Motoristas e cobradores do transporte público de Natal iniciam nesta semana as negociações da data-base salarial da categoria, prevista para maio. O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários (Sintro) reivindica reajuste de 15% nos salários, unificação do vale-refeição e concessão plano de saúde. A primeira reunião com proprietários de empresas de ônibus será realizada na próxima quarta-feira.
Diferentemente de anos anteriores, os tradicionais piquetes de motoristas e cobradores, com ônibus parados no centro da cidade, não devem acontecer, garantiu Nastagnan Batista, presidente do Sintro. “Qualquer paralisação é prejudicial. A experiência do ano passado não trouxe bons resultados e nem foi bem recebida pelo público”, avaliou.
Na próxima quarta-feira (17), Batista espera obter avanço na primeira discussão sobre supostos direitos trabalhistas com o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano do Rio Grande do Norte (Seturn). “Vamos discutir à exaustão”, asseverou.
O salário de um motorista é R$ 1.350 e o cobrador recebe 60% deste valor. No ano passado, em meio às turbulentas negociações que tiveram as greves como pano de fundo, o rejuste para a classe ficou acima da inflação, em torno de 6%. Com o reajuste pedido pelo sindicato dos trabalhadores do transporte público, o salário do motorista passaria a ser de R$ 1.552 e o de cobrador, R$ 977. No ano passado, a categoria não obteve a unificação do vale-alimentação, que volta à pauta de reivindicações. Os cobradores recebem R$ 117 e os motoristas R$ 171 pelo benefício, mas o Sintro reivindica que o valor seja único. Ficaria estabelecido sobre o que é pago hoje aos motoristas.
Também será negociada a redução da jornada de trabalho para seis horas, hoje estabelecida em sete horas, e a concessão de plano de saúde. “É algo muito importante para o rodoviário. Quem quiser plano de saúde tem que tirar do bolso porque a empresa não dá”, relata.
Uma possível greve não está descartada se as negociações não avançarem. “Vamos tentar no diálogo, conversando. Podemos resolver sem a necessidade da greve, mas se os patrões não avançarem, não haverá outra saída a não ser a greve”, disse.
Após a primeira rodada de negociações, na próxima quarta-feira, os trabalhadores e patrões voltarão a se encontrar no dia 24. Desta vez, o encontro será intermediado pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
Empresários ainda não firmaram contraproposta: De acordo com Augusto Maranhão, diretor de Comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano do Rio Grande do Norte (Seturn), as empresas não desejam provocar um embate com os trabalhadores. No entanto, afirma que ainda não foi elaborada uma contraproposta. “Vamos buscar uma parceria para conseguirmos manter a sobrevivência do setor, antes que se acabe”, alerta.
O principal motivo alegado para a crise no transporte é o congelamento da tarifa para os usuários, que há 27 meses não sofre reajuste. A tarifa, segundo Augusto Maranhão, é o único financiador do sistema de transporte. Além disso, as empresas também pedem ao poder público a desoneração de impostos.
Ele justificou ainda que a maioria das empresas de ônibus do estado já foi vendida para grupos de outros estados, porém revela que nem esses grupos estão se sustentando financeiramente. “Mesmo os grupos de fora estão repensando suas logísticas porque esperam que as empresas se autopaguem e não que precisem injetar dinheiro todo mês para não quebrar, por não haver subsídios para compensar”, declara.
Fonte: Novo Jornal