Natal vivenciou um dia diferente nesta terça-feira (21) com a realização um protesto conjunto entre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), #Revoltadobusão e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte (Fetarn). Uma multidão estimada entre 3 mil e 4 mil pessoas se aglomeraram no Centro Administrativo, vindo de diversos locais e em alguns pontos fechando ruas e avenidas.
Os protestos tiveram início nas primeiras horas da manhã no viaduto de Ponta Negra com participantes da #Revoltadobusão. O local seria a concentração inicial dos movimentos sociais, mas uma liminar da Justiça impedindo o bloqueio da BR-101 fez com que muitos recuassem, com exceção do movimento liderado pelos estudantes.
Como não podiam realizar a passeata pela rodovia, os manifestantes decidiram caminhar pela calçada até o Centro Administrativo, sob a observação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar.
A #Revoltadobusão se descreve um movimento apartidário e sem lideranças. Todas as decisões do grupo são tomadas em plenárias, entretanto, os seus membros se demonstram independentes. No acesso ao Centro Administrativo, uma parte queria permanecer no acesso e outra entrar para ocupar a praça em frente à Governadoria. Após uma breve discussão os manifestantes entraram.
Desde o início dos protestos, o grupo mantém a política de não falar com a imprensa. No entanto, uma comissão foi formada para passar as informações. O estudante Lucas Santana informou que todas as decisões da #Revoltadousão são tomadas em grupo em caráter democrático e o objetivo hoje era “mostrar que não desistimos e queremos a redução do preço das passagens”.
Ao ser questionado sobre o motivo de muitos manifestantes usarem máscaras, o estudante afirmou que era para se proteger das bombas de gás como as lançadas pela Polícia na última quarta-feira, em um dos protestos. Porém, pela manhã não houve momentos de exaltação que justificasse o uso de bombas, nem de máscaras.
No fim da manhã, outra plenária foi convocada e novas divergências surgiram. Uma parte do grupo defendia pela ocupação da BR-101 em forma de protesto contra o aumento das passagens, enquanto outra parte defendia a continuação da panfletagem nas paradas e a prática da “roletagem”, ou seja, entrar nos coletivos e saltar sobre as catracas sem pagar passagem.
Por fim, o grupo decidiu convocar outra plenária no fim da tarde para deliberar os posicionamentos e decidir que ações que seriam tomadas no decorrer da semana. Alguns manifestantes disseram que não descartam o fechamento de ruas, mesmo com a liminar em vigor.
Mais ações: No protesto, foram formadas comissões para discutir pontos específicos. E as plenárias ocorridas deram o direcionamento do que cada comissão irá fazer.
Um grupo será responsável de ir até a Universidade federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para debater junto à direção da instituição sobre medidas que poderão ser adotadas acerca de possíveis atos de violência sofridos por alunos da instituição. A expectativa é que o encontro com representantes da UFRN ocorresse ainda hoje, mas, até o fechamento da matéria, não há informações sobre o acontecimento da reunião.
Ainda durante a tarde, outro grupo tentará junto à comissão de Planejamento Urbano, Meio Ambiente, Transportes e Habitação, da Câmara Municipal do Natal, uma reunião para discutir de que forma os parlamentares poderão colaborar com os pleitos dos manifestantes.
Flores e corações: Em resposta à Justiça, que autorizou as polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar a usarem a força para impedir a interdição da BR-101 durante protesto marcado para a manhã desta terça (21) na capital potiguar, o movimento afirmou que usará flores e corações. “Temos a arte e a cultura como instrumento de diálogo. Nós queremos o debate, não o embate. Vamos usar flores, vamos escrever mensagens de paz, pintar corações no asfalto”, afirmou Tiago Aguiar, membro do comitê de comunicação do #RevoltadoBusão.
Na manhã da segunda-feira (20), durante mais um protesto #RevoltadoBusão, vários manifestantes tinham flores nas mãos e vestiram branco, também em resposta a ação policial durante o manifesto realizado na semana passada, quando as polícias Rodoviária Federal e Militar usaram bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, balas de borracha e spray de pimenta contra os manifestantes. A polícia diz que agiu em represália a ação de alguns jovens que arremessaram pedras nos policiais. Os manifestantes rebateram, dizendo que o movimento seguia pacífico até a polícia agir com violência. No final da confusão, sete manifestantes foram presos. A PM informou que três policiais ficaram feridos e divulgou foto de um deles lesionado.
