Convocado pela Semopi, o engenheiro ainda não foi oficialmente contratado pela administração municipal. Apesar de ser um dos diretores da Engenharia e Calculos Ltda (Engecal), apenas Pereira foi chamado para realização do trabalho. E como a titular da Semopi, Teresa Cristina Vieira, autorizou informalmente o início dos trabalhos, o engenheiro decidiu reservar 30 minutos de sua manhã para visitar o viaduto do Baldo. “Não cheguei nem a assinar o contrato. Ainda estou recolhendo os documentos para apresentar tudo à secretaria. A expectativa é de que até quinta-feira esteja tudo regularizado e o contrato seja assinado”, relatou José Pereira da Silva. O prazo aferido pelo engenheiro confirma a expectativa de que até esta semana a contratação seria regularizada.
Questionado sobre a interdição do Viaduto do Baldo decretada pela Justiça Estadual à pedido do Ministério Público do RN (MP-RN), José Pereira lembrou que no primeiro trabalho, contratado pela então Secretaria Municipal de Obras e Viações (Semov), hoje Semopi, ficou clara a urgência da realização de manutenção na obra devido os problemas estruturais, que viria a ser realizada com um controle de tráfego no viaduto, mas não apontava a necessidade da interdição completa da via. Atualmente cerca de 3.500 veículos passavam pelo viaduto do Baldo, bem abaixo por exemplo, do tráfego registrado na ponte de Igapó, por onde passam diariamente cerca de 50 mil veículos. “O relatório não fala em nenhum momento da necessidade de interditar o viaduto. Defendeu-se um trabalho imediato de manutenção, com o controle de tráfego. Mas de maneira alguma quero comentar o pedido do Ministério Público, feito apenas agora”, relatou ele.
A interdição completa do viaduto do Baldo é defendida tanto pelos promotores públicos de defesa do meio ambiente, na petição apresentada à Justiça, como pela própria Semopi. De acordo com a secretária Teresa Cristina, estudos técnicos recentes feitos pela própria secretaria apontaram que seria necessária a interdição por precaução; para segurança dos que trafegam pelo local; e para os peritos que irão fazer a inspeção da construção até meados de dezembro deste ano.
O documento produzido pelo engenheiro potiguar foi utilizado no pedido de interdição do viaduto apresentado pelo MP potiguar no fim de agosto e relata diversos problemas na estrutura da construção. Dentre eles a necessidade da troca das placas que servem de articulação de apoio para estrutura, que segundo o relatório entregue ao poder público há aproximadamente três anos deveriam ter sido substituídas já naquela época, e as “patologias estruturais” dos primeiros vãos do lado da avenida Prudente de Morais, que apresentavam-se através de fissuras na parte inferior da construção e desníveis entre as estruturas que alcançavam 10 centímetros. “Como não foi feita nenhuma manutenção durante esse período, é lógico pensar que o problema evoluiu. Mas, também não recebi nenhuma notícia de que tenha acontecido um acidente até agora. O esclarecimento completo, se será necessário aumentar o tempo de interdição ou suspender, só acontecerá com o andamento dos estudos”, pontuou José Pereira.
Apesar da autorização informal concedida por Teresa Cristina Vieira ao grupo de técnicos e engenheiros que deverão fazer a vistoria, não há sinal de que eles tenham passado pelo local nos últimos dias. As defensas — proteções de concreto — pintadas de amarelo colocadas em todos os acessos ao viaduto são a única marca de trabalho do poder público por ali. “Só vi alguém aqui quando fecharam o viaduto. Está completamente abandonado, do jeito que era antes”, relatou o comerciante Carlos Silva, morador da região. O único sinal de alma viva que ainda trafega pelo viaduto são os dois barracos armados nas proximidades.
Fonte e foto: Novo Jornal