Assaltos: Motorista sofre quatro roubos em quatro meses

Colocando uma lupa nos números, aparecem os dramas pessoais de cada um dos motoristas, cobradores e usuários que sofreram nos 270 assaltos deste ano. Armas na cabeça, ameaças de morte e agressão são o roteiro repetido de um filme que ninguém nunca quer ver, nem muito menos ser um dos atores.
Depois de passar por quatro assaltos entre janeiro e abril, além de outros dois no ano passado, o motorista Klebeny Oliveira não suportou a carga emocional. Há dois meses ele está afastado do trabalho na empresa Santa Maria. Das quatro ocorrências, três foram na linha 44 (Cidade Satélite/Ribeira – Via Alecrim) e o último na linha 24 (Planalto/Ribeira – Via Prudente de Morais), quando levaram R$ 144 do caixa do cobrador e pertences dos passageiros.
O crime foi cometido uma parada antes da Delegacia de Plantão da Zona Sul, na avenida Prudente de Morais, em Candelária. “Em dois assaltos foi um casal que subiu no coletivo. Os dois armados. A mulher era mais agressiva do que o homem, ameaçando toda hora”, lembra o motorista.
Por determinação médica, ele está tomando dois remédios de tarja preta: alprazolam (psicotrópico indicado para depressão e ansiedade) e o cloridrato de fluoxetina, popularmente conhecido como Prozac, destinado para transtornos de pânico, ansiedade e depressão.
“Tem muitos colegas abandonando a profissão porque não aguentam mais essa pressão. Todas às vezes colocaram armas na minha cabeça”, diz Klebeny. Ele ainda conta que as câmeras de vigilância instaladas nos veículos não inibem a ação dos bandidos, assim como o sistema de “botão do pânico” também não funciona mais. “A maioria dos carros não tem. E os que tinham, foram retirados”, afirma o motorista.
De acordo com o major Carlos Macedo, comandante do Ciosp, o sistema não está funcionando porque está em manutenção. Apenas duas empresas das seis que operam em Natal fazem uso do botão. “O equipamento é colocado pelas empresas. Nós apenas operamos o sistema. Quando estava funcionando conseguimos diminuir 40% dos assaltos nas linhas que tinham o botão”, conta o major.
SINTRO pede mais atenção das autoridades: O presidente do Sintro, Nastagnan Batista, considerou as medidas relatadas pelos policiais militares e civis alentadoras diante do quadro caótico que o sistema enfrenta desde o início do ano. No entanto, para o sindicalista, a situação precisa de uma discussão, além de ações dos setores de segurança pública. E no momento em que milhões de pessoas foram às ruas em uma discussão que começou com o transporte público, o sindicalista acredita que esta é a ocasião ideal para ir mais a fundo na questão.
“É claro que nossa sociedade precisa conversar sobre segurança pública. Se fomos às ruas para pedir a diminuição do valor das tarifas e o pedido foi atendido, tem como pedir mais. E nesse momento temos que lutar pela vida de todos, não só dos usuários e operadores do sistema rodoviário”, analisou.
Procurado pela reportagem, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn) afirmou que não poderia comentar a respeito da insegurança nos ônibus, pois seus dados estão desatualizados.
Fonte: Novo Jornal

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