Históricos. Essa é a melhor palavra para definir as manifestações que estão tomando conta do Brasil nos últimos dias pedindo melhores condições de vida da população e que tiveram como estopim o aumento da tarifa do transporte público nas cidades de Goiânia, São Paulo e aqui em Natal, onde tudo começou.
Tais protestos já deram resultado: em diversas cidades país afora, inclusive nas três que citamos onde começaram as manifestações, as tarifas baixaram. Seja por medida judicial ou por atos dos governantes, quem estava protestando já conseguiu uma grande vitória, que foi traduzida na redução das tarifas.
Porém, há de se ressaltar que os governantes resolveram alterar as tarifas em um ato de impulso, temendo que a segurança pública perca o controle das manifestações. Aqui em Natal, por exemplo, o prefeito Carlos Eduardo reduziu ontem a tarifa sem especificar de onde sairão os recursos para suprir as empresas que terão redução no faturamento. Redução de impostos, talvez, seja o caminho.
Mas, e se os tributos não forem reduzidos? Como fica a situação do transporte público na capital potiguar?
Neste editorial não queremos defender ninguém – sejam os empresários, sejam os governantes, sejam os manifestantes ou muito menos os arruaceiros. Apenas alertamos que tal medida está sendo uma ação emergencial para conter as manifestações, já que em algumas ocasiões estão saindo do controle. Medida essa que, provavelmente, não está levando em conta a saúde financeira das empresas e pondo em risco o emprego de motoristas e cobradores de ônibus.
Porém, o medo maior é o pós-protestos. Quando a poeira baixar e os protestos cessarem, vamos aguardar o que vai acontecer com as empresas e com a tarifa. Como virou moda protestar, não será surpresa se as redes sociais registrarem novas movimentações caso a tarifa seja alterada mais uma vez.
Reiteramos, aqui, que são protestos históricos e que estão levando o Brasil a repensar suas atitudes para melhorar a qualidade de vida da população. Mas, há de se entender que os atos feitos pelos governantes podem ter consequências lá na frente. Vamos aguardar as próximas páginas dessa nova história.