Reajuste intermunicipal: Clandestinos e alternativos disputam a demanda com o transporte regular

A disputa pelos usuários de transporte público dos dez municípios da Região Metropolitana de Natal é ferrenha. O sistema alternativo que nasceu para complementar o serviço atualmente termina, juntamente com os veículos clandestinos, dividindo a demanda com as grandes empresas.
De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor), o acordo inicial para a entrada do transporte alternativo legalizado no sistema de transporte público era de que ele seria responsável por complementar a demanda. Assim, os alternativos ficariam com 12% do bolo de toda Região Metropolitana, cobrindo os espaços deixados pelas empresas.
O cenário, no entanto, é bem diferente. “Apenas os alternativos são responsáveis por 40% da demanda. Se somar com os clandestinos chega a metade dos usuários transportados”, afirma o presidente da Fetronor e empresário Eudo Laranjeiras.
O total de passagens diárias ficaria dividido em cerca de 140 mil passageiros para cada “setor”. A disputa maior, segundo Eudo, é na Zona Norte. Dois pontos concentram o transporte clandestino direcionado a cidades como Extremoz, Ceará Mirim e São Gonçalo. “O problema é tão grande que tem empresa que já desistiu de operar uma linha em Jenipabu. E na semana seguinte os clandestinos dobraram o valor da tarifa, não tem mais direito à gratuidade e à meia passagem”, aponta Laranjeiras.
Na visão do empresário, a função do alternativo, dentro do sistema de transporte público, foi desvirtuada ao longo do tempo. “O certo seria que os alternativos entregassem o passageiro aos ônibus, que fariam uma viagem maior ou mesmo os deixaria em estações de trem, que é o transporte de massa que pode transportar mais gente”, afirma Eudo.
Debate sobre preço único ainda vigora: A unificação da tarifa de transporte na Grande Natal já foi alvo de discussões entre os gestores municipais da região, na Câmara Municipal da capital e até mesmo na Assembleia Legislativa, através de audiências públicas, mas nunca saiu do papel.
O assunto também faz parte do projeto de mobilidade urbana apresentado pelos vereadores Rafael Motta e Paulinho Freire e o deputado estadual Kelps Lima. Dentro do projeto, os parlamentares pretendem apresentar propostas no sentido de unificar a tarifa em toda a região metropolitana.
Para Eudo Laranjeiras, a unificação é possível de ser feita, mas com reflexos diretos na tarifa de Natal. “É possível unificar, mas teríamos sérias complicações para equilibrar os valores. Não seria justo com o natalense ter que pagar por alguém que vem de muito mais longe”, analisa.
O empresário lembra que até os anos 1980, a capital chegou a ter um sistema de tarifas por distância, mas com a popularização de conjuntos residenciais como Cidade Satélite, Neópolis e alguns outros na Zona Norte, considerados distantes, criou-se a tarifa média. Ele defende que a tarifa não seja unificada por completo, mas sim com “anéis” de distância. “Em Parnamirim já se chegou a operar cinco tarifas diferentes. Com o crescimento da cidade agora está com três valores, caminhando para duas. Este modelo, em maior escala, deveria ser adotado”, apontou.
Outra saída, segundo Eudo, seria uma forma de subsídio ao sistema de transporte. Ele o compara com a distribuição de energia elétrica. “Se você deixar sua casa fechada por três meses, vai ter que pagar conta de energia porque ela vai estar a sua disposição, iluminando a rua. Da mesma forma também está o transporte público, que está ali, pronto para quem quiser usar”, explica o empresário.
Laranjeiras pondera sobre as razões de que o subsídio não seja concedido. “No Brasil é difícil admitir que os empresários precisam ter lucro e, assim, fica difícil aparecer quem queira dar subsídio ao empresariado”, lamenta.
Fonte: Novo Jornal

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