Esta dívida adicional se refere a débitos trabalhistas, com fornecedores e tributários, diz o administrador judicial do caso Rainoldo Uessler. Na prática, nestes dez meses, a Busscar teve custos R$ 99 milhões maiores do que o faturamento e só piorou seu desempenho.
No caso de venda, em leilão, dos ativos do grupo Busscar, serão pagos por primeiro todos os credores, independentemente da categoria, até o limite destes R$ 99 milhões. Estes têm precedência até sobre o crédito trabalhista anterior à data da intervenção – que era estimado em R$ 113 milhões.
Reinaldo Schroeder, presidente do Sindicato dos Plásticos de Joinville, argumenta que esta situação “apenas demonstra que a falência da Busscar não interessava aos trabalhadores e vai, sim, trazer prejuízo para eles”. A dívida total da Busscar, hoje, soma R$ 1,27 bilhões.
Perito vai avaliar bens: O administrador judicial Rainoldo Uessler já pediu à Justiça a nomeação de um perito para fazer a avaliação dos bens das empresas do grupo: Busscar Ônibus, Tecnofibras e Climabuss.
O pedido deve ser analisado pelo juiz que assumir o comando da 5ª Vara Cível de Joinville na de segunda-feira – a vara está sem juiz oficial e funciona por meio de rodízio.
“Quatro empresas já me procuraram e manifestaram interesse prévio para disputar os ativos da Tecnofibras em futuro leilão. São duas companhias brasileiras, uma norte-americana e outra italiana”, disse.
Ele informou que também há interessados na Climabuss. Uessler acredita ser possível colocar estas duas empresas em leilão “até junho de 2013”. Segundo o administrador judicial, ambas compõem a fatia saudável do grupo, e possuem boas perspectivas de negociação pois os faturamentos estão subindo.
De novembro de 2011 a setembro, a Tecnofibras e HVR Automotiva tiveram faturamento 44% maior que o obtido na média anterior à decretação da falência do grupo. Tecnofibras e Climabuss estão sob o acompanhamento de Uessler há dois meses.
Decisão sobre falência para Brasília: A Busscar está apostando em Brasília para voltar à ativa. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), o recurso especial encaminhado na quinta pelo advogado do grupo Euclides Ribeiro passará pela vice-presidência do TJSC para poder chegar até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
O desembargador Rui Francisco Barreiros Fortes vai avaliar se o procedimento do recurso especial está de acordo com as exigências legais do STJ. Lá, apesar do pedido de urgência, só se deve ter alguma sinalização em fevereiro. Se o documento for para Brasília, passará por outra avaliação.
Depois, pelo estudo das avaliações feitas pelos desembargadores de SC. E, por fim, uma nova análise. Enquanto isso, em SC, há a possibilidade de o advogado e desembargador aposentado Antônio do Amaral e Silva – que ainda não está oficialmente no grupo de defensores da Busscar – entrarem com mais um recurso. Caso o façam, a bola de neve aumenta.
O primeiro recurso de Ribeiro foi encaminhado à desembargadora Cláudia Lambert de Faria, que acatou a decisão de falência do juiz Maurício Cavallazzi Povoas. A decisão de Cláudia foi contestada em novo documento encaminhado à desembargadora Soraya Nunes Lins, mas houve nova negativa. O recurso de Silva seria o terceiro. Ribeiro disse estar “impossibilitado de comentar” o caso.
Com informações: Jornal Zero Hora (RS)