Integrantes da manifestação contra o reajuste na tarifa do transporte público coletivo de Natal foram às ruas mais uma vez para protestar. Por volta das 16h de ontem, um grupo de aproximadamente 50 estudantes se concentraram na parada de ônibus em frente ao Carrefour, às margens da BR-101. A intenção do grupo era se deslocar até Parnamirim para promover um ato na cidade vizinha porém, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contiveram a manifestação, sem a necessidade do uso de força policial.
Os agentes, assim como aconteceu no protesto realizado semana passada, fizeram a leitura da decisão do juiz federal Magnus Augusto Costa Delgado autorizando a PRF e a Polícia Militar a utilizarem as tropas de choque durante a manifestação, caso as faixas da via federal fossem interditadas. A ordem, no protesto de ontem, foi obedecida e os manifestantes seguiram em caminhada pela calçada até outra parada de ônibus localizada em frente a uma antiga concessionária de veículos.
Lá, tentaram promover um “roletaço”, no entanto, devido a uma forte chuva, o grupo mudou de ideia. A passeata da “Revolta do Busão” seguiu em direção a avenida Engenheiro Roberto Freire. Debaixo de chuva, os manifestantes gritavam palavras de ordem e exibiam cartazes com frases contra o aumento no preço das passagens.
Em uma das esquinas da avenida, outro grupo de manifestantes promovia um ato contra as obras de mobilidade na via estadual. Os dois grupos se uniram e, mesmo com a forte chuva, continuaram o protesto. “Estamos aqui para mostrar a população que essa obra é um absurdo. O Estado vai gastar mais de R$ 200 milhões e ainda vai acabar com parte do Parque das Dunas. Não podemos permitir”, disse Deth Hack, uma das organizadoras da manifestação.
O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania (Coedhuci), Marcos Dionísio, esteva no protesto e afirmou que outros atos serão realizados para que a sociedade tome conhecimento do que ele classificou de “ato irracional do Governo do Estado”.
Segundo Dionísio, a obra de mobilidade da Roberto Freire trará prejuízos à população. “Essa obra é um ato impensado da administração. É irracional querer fazer uma obra desse porte. O problema da mobilidade, nessa avenida, poderia muito bem ser resolvido com apenas três viadutos, e não com esses túneis”, colocou Dionísio.
Os integrantes da “Revolta do Busão” encerraram a manifestação de ontem com um “roletaço”. De acordo com o universitário Mauro Cardia, hoje em uma plenária de avaliação do ato serão definidas as próximas manifestações. Existe a possibilidade de um grande ato no dia 20.
Manifestantes vão às ruas em São Paulo: A manifestação na capital paulista começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação.
Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, at é o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.
Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas.
A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas. Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse.
O jornal ‘Folha de S.Paulo’ diz que teve 7 repórteres atingidos no protesto, entre eles Giuliana Vallone e Fábio Braga, que levaram tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial. Um jornalista da revista ‘Carta Capital’ e um fotógrafo do portal ‘Terra’ foram levados para o 78º DP, nos Jardins, na Zona Sul da cidade, mas foram liberados por volta das 19h30. Outros detidos relataram ao G1 terem sido levados à delegacia por portarem vinagre e spray.
Protesto também no Rio de Janeiro: Terminou por volta das 22h desta quinta-feira (13) o protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no Centro do Rio. Até as 20h45 a manifestação era pacífica, no entanto, houve confronto quando manifestantes sentaram no cruzamento das avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. Até as 22h45, pelo menos 18 pessoas foram detidas, embora a polícia não confirmasse o número oficialmente. Na 5ª DP (Gomes Freire), para onde foram levados dois dos manifestantes, um grupo ficou na porta da delegacia à espera dos companheiros.
Durante o protesto, a Tropa de Choque da Polícia Militar utilizou bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Em resposta às bombas, manifestantes jogaram flores nos agentes policiais.
A tarifa aumentou de R$ 2,75 para R$ 2,95 no dia 1º de junho. Segundo a PM, às 19h havia 2 mil pessoas no ato, que começou na Igreja da Candelária com destino à Cinelândia.
Maceió registra manifestação: Os estudantes alagoanos aderiram ao movimento nacional contra o aumento da passagem de ônibus e realizaram, na tarde desta quinta-feira, 13, um ato público no Centro de Maceió.
Os estudantes se concentraram em frente à Transpal do Centro e em seguida, saíram em caminhada pelo até o prédio da Câmara Municipal de Maceió, a fim de sensibilizar os vereadores. O que eles não sabiam é que hoje não houve sessão, em função de uma festa de servidores da Casa de Mário Guimarães que estava marcada antes da mudança de horário. A assessoria de imprensa da Transpal informou que o prédio precisou ser fechado e o atendimento suspenso para evitar transtornos.
De acordo com o estudante e membro da Assembleia Nacional dos Estudantes (Anel), Wibson Ribeiro, este é o primeiro ato público que visa o congelamento da tarifa de ônibus em R$ 2,30. “Sabemos que o valor de R$2.30 permanece pelo menos até 1º de julho quando o Tribunal de Justiça deve decidir se haverá ou não o aumento, mas este reajuste de R$ 2.85 é um absurdo. Não temos melhoria nenhuma na frota de ônibus. Os coletivos andam lotados e sem condições de uso. Além da falta de segurança”, afirmou o estudante. Como se não bastasse a falta de estrutura dos coletivos em Maceió, os estudantes reclamam ainda da insegurança nos ônibus. É o caso da estudante Jéssica Duarte, que segurava o cartaz “Fui roubada andei de ônibus!”.
No dia 21 deste mês, os estudantes agendaram uma reunião com a SMTT. Lá, os manifestantes pretendem realizar outro ato público na parte alta da cidade.
Anistia Internacional repudia violência: A Anistia Internacional manifestou preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos no Rio de Janeiro e em São Paulo. A organização mencionou a prisão de jornalistas e de manifestantes.
A organização declarou que é contra a depredação do patrimônio público e atos violentos e que considera urgente o estabelecimento de um canal de diálogo entre as duas partes.