O movimento #RevoltadoBusão voltou às ruas nesta quinta-feira (6) para protestar contra os aumentos nas passagens dos ônibus da Grande Natal e cobrar melhorias no transporte público. Centenas de manifestantes participaram do ato, que começou a concentração por volta das 17h nas imediações do viaduto da BR-101 no cojunto Mirassol, e se encerrou às 21h30 nas proximidades do shopping Midway Mall.
Diferente do que aconteceu no último dia 15 de maio, quando houve confronto entre a Polícia Militar e os integrantes do movimento, desta vez o ato transcorreu sem intervenção policial. De acordo com o major Marlon de Góis, que comandou o Batalhão de Choque da PM no local, o momento mais tenso ocorreu quando um manifestante caiu do viaduto Quarto Centenário.
“Usamos a cautela, mas sentimos que alguns deles é que partiram para o confronto”, afirmou o policial, pouco depois de uma pedra ter sido atirada contra as viaturas na avenida Bernardo Vieira, perto do cruzamento com a avenida Salgado Filho. A estimativa da PM, que assumiu o comando da segurança depois que o movimento saiu do perímetro da BR-101, é que 400 pessoas participaram da caminhada e 200 se concentraram nas imediações do Midway Mall.
Na pauta de reivindicações que o movimento #RevoltadoBusão mantém no Facebook, consta a redução imediata das tarifas em toda Grande Natal; fim da dupla função do motorista cobrador; bilhetagem única (ônibus e alternativos); integração entre os ônibus da Grande Natal; passe-livre para estudantes e desempregados; criação do fórum permanente sobre transporte público; ônibus 24h; renovação imediata de toda frota; retorno imediato de todas as linhas extintas; e construção de corredores exclusivos para ônibus, bem como malha viária adequada para ciclistas (ciclovias).
O protesto: O protesto desta quinta-feira começou por volta das 17. Após a concentração na parada do circular da UFRN, no conjunto Mirassol. Os manifestantes desceran para a BR-101 e queimaram pneus em frente ao shopping Via Direta. Integrantes do movimento negociaram com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que aguardou uma proposta em que os manifestantes só ocupassam uma das faixas da rodovia federal.
Entretanto, apesar de a Justiça ter autorizado o emprego de força policial para coibir qualquer interrupção no trânsito da cidade, o movimento ignorou a determinação e ocupou as duas pistas da BR-101. A PRF observou a movimentação enquanto tentava negociar a liberação das vias. O grupo tentou fazer ‘roletaço’ – ato de entrar no ônibus sem pagar – no sentido Natal-Parnamirim e em seguida atravessou a rodovia, partindo em direção ao Midway Mall.
No caminho o representante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Jules Queiroz, tentou intermediar a dispersão do movimento. “Há uma decisão judicial que impede o bloqueio da BR-101. Existe o risco de repressão policial caso a ocupação continue”, explicou o advogado. O movimento parou na altura do viaduto do conjunto Potilândia para decidir os rumos do protesto. A decisão foi continuar. Antes disso, os manifestantes promoveram mais um ‘roletaço’.
A caminhada foi desviada na altura do viaduto Quarto Centenário. O grupo passava pelo viaduto no momento em que um dos integrantes caiu. A #RevoltadoBusão então seguiu pela avenida Prudente de Morais até o Midway Mall. No caminho, sacos de lixo foram queimados.
Ônibus: O diretor da empresa Cidade das Dunas, Augusto Maranhão, informou que as empresas não impediram que alguns motoristas parassem de circular. Não se sabe quantos de fato interromperam o itinerário dos veículos. De acordo com o fiscal da empresa Via Sul, Edivaldo Nelo, a empresa recomendou que os ônibus fossem recolhidos. Segundo Nelo, cinco veículos da empresa tiveram os vidros quebrados.
Ato nacional: Protestos semelhantes aconteceram nesta quinta em outras três cidades que também tiveram aumento de tarifa de ônibus: São Paulo, no Rio de Janeiro e Goiânia.
Em São Paulo, a manifestação, organizada pelo Movimento Passe Livre, reuniu cerca de dois mil estudantes, trabalhadores e representantes de partidos políticos, entre outros, no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade, seguiu pelas ruas do centro, passando pela Prefeitura, e continuou pelas avenidas 23 de Maio e 9 de Julho até chegar à avenida Paulista.
No protesto, manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar e a Tropa de Choque. Segundo a reportagem do Último Segundo, às 21h a Tropa de Choque dispersou os manifestantes, em sua maioria jovens na faixa dos 20 anos, com bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, dispersando os participantes do protesto em direção à Avenida da Consolação. Os manifestantes jogaram cestas de lixo.
No início da semana, começou a vigorar o aumento das passagens de ônibus e de metrô na capital paulista, de R$ 3 para R$ 3,20. O Movimento Passe Livre promete novos protestos contra o aumento nos próximos dias.
No Rio de Janeiro, os manifestantes ocuparam toda a pista central da avenida Presidente Vargas, na altura do cruzamento com a avenida Rio Branco – as duas principais vias da região central. Organizada por meio de uma rede social, a manifestação reuniu cerca de 200 pessoas.
O trânsito ficou parada por mais de uma hora até que a pista fosse liberada pouco antes das 20h por agentes de CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego). O tráfego de veículos também foi afetado em outros pontos do centro, como as vias de acesso à ponto Rio-Niterói e à zona sul.
A passagem no Rio aumentou neste mês de R$ 2,75 para R$ 2,95.
Já em Goiânia, os manifestantes se reuniram à tarde, em frente ao Teatro Goiânia, e percorreram a Avenida Anhanguera, no Centro. Houveram registros de pneus queimados, bombas caseiras e um carro da polícia teve o vidro estilhaçado. Os manifestantes também reclamaram de má qualidade no serviço de transporte coletivo da capital e fizeram uma encenação da atuação da tropa de choque da Polícia Militar em manifestações que terminaram em confronto.
Em meio a protestos, a passagem de ônibus na capital goiana subiu de R$ 2,75 para R$ 3 no último dia 22 de maio.
Foto: Felipe Gibson (G1 RN)