Em contato com a reportagem, a estudante reiterou as afirmações. “O protesto acabou às 21h e o ônibus foi queimado uma hora depois. Alguns manifestantes que ainda estavam por lá não reconheceram ninguém entre os que tocaram fogo no ônibus. Não acredito que foram os estudantes. Não tem lógica isso acontecer depois que o protesto foi esvaziado”, relatou Melayne.
A ação, segundo ela, teria influência externa. “Identificamos vários infiltrados durante o protesto, que estavam querendo fazer quebradeira. Isto é uma estratégia do Seturn para tentar jogar a opinião pública contranós”, afirmou a estudante.
Os relatos confirmam que a queima do veículo, que fazia a linha 25 (Bairro Nordeste-Ribeira), no terminal de ônibus do bairro Nordeste ocorreu por volta das 21h, mesmo horário em que os manifestantes se dispersavam nas proximidades do cruzamento das avenidas Bernardo Vieira e Salgado Filho. Um morador do bairro, que não quis ser identificado, relatou o fato. “Chegaram dois homens em um carro branco e estacionaram perto do terminal. Um desceu, jogou gasolina e tocou fogo no ônibus que estava parado. O pessoal que estava por aqui ainda tentou apagar, mas foi muito rápido”.
Com “receio” de mais ataques, o Seturn recolheu à garagem todos os ônibus em circulação na terça-feira ainda por volta das 21h30 e só voltaram a circular quando o Sol raiou, após as 5h da manhã.
Dirigentes do sindicato patronal chegaram a afirmar nas redes sociais que ação no bairro Nordeste teria sido orquestrada por “valeiros”, homens que vendem passagens em cartões abaixo do preço, utilizando do sistema de integração.
Resquícios
Quem passou na manhã de ontem em frente ao shopping Midway Mall ou mesmo no terminal de ônibus do bairro Nordeste pôde ver os dois ônibus que foram incendiados na noite anterior. O que estava na Zona Oeste ainda emitia fumaça, da borracha dos pneus que ainda queimava por volta das 11h30.
Três funcionários da Guanabara, proprietária do veículo que fazia a linha 25, estavam no local na manhã de ontem para colocar pneus novos no ônibus e levá-lo até a garagem da empresa. O mesmo aconteceu com a carcaça do ônibus da linha 02, incendiada na Bernardo Vieira. Segundo informações, este ônibus, que foi adquirido este ano, custou R$ 280 mil.
Rodoviários
Para o Sindicato dos Profissionais de Transporte do RN (Sintro-RN), as manifestações não competem aos rodoviários que, segundo seu presidente, não se sentiram atingidos ou não sofreram nenhum agressão em toda série de protestos. “Independente da situação nós temos que ir trabalhar. Os trabalhadores não têm a ver com essa discussão, as autoridades queresolvam. O pessoal está tranquilo. O motorista do ônibus que foi queimado na Bernardo Vieira está bem calmo, não teve violência, só o ato de vandalismo com o carro”, relatou Nastagnan Batista, presidente do Sintro-RN.
Fonte: Diário de Natal