São muitos os benefícios que a população pode ganhar com essa medida, que muda o programa “Passe Livre” na capital potiguar – claro, há os malefícios também. Porém, a ação que mais tomou destaque é o possível fim de uma profissão que se tornou comum em nossa cidade com o advento da tecnologia e a implantação do cartão de passagens: o “Janelinha”.
A profissão de “janelinha” surgiu após o fim do vale-transporte em papel, em consequência da implantação da bilhetagem eletrônica. Como o cartão eletrônico, na época, só dava direito ao transporte em ônibus e as empresas ainda migravam para o sistema atual, muitas pessoas que não usam o benefício do vale-transporte passaram a “alugar” os cartões para pagar a passagem nos ônibus, cobrando um valor menor do que a tarifa (Hoje, em R$ 2,20, faz com que as passagens em cartões sejam vendidas, em média, por R$ 1,75 na maioria das paradas). Após o pagamento, o cartão é devolvido ao “dono” pela janela do veículo, denominando assim aquela pessoa como “janelinha”.
É verdade que essa é uma atividade que sustentava famílias e, com o sistema de integração, dava bons lucros aos vendedores – que ficam atualmente em pontos de grande movimento da nossa cidade (Com o sistema “Passe Livre”, uma passagem era vendida duas vezes).
Porém, finalmente a SEMOB reconheceu a ilegalidade da prática, constatou e combateu de forma eficaz a fraude no sistema. Com tais mudanças no “Passe Livre”, o real direito da integração será reestabelecido, beneficiando realmente quem precisa de tal medida, e ajudará bastante na melhoria do sistema de transporte público natalense
Mas, não são só as empresas de ônibus que serão as principais beneficiadas com essa medida. Os passageiros também! Tudo pelo fato de que, com o provável fim dos “Janelinhas”, as viagens não terão mais atrasos em decorrência da entrega do cartão de passagem pela janela do veículo – sem contar a diminuição do risco de acidentes, já que muitos “vendedores”, às vezes, tem de acompanhar os ônibus no meio do trânsito para recolher os cartões.
Quem também se beneficiará com a mudança do “Passe Livre”, certamente, será o restante da classe empresarial. Uma vez que quem alimenta essa prática são os funcionários que pedem o benefício do vale-transporte e não o usam por se deslocar de outras formas – “vendendo” as passagens para essas pessoas – fará com que o risco de demissão por uso indevido do benefício diminua, melhorando a situação do emprego das pessoas, e um crime (previsto nas leis trabalhistas) deixe de ser cometido.
Chega até a ser cômica a medida, uma vez que o provável fim dessa atividade foi anunciada num feriado de Finados. Seria a pá de cal que essa prática ilegal e que traz prejuízos às empresas de ônibus e aos passageiros estava precisando para ser enterrada de vez?