O Viaduto do Baldo está interditado desde o dia 4 de outubro do ano passado. Quase seis meses depois, nenhum reparo foi feito no equipamento que permanece interditado. Tanto o viaduto do Baldo quanto os trechos sobre o canal sofreram um desgaste considerável nos últimos anos, por falta de manutenção. Por conta do fluxo intenso de veículos, as avenidas Rio Branco e Deodoro da Fonseca não foram interditadas. No entanto, o laudo apresentado à Prefeitura de Natal realizado pelo engenheiro e professor José Pereira da Silva, aponta que o Viaduto do Baldo e os trechos das duas avenidas sobre o canal correm risco de desabar por conta do desgaste.
Diante dessa situação, o Clube de Engenharia do Rio Grande do Norte promoveu na noite da terça-feira (26), uma palestra com o engenheiro responsável pelo estudo que apontou as irregularidades no Viaduto do Baldo, José Pereira da Silva, relativa aos problemas técnicos encontrados. Na próxima sexta-feira, dia 2 de abril, será realizada uma nova palestra. Desta vez para tratar sobre a Ponte de Ferro e de Concreto de Igapó, sendo ministrada pelos engenheiros Eunélio Silva e Manoel Fernandes de Negreiros Neto.
O presidente do Clube de Engenharia do Rio Grande do Norte, o engenheiro civil Eunélio Silva explica que a palestra tem o objetivo de tornar público a sociedade os motivos que levaram a interdição do viaduto do Baldo. O engenheiro conta que a iniciativa da palestra foi motivada pela demora na realização do serviço que é necessário para liberação do equipamento, bem como pelo desconhecimento da população a respeito dos riscos.
“A interdição tem causado um problema social grave e afetado o dia a dia das pessoas que necessitavam trafegar pelo local diariamente. O viaduto é um equipamento de grande utilidade e interligava dois pontos importantes da cidade. Queremos saber por que, meses após a interdição e mesmo de posse do laudo, nenhuma obra foi feita. O problema maior não consiste no viaduto e sim na laje do canal do baldo. Durante a palestra serão apresentadas soluções e alternativas para o problema, mas cabe a Prefeitura a realização urgente da obra, bem como a manutenção regular do equipamento”, destacou o presidente do Clube de Engenharia, Eunélio Silva.
Obras: A Prefeitura ainda não tem prazo para iniciar as obras, isto porque não dispõe de recursos próprios para iniciá-las. O custo necessário para resolver os problemas estruturais do Viaduto do Baldo é de R$ 1,3 milhão e a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi) tem buscado junto ao Ministério da Integração Nacional os recursos para realizar a obra.
No final do ano passado, o relatório elaborado pelo engenheiro José Pereira da Silva foi entregue a então titular da pasta, Tereza Cristina Vieira. O relatório apresentado mostra, além do trecho das avenidas Deodoro da Fonseca e Rio Branco com corrosão, um viaduto cheio de problemas. São ferragens expostas por conta da corrosão do concreto, fissuras, juntas danificadas e um sistema de drenagem falho. Em alguns pontos, nasce vegetação no meio do asfalto por conta do acúmulo de água na estrutura do viaduto. Além disso, uma fenda que, em 2008 tinha 10 centímetros, aumentou de tamanho, atingindo 14,5 centímetros, o que mostra que a situação não se estabilizou.
Caso as escoras sejam colocadas, é possível reabrir o fluxo de veículos no Viaduto. Porém, os técnicos da Semopi constataram que não há empresa especializada para tocar esse serviço em Natal. Por isso, a limitação do fluxo de veículos é algo necessário.
O Viaduto do Baldo foi interditado há quase seis meses, depois de uma decisão do juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Natal, Ibanez Monteiro da Silva. O magistrado atendeu, em parte, o pedido do Ministério Público feito em virtude da falta de manutenção na estrutura, que apresenta várias deteriorações. Foi dado um prazo de 60 dias para que o município promovesse as medidas necessárias à elaboração de um estudo técnico atualizado do nível de comprometimento da estrutura.
A interdição foi pedida pela 28ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, por meio da promotora Rossana Mary Sudário, que ajuizou Ação Civil Pública contra o Município de Natal devido à suposta falta de manutenção da estrutura do viaduto do Baldo. A suposta deterioração das estruturas do viaduto foi denunciada no ano de 2010, quando a Promotoria instaurou Inquérito Civil Público. De acordo com a denúncia, o estacionamento da Cosern já havia sido interditado devido aos pedaços de concreto que se soltavam da estrutura. À época o Município fez inspeção no local e constatou as irregularidades, o comprometimento estrutural dos primeiros vãos ao lado da avenida Prudente de Morais, que apresentavam duas graves patologias estruturais.
Foto: Heracles Dantas (Jornal de Hoje)
Fonte: Jornal de Hoje