Sinduscon propõe ampliar Ponte de Igapó

O Sindicato da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon-RN) está propondo uma “upgrade” no complexo das duas pontes sobre o estuário do rio Potengi, que liga os bairros das Quintas e Igapó. A proposta é aumentar em, pelo menos, 50% a capacidade de tráfego entre os dois lados de Natal, ampliando o número de faixas de trânsito de quatro para seis.
Segundo o presidente do Sinduscon, Arnaldo Gaspar Júnior,  em dezembro do ano passado, a entidade contratou, em Brasília, o escritório Eduardo Calheiros, que inclusive foi diretor do Dnit,  para elaborar o projeto. O traçado, ainda em elaboração, inclui a retirada do canteiro central e a construção de um novo guarda-corpo (espécie de passarela para a passagem de pedestres entre uma margem e outra do rio). O crescimento da macroestrutura superior exige novos cálculos de engenharia para saber, em que nível, a parte de infraestrutura inferior pode suportar uma nova ponte. Gaspar Júnior disse que a elaboração do projeto sofreu um atraso, porque Eduardo Calheiros foi vítima de um infarto, mas adiantou que está indo a Brasília hoje para discutir o projeto com o escritório. ““A nossa ideia é aproveitar os pilares e fundações que já existem para se fazer uma nova ponte””, explicou Gaspar Júnior.
Segundo ele, o Sinduscon pretende colaborar com a melhoria da mobilidade urbana de Natal, aproveitando o fato de que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já está anunciando a abertura de uma licitação pública para contratação dos serviços de restauração das pontes, “bastando apenas buscar mais recursos para a sua ampliação”. Arnaldo Gaspar Jr afirmou que a proposta já foi apresentada, preliminarmente, ao superintendente regional do Dnit, Ézio Gonçalves.
O presidente do Sinduscon explicou que a ideia é reduzir a 3,5 metros as duas faixas de trânsito da primeira ponte de concreto armado, inaugurada em 1970 e que substituiu a antiga ponte férrea. Para se criar a outra faixa, retiraria-se o canteiro central.  “O estudo vai dizer se a infraestrutura inferior tem condições para suportar a carga das duas pontes, depois de unidas”, declarou Gaspar Júnior. Ele disse que, em lugar do canteiro central, as três faixas, de cada lado, ficariam separadas por uma barreira de concreto, chamada de “New Jersey”.
Segundo ele, atualmente o canteiro central tem sido mais um problema, “porque acumula água, que é infiltrada e contribuem para a deterioração”. A sugestão nasceu em  evento realizado em novembro de 2012, como alternativa para desafogar e diminuir os riscos de engarrafamento na ponte.
Transporte público: A Ponte de Igapó é a principal ligação dos bairros da Zona Norte com o Centro e a Zona Sul de Natal, além de ser uma opção para quem vai para municípios do Litoral Norte e para cidades da região metropolitana de Natal (como Extremoz, São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim).
Diariamente, dezenas de linhas de ônibus passam pela ponte, que faz parte do itinerário de boa parte das linhas com origem nos bairros da Zona Norte. Além dos ônibus, a ponte também serve de trajeto para a linha férrea, que liga as cidades de Natal, Extremoz e Ceará-Mirim.
Inspeção feita em 2012 aponta deterioração: Em julho do ano passado o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RN) já havia feito uma inspeção na ponte de Igapó, quando constatou os níveis de deterioração de sua infraestutura, causada pela maresia e, em consequência, corrosão de concreto e ferro da parte inferior das duas pontes, que tem 180,10 metros de extensão.
O ouvidor do Crea, engenheiro Eunélio Silva, disse que o relatório, sucinto, mas com fotos, foi enviado, naquela época, para a Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), “como peça informativa”, já que se falava na restauração daquele equipamento de trânsito.
Eunélio Silva disse que, por conta do ambiente em que foi construída a ponte mais velha, não existe problemas com as fundações, que têm de suportar a maresia e o movimento das marés todos os dias e duas vezes ao dia. Ele disse que os problemas são mais graves na ponte mais nova, inaugurada no governo Geraldo Melo (1987/1990), onde as vigas e pilares apresentam exposição e corrosão das estruturas de ferro.
Segundo Eunélio Silva, constatou-se na inspeção que o recobrimento das estruturas de ferro não ocorreu como devia, ou seja, “tinha uma espessura de concreto inferior a de 2,5 centímetros”. Ele disse que não tinha como apontar se houve erro, mas acha “que houve um certo relaxamento”, porque o recobrimento feito “não foi o ideal”.
No relatório, está dito que a situação da ponte mais nova “preocupa”, porque o problema “não ocorre de forma isolada”, mas em todos os pilares de parede da ponte, inclusive com as vigas longitudinais apresentando sinais de oxidação nas armaduras e exposição dos ferros.
Outros problemas constatados vão desde as depressões e buracos abertos no guarda-corpo (passagem dos pedestres), que evita de alguém cair no rio e ainda no guarda-rodas, uma espécia de batente que evita que os carros batam diretamente no guarda-corpo. Ele disse que os problemas não devem causar um desabamento todo de uma vez da ponte, mas afirma que “a tendência é haver o rebaixamento” caso se prolongue o seu processo de deterioração.
Foto: Emanuel Amaral (Tribuna do Norte)

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