Trabalhadores que ainda estavam ligados à encarroçadora de ônibus Busscar, que já foi uma das maiores do País, têm encontrado mais uma informação desagradável ao fazerem as homologações de rescisões para receberem os direitos trabalhistas.
Além de não receberem salários há mais de dois anos consecutivos, os funcionários também estão com saldo insuficiente do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Neste período de crise, que começou em 2008, mas se intensificou em 2010, a empresa da família Nielson não realizou os depósitos do FGTS e do INSS, o que vários funcionários não sabiam.
Depois de três sessões interrompidas, a Assembleia Geral dos Credores reprovou no dia 25 de setembro o Plano de Recuperação proposto pela encarroçadora de ônibus. Dois dias depois, o juiz Maurício Povoas, da Quinta Vara Cível de Joinville, decretou a falência da empresa. Apesar de a Busscar ter a maioria das procurações da classe dos trabalhadores e de ter entrado em acordo com a classe quitográfica, que reúne os ex sócios, entre eles os tios do presidente da empresa, Cláudio Nielson, a classe garantia real, que reúne os bancos e respondia pela maior parte das dívidas da Busscar, reprovou o plano.
Números de produção e faturamento difíceis de serem alcançados entre as metas, os descontos e parcelamentos dos débitos e compromissos anteriores não honrados que teriam afetado a credibilidade da empresa, são alguns dos fatores apontados para a não aprovação do Plano de Recuperação.
O presidente do Sindimecânicos, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e Oficinas Mecânicas de Joinville e Região, Evangelista dos Santos, acredita que os funcionários que entregaram as procurações em prol da Busscar foram iludidos.
“O Sindicato sempre alertou para as mentira repetidas pelo comando da empresa. Avisamos que todos seriam enganados caso votassem no sim, porque estava tudo atrasado, não só salários. Todas as autoridades federais foram notificadas há muito tempo pelo Sindicato, mas não tiveram ação direta até aqui. Mas temos certeza que as coisas estão aparecendo, tudo vai ser resolvido, como o processo de falência” – disse Evangelista.
Com dívidas diretas de cerca de R$ 800 milhões entre bancos, fornecedores e trabalhadores, e mais R$ 500 milhões de débitos de impostos, a Busscar teve a falência decretada em 27 de setembro de 2012. No dia 24 de outubro, o Sindicato vai realizar na sede da entidade reuniões com os trabalhadores para explicarem o processo de falência.
O processo de falência está sendo admintrado por Rainoldo Uessler, que procura primeiramente determinar de maneira clara os valores das dívidas e dos patrimônios da Busscar. Há dúvidas em relação à veracidade de alguns números apontados pela empresa, que sempre variavam a cada solicitação que a empresa recebia, de acordo com o momento.
A empresa Tecnofibras, também da Busscar, deve ser vendida e tem o desempenho analisado para ser repassada como uma companhia saudável. A ClimaBuss passa por auditorias para verificar sua viabilidade.
A Busscar, que já enfrentou outra crise financeira entre os anos de 2001 e 2004, chegou a ter 5 mil funcionários e disputava a liderança de mercado em alguns modelos. Atualmente tinha menos de 900 empregados. Os funcionários desligados também têm a receber da companhia.
A empresa foi procurada pela reportagem, mas ninguém foi encontrado para comentar o momento pós falência.
Fonte: Canal do Ônibus