Fronteiras

Fonte: Diário de Natal

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