Porém, tais benefícios acabam trazendo problemas. Está sendo cada vez mais comum ver atitudes infantis, sobretudo em sites especializados e em grupos de redes sociais, como discussões bestas, agressões gratuitas e outras ações que nem vale a pena colocar adjetivos. E, em muitos desses casos, pessoas com bastante tempo no hobby, adultos até, acabam colocando lenha na fogueira.
Vendo tal panorama, formulamos a pergunta que dá título a esse editorial, excepcionalmente publicado nesse sábado: Estariam barbados voltando a ser crianças?
Tal pergunta reflete muito a imagem que a busologia – ou o estudo do transporte, como também pode ser chamada – tem hoje na sociedade. Não é incomum, em qualquer lugar, encontrar pessoas que dizem que esse hobby é coisa de doido ou de criança – apesar de barbados e gente de mais idade compartilharem do que gostamos.
O problema, caro leitor, não é na forma como as pessoas veem este hobby – que é um como outro qualquer. Tal denominação se dá pelas atitudes e/ou ações que alguns especialistas tomam e/ou fazem para somente praticar aquilo que gostam.
Como mostramos em outra edição do “Editorial UNIBUS RN”, no ano passado foi veiculada em uma emissora de Minas Gerais uma reportagem sobre os busólogos da região. Claro, isso gera orgulho para todos da classe, pois mostra uma atividade que cresce a passos largos no Brasil. O enfoque da reportagem foi excelente, mostrando a essência de como é ser um admirador ou estudioso do ônibus. Mas, algumas atitudes mostradas na matéria, como correr atrás de alguns desses veículos, se arriscando somente para tirar a melhor foto, acabaram por arranhar a imagem da busologia perante a sociedade.
Mas, não é só em Minas Gerais que atitudes infantis estão acontecendo. Em vários polos da busologia brasileira, como grupos nordestinos (Nos reservamos em não dar o nome dessas localidades) e um famoso site do gênero, briguinhas por besteiras, atitudes impensadas e atritos desnecessários, por exemplo, estão mostrando o lado mais criança da busologia: o lado impulsivo, sem o bom pensamento do que se pode fazer, nem mesmo pensando nas palavras que se vai digitar.
Se fosse o caso, citaríamos aqui todas as ações presenciadas pela nossa equipe em diversos locais, redes e mídias sociais, das quais tiramos essa conclusão. Porém, como são muitos os acontecimentos e, certamente, você se cansaria de ler este texto, preferimos não colocar nenhum (Certamente você já leu algo do tipo) e antecipamos uma conclusão preocupante e que responde a pergunta lá do início deste editorial de hoje: infelizmente, o que muitos fazem demonstra o quanto a busologia hoje está se infantilizando para poder crescer.
Com cada vez mais pessoas jovens, sobretudo adolescentes, situações desagradáveis estão acontecendo país afora. São mais praticantes no Brasil, porém, com uma cabecinha mais oca e imatura, demonstradas nas situações mais simples.
É necessária uma mudança de pensamento e atitudes. Se a busologia é uma criança hoje, o ciclo da vida tem de continuar, dando a adolescência e a idade adulta a esse hobby! Não é possível que pessoas mais maduras tenham atitudes de crianças pequenas apenas para promover sua forma de ver e estudar o ônibus. Tornar o hobby “crianção” só afasta aqueles que, realmente, querem mostrar o que sabem e exercer, corretamente e maduramente, a paixão pelos ônibus.
É preciso amadurecer as atitudes, fazendo do hobby de estudar e admirar ônibus coisa de gente grande – de preferência, colocando essa mentalidade naqueles que, desde cedo, já gostam e admiram ônibus.
E nada melhor do que o dia das crianças para refletirmos sobre essas atitudes. É preciso fazer da busologia coisa de gente adulta. Já passou da hora de crescer!