Garagem.com: Hora das mudanças

Um sistema de transporte público que se preze tem por dever ser inteligente. Muitas cidades ao redor do mundo dão um exemplo perfeito disso. Infelizmente, Natal – e uma centena de outras cidades pelo Brasil – continua apresentando um modelo absolutamente defasado de transporte público: nenhuma classificação de veículos por tipo de serviço, integrações individualizadas, sistemas diferentes numa mesma área de atuação e primitivismo operacional.
A classificação de veículos por tipo de serviço é apenas a definição do tipo de veículo que é tecnicamente apto a operar uma determinada linha. É comum ver veículos midiônibus operando em linhas de grande demanda, bem como veículos semipesados (categoria das 17 ton.) trabalhando em linhas de baixa demanda. Cabe ao órgão gestor definir qual o tipo de veículo (piso baixo, semibaixo, motor traseiro, motor dianteiro, articulado, biarticulado, duplo deque, etc.) deve operar uma determinada linha.
Uma cidade moderna deve integrar cada modalidade de transporte: trens com ônibus, por exemplo. Natal e Grande Natal possuem vários sistemas que, por pura política, não se integram. O exemplo mais cruel e evidente disso é o que ocorre com as linhas do chamado Anel 01: as semiurbanas (Golandim, Nova Parnamirim, Cidade das Flores, etc.), que utilizam o mesmo cartão de bilhetagem de Natal mas não podem realizar integração nenhuma. Os trens que circulam na Região Metropolitana (RM) datam da década de 70, então, integração é algo que nem sequer se sonha.
Essa falta de integração decorre também da “bagunça” que ocorre com os diferentes tipos de bilhetagem que ocorrem em Natal e RM. Algumas empresas utilizam o cartão de uma determinada administradora, outra utiliza um cartão próprio, e algumas outras nem sequer cartão utilizam. Não que as empresas de ônibus estejam erradas, mas a falta de políticas públicas no sentido de unificar ou pelo menos organizar a bilhetagem gera muita confusão entre os passageiros.
Um dos fatores mais complicados é o “primitivismo operacional” que é a zona de conforto das empresas de ônibus, que parecem ter ficado com a administração nos anos 80. Hoje o passageiro busca um automóvel porque não é bom andar num ônibus de configurações básicas. Fazem falta ônibus mais confortáveis, mais acessíveis! Até o usuário leigo sabe diferenciar um ônibus bom de outro ruim. A visão egoísta das empresas mina suas próprias operações, ao passo que ao invés de conquistarem, espantam passageiros. Há economias que não valem a pena!
Após um “apagão administrativo”, Natal ganha agora, com uma nova gestão, a oportunidade de buscar a vanguarda em um sistema eficiente, inteligente, e principalmente, voltado para o passageiro, que é a razão de existir de todo o sistema. A cidade está fértil, aberta a novas possibilidades. Aguardemos pois as mudanças que devem, que precisam, ser implantadas para que a cidade mostre ao Brasil como é ter um transporte público de qualidade.
Rossano Varela – interino

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