Projetos de BRTs movimentam indústria de ônibus

Integrante dos planos de melhoria do transporte público na maioria das cidades-sede da Copa do Mundo 2014, os sistemas de ônibus rápidos, os BRTs, abrem uma nova frente de disputa entre as indústrias de carrocerias e de chassis de ônibus. De olho na chance de fornecer veículos para as linhas em construção ou em planejamento em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre, as empresas aceleram lançamentos dos veículos voltados para o sistema que utiliza veículos articulados com capacidade para até 270 passageiros.
A expectativa no mercado é de que as novas operações de BRTs exijam a aquisição de cerca de 2,5 mil coletivos especiais até 2014. O volume equivale a mais de 20% do mercado brasileiro anual de ônibus urbanos, que é de 12 mil unidades, segundo Dario Ferreira, diretor comercial da Comil Ônibus, que espera abocanhar 15% desse mercado. A empresa lançou, no início de outubro, um novo modelo voltado para o segmento durante a Fetransrio 2012, uma das principais feiras do segmento no País, realizada no Rio de Janeiro.
A Neobus também aposta no segmento. A empresa desde 2011 produz BRT, como um modelo biarticulado utilizado em Curitiba. E também aposta nas exportações para países como Chile e Equador.
Como a maioria dos projetos entra em operação até 2014, o próximo ano deve marcar a intensificação da concorrência entre as montadoras na briga pela preferência das operadoras e das prefeituras. Maurício da Cunha, diretor industrial da encarroçadora Caio Induscar, espera o mercado de BRT em alta já em 2013. “Nós queremos vender 500 unidades, o equivalente a 5% da nossa produção”, diz o executivo da empresa que começou neste ano a produzir uma linha de coletivos para essa modalidade.
Enquanto os projetos das capitais e sedes da Copa lideram o atual ciclo de implantação de BRTs, depois de 2014 as indústrias devem se voltar para as cidades de médio porte. “Os municípios a partir de 400 mil ou 500 mil habitantes também devem adotar esse tipo transporte”, diz Paulo Corso, diretor de operações comerciais da Marcopolo. A empresa já montou BRTs para cidades da América Latina e tem veículos em operação no Corredor Transoeste, no Rio de Janeiro. Segundo levantamento do projeto BRT Brasil, da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, o Brasil tem hoje, pelo menos, 15 cidades com projetos em andamento, com investimentos que superam a marca de R$ 8 bilhões até 2016.
A sigla BRT vem do inglês Bus Rapid Transit, que significa Transporte Rápido por Ônibus. O sistema prevê linhas expressas com ônibus articulados com capacidade entre 160 e 270 passageiros. Os ônibus circulam em pistas exclusivas, e as estações contam com pistas de ultrapassagem. Para entrar no veículo, os usuários pagam sua passagem ao ingressar na estação, como em um metrô, o que reduz o tempo de embarque. Um dos principais atrativos é o custo de instalação, inferior ao dos trens subterrâneos, e o tempo de implantação, que pode ser de apenas um ano, de acordo com Wagner Colombini, diretor da Logit Consultoria.
O Sistema de BRT mais antigo do Brasil é o de Curitiba, implantado nos anos 1970. Mas foi nos últimos anos, com o aumento da frota de veículos e a multiplicação de congestionamentos nas grandes cidades, que o sistema entrou nos planos das prefeituras brasileiras para melhorar a eficiência da mobilidade urbana. Além das capitais do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, também há planos para o uso do sistema em Belém, Brasília, Campo Grande, Cascavel, Curitiba, Goiânia, Recife, Manaus, Maringá, Uberlândia, Vitória e Curitiba, que deve ganhar novas linhas.

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