Editorial UNIBUS RN: A ponta do Iceberg

Não é de hoje, caro leitor, que divulgamos vários fatos relacionados ao transporte rodoviário intermunicipal do RN. Mostrando coisas boas sobre ele e, principalmente, coisas ruins, expondo a deficiência que se encontra hoje para se viajar dentro do Rio Grande do Norte.
Mas, parece que o cúmulo da precariedade do transporte intermunicipal veio a tona na semana passada, com o desenrolar nos próximos dias, com uma decisão judicial que pôs em xeque o sistema rodoviário. Uma decisão de um juiz de Caicó quer impedir a Jardinense de operar linhas no seu principal destino, por vários motivos já mostrados aqui no UNIBUS RN.
Cumprindo-se essa decisão, enfim uma ação vinda da justiça será bem vinda. Há anos que os passageiros do Agreste e do Seridó pedem e precisam de um transporte de qualidade. Vidas estão em jogo, compromissos precisam ser cumpridos, empregos precisam ser preservados. E, naquela região, um bom serviço de transporte certamente ajuda para a manutenção de tudo isso – o que não tem hoje, com ônibus velhos, mal conservados, que quebram constantemente ou até mesmo pegam fogo.
Mas, como expomos no título do editorial de hoje, tal decisão só mostra que a situação vivida pelos seridoenses que estão a beira de ficar sem ônibus é somente um pouquinho do que é realidade hoje no transporte intermunicipal do RN.
Falta de estrutura do órgão gestor (que não gere nada), transporte clandestino reinando por aí, empresas a beira da falência, rodoviárias sucateadas pelo interior, transporte opcional deitando e rolando, falta de reajustes nas passagens, falta de incentivos fiscais, não existe qualquer projeto de licitação, nem dados estatísticos existem (afirmação do próprio secretário do órgão gestor em entrevista a um grande jornal local).
Resultado? Em dez anos, 80 linhas foram entregues, quatro empresas faliram, outras foram vendidas. E as que ficaram, na sua maioria, passaram ou passam por grandes crises financeiras.
Ainda bem que nem todas as empresas estão nessa situação. Quem depende de serviços de empresas como Alves e Cabral ainda tem um meio-termo, já que elas, dentro das suas limitações, tentam prestar um serviço de qualidade para os usuários. Mas, as demais? Crítica é pouco para descrever a situação delas.
Essa decisão judicial tomada na semana passada é a ponta de um iceberg. A Jardinense é apenas um exemplo de como está o transporte intermunicipal do RN – a beira do caos. Se uma empresa está nessa situação e deve ser obrigada judicialmente a parar parte de suas atividades, isso mostra o quanto é deficitário o sistema. É preciso uma reformulação já!

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