Os reflexos das recentes modificações nas linhas do sistema urbano de Natal demonstram bem o velho ditado de que não se pode agradar gregos e troianos. Obviamente, as mudanças ocorreram para a melhoria do sistema. O próprio SETURN – Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município do Natal – trabalhou sua publicidade voltada para a melhoria que a população terá em seu deslocamento com as novas linhas. Questão de lógica, praticidade, e ainda uma forma de investir no sistema urbano.
Ainda assim, isso não é bem visto por muitos. Não vale nem a pena citar a conservadora oposição com o velho discurso que somos roubados e de que tudo é feito para nos prejudicar. É lamentável este pensamento, uma vez que, apesar de qualquer crise vivida, inúmeros investimentos têm sido feitos, e o sistema deverá melhorar ainda mais com a licitação que mais cedo ou mais tarde chegará a capital natalense. Uma pequena parte de um conjunto muito maior e muito mais complexo que envolve o sistema de transporte. Mas as reclamações estão em um nível muito menor que a desses grandes opositores. É necessário saber que dentro desse conjunto, há a necessidade de operação com linhas longas e que atendam vários trechos – algo tradicional e ao mesmo tempo uma inovação para as recentes linhas modificadas em Natal (17-78, 35, 47-78A e 57). É possível até mesmo aumentar ainda mais a estrutura dessas linhas, quando se puder trabalhar com a região metropolitana integrada.
O discurso proferido pelos desagradados é de que os ônibus demorarão mais e andarão com maior lotação. Neste caso, impera em muitos a zona de conforto e a falta de compreensão com as mudanças, ocorridas com o intuito de melhorar o deslocamento de muitos, sufocando o conforto de poucos – sim, poucos, pois as linhas modificadas, em especial 35 e 47, não tinham uma demanda tão expressiva nem mesmo em horários de pico. Mas não podemos negar que faz sentido às afirmações em relação à demora maior que haverá. Isso, porém, adéqua-se a falta de políticas públicas relacionadas ao trânsito e transporte – não só em Natal, mas em todo país. Qual grande cidade no Brasil, hoje, não enfrenta problemas de engarrafamentos? E o que é pior: problemas que foram praticamente incentivados com a recente baixa no IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) de automóveis por parte do governo, visando o equilíbrio econômico, e em detrimento do não investimento no transporte de massa, ou, ao menos, mobilidade urbana das cidades.
Toda e qualquer mudança, ajuste, em toda ordem relacionada ao transporte, é bem vinda. Desde questões pequenas, como as alterações ocorridas; até questões maiores, como a integração do sistema com a região metropolitana, e as obras de mobilidade urbana – e todas com mesmo nível de importância. É uma parte do ideal em melhorias e investimentos no transporte, podendo, quem sabe assim, agradar a gregos e troianos.