Caso Riograndense: Prefeitura ainda estuda alternativas

Os usuários das linhas de ônibus 03, 03A a 28 e 45 terão agora que se adaptarem a uma nova realidade após o anúncio de falência da Viação Riograndense. Na reunião realizada na tarde de ontem, entre a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) e Seturn foi comunicada oficialmente a situação à prefeitura que agora inicia estudos para encontrar uma alternativa para atender a população que utiliza as linhas.

“Estamos trabalhando com diferentes alternativas: a primeira é o fortalecimento de linhas que operem no trecho; outra é a colocação de outras empresas que possam estender seus itinerários nas áreas; e a terceira é colocação de circulares”, informou o titular da Semob, Márcio Sá, após a reunião.

Segundo ele, o problema poderia ter sido evitado se a licitação dos transportes de passageiros tivesse sido realizada. “A prefeitura não pode simplesmente colocar uma linha nova no mesmo local. Isto causaria um problema jurídico”, disse o secretário, acrescentando que técnicos daSemob já estão fazendo levantamentos para diminuir o impacto que o fim das linhas está causando à população. “Até lá aconselhamos aos usuários que utilizem as linhas próximas que já fazem 70% do itinerário e utilizem os seus cartões para fazer a integração”

O diretor do Seturn, Augusto Maranhão, definiu a Viação Riograndense como “um doente terminal”. “Todo mundo já sabia o que estava para acontecer com essa empresa. E isso é fruto de 17 meses que estamos sem aumento na tarifa dos transportes”, disse o empresário. Ele lembrou que em anos anteriores as empresas Cidade do Sol e Pirangy também fecharam as portas. “Há ainda a situação da Guanabara e da Nossa Senhora da Conceição que tiveram que vender 70% de suas ações”.

Ontem nas duas garagens da Riograndense, localizadas nos bairros de Cidade Nova e Boa Esperança, o clima era de mobilização e indignação. Funcionários faziam plantão em frente aos portões para evitar que os ônibus fossem levados pela direção. Em Cidade Nova, integrantes do Sindicato dos Rodoviários (Sintro) estavam atentos à movimentação da garagem “Não deixaremos circular nenhum ônibus. Se houve falência nenhum carro poderá circular”, disse o sindicalista Paulo Horôncio.

Na garagem da empresa em Boa Esperança, os próprios funcionários tomavam conta da garagem para evitar a saída dos ônibus que restaram, além de vigiar o local contra furtos e assaltos. “Ficaremos aqui para defender nossos direitos e não permitiremos que motoristas de outras empresas venham para trabalhar nessas linhas. Se as linhas forem reabertas nós é que dirigiremos nelas”, disse o motorista Valdir Gomes, funcionário há quatro anos da empresa. No portão da garagem ainda estava afixado um comunicado deixado pela direção da empresa que surpreendeu os funcionários na madrugada de sábado.

Sintro cobra direitos trabalhistas

A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Rio Grande do Norte (Sintro/RN) terá uma reunião hoje, às 10h, com a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) para cobrar apoio no comprimento dos diretos trabalhistas dos 150 funcionários da empresa Viação Riograndense. Segundo Nastagnan Batista, presidente do sindicato, a direção da empresa não deu qualquer explicação aos trabalhadores e teria escondido os 15 ônibus que estavam na garagem ontem. Ele informa ainda que o sindicato recolheu seis veículos da empresa, que faziam linhas intermunicipais e ainda circulavam ontem, para ter uma garantia de que os direitos trabalhistas seriam pagos.

Nastagnan Batista declara que foi uma surpresa para todos os funcionários da Viação Riograndense o anúncio do encerramento das atividades da empresa. “Assim como a população, os trabalhadores ficaram perplexos. Não houve qualquer aviso prévio de que isso aconteceria”. Segundo ele, as garagens foram abandonadas pela direção da empresa. “Nós é quem tivemos de comprar cadeados e instalar nas garagens. Porém, ainda na madrugada desta segunda, os ônibus foram levados embora pela direção da empresa”.

O presidente do Sintro conta que havia ônibus que faziam viagens para cidades no interior potiguar da Riograndense circulando ainda ontem. “Recolhemos esses para as garagens, pois serve como segurança de que os direitos trabalhistas serão pagos. Se a empresa abriu falência, ela que apresente o patrimônio para que seja leiloado e se pague os funcionários”.

A reunião na DRT, de acordo com Nastagnan, discutirá formas de cobrar um posicionamento da Riograndense sobre o assunto. “A empresa não pode encerrar as atividades sem assegurar que os funcionários sejam pagos. Há trabalhadores que estavam na empresa há 25 ou 30 anos e não podem ficar sem os seus direitos”.

População não estava satisfeita com o serviço

O anúncio da falência da Riograndense pegou de surpresa a população do conjunto Nova Natal, zona Norte da cidade, mas os moradores não ficaram tão insatisfeitos com o fato, pois afirmam que a empresa funcionava com precariedade nos serviços. O principal bairro de atuação da empresa ficou desde domingo sem a circulação das quatro linhas feitas pela viação.

“Nunca saia um ônibus daqui para não quebrar no caminho. Muitos chegavam no conjunto Soledade e ficavam por lá mesmo”, afirma o pintor Antônio Pereira, 62 anos. Ele reclama ainda do desconforto para o usuário. “Não tinha um ônibus em perfeito estado. Algumas poltronas eram soltas e caiam com o movimento, sem conforto algum”. Para ele, a falência da empresa é a oportunidade de uma outra surgir, oferecendo um serviço de qualidade.

Para o vigilante Mauro Ferreira da Silva, 57, os constantes “pregos” nos quais ficavam os ônibus da Riograndense era o que mais o incomodava. “Sem falar nos assentos desconfortáveis e o barulho irritante das janelas batendo”. A donade casa Eugênia Flávia, 35, concorda que o sucateamento dos veículos era a principal característica da viação. “Quando a gente chegava na avenida Bernardo Vieira e via um engarrafamento, era certeza de que se tratava de um ônibus da Riograndense. O desconforto também era grande, era melhor andar em pé”.

Linhas da Riograndense em Natal

– 03 – Nova Natal/Campus
– 03A – Nova Natal/Viaduto de Ponta Negra
– 28 – Nova Natal/IFRN
– 45 – Brasília Teimosa/Campus

Em nota, empresa se justifica

A Viação Riograndense emitiu um comunicado no final da tarde ontem em que anuncia a sua desistência do serviço municipal de ônibus.

“O serviço do transporte coletivo de Natal está à beira do caos. Caso não se adotem medidas urgentes e efetivas para a solução dos problemas aqui mencionados, a Riograndense é apenas uma amostra do que ocorrerá com os demais operadores de transporte”, destacou um dos trechos.

Fonte: DN Online

1 comentário em “Caso Riograndense: Prefeitura ainda estuda alternativas”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo