Os corredores seletivos para ônibus, chamados de BRS (Bus Rapid System), podem ser uma solução emergencial para a crise da Mobilidade urbana nas cidades brasileiras. A ideia é construir 2 mil quilômetros de corredores BRS nas 45 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes, para reduzir o tempo de viagens dos ônibus e, consequentemente, aumentar a oferta de transporte.
Segundo o diretor institucional da Associação Nacional das Empresas de transporte urbano (NTU), Marcos Bicalho, a proposta já foi apresentada no Comitê Técnico de Trânsito, transporte e Mobilidade urbana, do Conselho Nacional das Cidades, em Brasília, e deve ser implementada em breve. “O clamor das mas criou um ambiente favorável à criação das faixas exclusivas de ônibus. É a solução mais rápida para melhorar a mobilidade. Acredito que, em um prazo de um ano, poderemos ter esses 2 mil quilômetros de BRS”, afirmou Bicalho, que faz parte do comitê.
Os investimentos necessários para essa expansão dos sistemas BRS, segundo Bicalho, seriam de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões e os recursos viriam do Pacto da Mobilidade, anunciado pela presidente Dilma Rousseff, com recursos de R$ 50 bilhões, em junho, após as manifestações. O diretor da NTU diz que a velocidade média comercial dos ônibus urbanos pode aumentar em 30% ou até 40% com o BRS. Com isso, um mesmo veículo pode fazer mais viagens e, consequentemente, aumentar a oferta de transporte. O custo de cada viagem também é reduzido, porque o ônibus preso nos engarrafamentos tem maior consumo do diesel, que acaba pesando mais nas tarifas. “Um aumento da velocidade média dos ônibus de 50% representa uma redução de custos de 20%, segundo simulação que fizemos”, explicou Bicalho, acrescentando que o Rio é um exemplo na implementação do BRS.
Nazareno Stanislau Affonso, coordenador do Movimento de Democratização dos Transportes (MDT), que integra o comitê representando a sociedade civil, também é favorável ao projeto. Segundo ele, nas grandes cidades brasileiras, os veículos particulares ocupam 80% das vias e o transporte público, 20%. “É preciso reverter essa proporção e o BRS é a forma mais rápida para isso. O Rio de Janeiro e São Paulo já estão fazendo isso”, afirmou, lembrando que a vantagem para a implementação do BRS, além da rapidez, é o baixo custo em comparação com outras soluções, como o BRT (sistema de veículos com maior capacidade que exige estações de embarque e pistas exclusivas).
No Rio de Janeiro, onde foi implementado o BRS há dois anos, houve um ganho de velocidade média de 20 %, segundo a Secretaria Municipal de Transportes. Atualmente, a cidade tem 23,2 km de faixas preferenciais e, neste ano, deve receber mais 14 km. Na semana passada, São Paulo inaugurou mais 9,9 km de faixas seletivas, que já somam 150 km.
Fonte: Brasil Econômico / NTU