Garagem.com: Um apaziguador consórcio

 
A união das empresas Guanabara, Santa Maria e Reunidas é muito mais que a formação de um consórcio operacional, com fins de explorarem juntas suas linhas e poderem reduzir os gastos operacionais; é uma verdadeira bandeira branca dentre empresas que, para os especialistas de ônibus de Natal, sempre foram consideradas ‘inimigas’. Isso pois a gigante Guanabara, maior empresa de ônibus do estado, tecnicamente sempre se opôs a Santa Maria e a Reunidas – pertencentes ao mesmo grupo, e que juntas também se formam uma gigante do transporte; inclusive fazendo parte de um grande grupo do setor.

Para começar, é válido lembrar os inúmeros comentários e boatos que o grupo detentor da Santa Maria e Reunidas fazia várias propostas a Guanabara para comprá-la. Eu mesmo, perdi a contas de quantas vezes ouvi: “A Santa Maria comprou a Guanabara”, ou “A Reunidas comprou a Guanabara!”. Tudo mentira! Claro, talvez houvesse o interesse – ambas as empresas, Santa Maria e Reunidas, chegaram a Natal comprando outras empresas que aqui operavam – Cidade do Sol e Pirangy, respectivamente. De qualquer maneira, a venda da Guanabara para o grupo, foi algo que nunca se concretizou – foi sim vendida, porém, para a Empresa Metropolitana, de Recife. Neste meio tempo, muitas questões surgiram, envolvendo, principalmente, conflitos em áreas de operação das empresas. Na zona norte, principal reduto da Guanabara, o conjunto Santarém era o motivo de certa ‘guerra fria’: A Reunidas, operadora ‘oficial’ do bairro, conta com uma frota impecável nas linhas – inclusive com o diferencial de poder levar seus usuários diretamente ao bairro de Ponta Negra – e nunca poupou investimento em ônibus de grande porte, como trucados e, recentemente, articulados. A Guanabara, por sua vez, adicionou o ‘VIA SANTARÉM’ em todos os ônibus das linhas que passam na Av. Itapetinga, convidando o usuário a utilizar seus ônibus, além de investir, ainda que de acordo com suas possibilidades, nas linhas das proximidades (Pajuçara e Gramoré).

Além disso, é válido notar também o que podemos considerar como disputa na região oeste da cidade – desta vez, entre Guanabara e Santa Maria. Ambas as empresas, atendem, ainda hoje, o trecho Cidade da Esperança/Ribeira, modificando apenas as vias por onde cada linha circula, mas com o trajeto em si semelhante, e possibilitando ao usuário a escolha de qual empresa utilizar. Mas a maior questão foi à briga (judicial) que envolveu Guanabara e Reunidas. Fato que faz parte da história do transporte de Natal. Em meados de 2005, a Guanabara teve o trajeto da linha 77 (Parque dos Coqueiros/Mirassol) prolongado até Ponta Negra – quem, até então, operava as linhas entre a zona norte a Ponta Negra, era a empresa Reunidas, com as linhas 07 (Alvorada IV/Ponta Negra – a época), 26 (Soledade II/Ponta Negra) e 73 (Santarém/Ponta Negra). De imediato, como num pagamento com a mesma moeda, a Reunidas iniciou a operação da linha 26A – Soledade II/Parque dos Coqueiros/Ponta Negra. Ou seja, era, tecnicamente, a mesma coisa da linha 77. O período foi de enorme confusão – que terminou em acordo judicial e operacional, e resultou na Guanabara baixando sua guarda, e retornando os ônibus da linha 77 no bairro de Mirassol, como sempre foi. Por sua vez, a 26A saiu de operação.

Agora, com a união, tudo muda! O ‘VIA SANTARÉM’ dos ônibus da Guanabara não é mais uma proposta aos usuários da Reunidas, mas sim um convite de um serviço amigo. Nem mesmo as disputas no trecho Cidade da Esperança/Ribeira tem mais tanta relevância. Agora, em qualquer linha que o usuário embarque (19 e 20 da Guanabara; 34 e 39 da Santa Maria) ele também encontrará um serviço, tecnicamente, semelhante. E tomara que toda assimilação que o consórcio trará, se reverta em agilidade para os usuários. Creio eu que se reverterá sim! De qualquer maneira, o novo consórcio trouxe a paz e enterrou desavenças do passado. Ainda não foi falado nada sobre uma pintura padronizada para os ônibus do consórcio, mas vamos considerá-la – de preferência, onde predomine a cor branca. O branco da paz!

Thiago Martins
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