Reparos prometidos pelo Dnit/RN não saem do papel

As promessas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit/RN) para início das obras de reparo na ponte de Igapó e túnel de Neópolis não foram cumpridas. A previsão do órgão era a de que os processos licitatórios seriam lançados ano passado, em meados de outubro. No entanto, até agora, nada foi feito. Ambos aparelhos públicos apresentam sinais de desgaste e corrosão. Engenheiros afirmam que não há riscos de desabamento, mas a população exige melhorias.

Em setembro passado, a governadora Rosalba Ciarlini participou de uma reunião com o superintendente regional do Dnit/RN, Ézio Gonçalves Reis.  Após o encontro, foram anunciados investimentos para a melhoria da malha viária em Natal e interior do Estado. De acordo com a titular da secretaria de Estado da Infraestrutura (SIN), Kátia Pinto, o encontro foi produtivo pois sinalizou para parcerias entre os órgãos.

“O encontro foi para tentar resolver gargalos como o problema da avenida Maria Lacerda e a ponte de Igapó. É importante ter essa parceria entre entes”, explicou. Na manhã de ontem, a reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Dnit/RN, mas não obteve respostas. Ainda segundo Kátia Pinto, há informação de que “a licitação para a ponte de Igapó será realizada ainda nesta quinzena”.

“Não posso falar pelo Dnit/RN, mas sabemos que essa é a expectativa”, informou a secretária. Com relação à avenida Maria Lacerda Montenegro, em Nova Parnamirim, Kátia Pinto disse que a previsão é a de que a licitação para construção de um viaduto no local tenha edital publicado este ano.

Em entrevista concedida a Tribuna do Norte, em novembro passado, Ézio Reis afirmou que, quando chegou ao órgão, o processo correspondente à ponte de Igapó estava parado, mas a obra seria iniciada  no prazo de 45 dias. “O custo dessa obra é R$ 11.862.217,44. Mas numa licitação tende a ter uma redução. Tem a burocracia normal, mas deve ser iniciada nos próximos 45 dias”, afirmou à época.

Mais de 20 anos passados após a sua duplicação, a chamada ponte de Igapó, localizada sobre o Rio Potengi, apresenta deficiências estruturais. Os pilares responsáveis pela sua sustentação têm a estrutura de ferro aparente e enferrujada, devido à ação do tempo no concreto. A situação se repete quase na totalidade dos pilares e parece oferecer risco para quem trafega pelo local. O fluxo de veículos é intenso pelo local, onde diariamente passam milhares de carros, caminhões e ônibus. Por vezes, o trânsito fica engarrafado em virtude do excesso de pessoas se dirigindo para a mesma direção, nos horários de pico da manhã e no começo da noite.

Segundo Ézio, a estrutura precisa de uma revisão na parte metálica. “Necessariamente é uma questão estrutural, na parte metálica, de corrosão e reforço de alguns pilares. É um ambiente muito agressivo. É uma obra já idosa. Certamente que vamos usar jateamento para cobertura de armaduras que já estão corroídas e expostas, muito mais na parte inferior”, explicou o superintendente.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (Crea-RN) e o próprio Dnit/RN realizaram, em 2012, uma Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) nas 28 pontes localizadas nas rodovias federais que cruzam o Rio Grande do Norte. Luiz Carlos Fernandes Madruga, gerente de Fiscalização do Crea-RN, explicou que a situação atual da ponte exige cuidados, porém, não há motivos para a população se preocupar com um desabamento, por exemplo. “Não há uma preocupação iminente mas, se não for feito algo, ao longo do tempo a situação vai piorar e poderemos ter um problema gravíssimo”, disse Madruga.

No túnel, a falta de iluminação é outro problema: Sem manutenção, a estrutura do túnel de Neópolis dá sinais de desgaste. Uma das vigas sob  pista de rolagem da BR 101 está se desmanchando, as ferragens estão totalmente descobertas e já enferrujam pela ação do tempo e das chuvas. O principal retorno para Natal e caminho que dá acesso aos bairros de Nova Parnamirim e Pirangi é também um ponto que sofre com a falta de iluminação e buracos ao longo da via. Não há previsão para recuperação do aparelho.

Segundo Ézio Reis, o problema foi causado por “um fato humano”. Havia a previsão de o conserto ser realizado em novembro passado, no entanto, o prazo não foi cumprido pelo Dnit/RN, órgão responsável pelo local. Em agosto passado, um caminhão bateu na viga do túnel e derrubou parte da estrutura. “Havia placas de advertência sobre os limites da estrutura. Tanto nossos engenheiros quanto os do Crea-RN detectaram tratar-se de uma viga que não tem frente estrutural, mas realmente com aquela ferragem exposta há necessidade de reparo”, disse, em 11 de novembro, o superintendente do Dnit/RN.

Ainda de acordo com Ézio, a primeira licitação para a obra de reparo foi deserta, mas houve uma  republicação e há empresa vencedora. “A estrutura em si não foi abalada e será necessário apenas a substituição daquela viga que não tem efeito estrutural. Em uma semana deveremos iniciar essa intervenção. Não é algo demorado, mas as intervenções no trânsito serão planejadas”, afirmou.

De acordo com os usuários que trafegam habitualmente pelo local, o túnel nunca passou por reparos após o incidente. Nas extremidades da entrada do túnel, ainda é possível ver pedras de concreto, que caem ao longo do dia. Além dos buracos na pista, falta sinalização e iluminação. Lixo e outros detritos ficam acumulados na entrada e saída do túnel.

Fotos: Magnus Nascimento e Alex Régis (Tribuna do Norte)
Fonte: Tribuna do Norte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo