CE: O que precisa melhorar no transporte no público de Fortaleza

Cidades em que o foco não seja o transporte particular, mas o público e, em que investimentos nesse transporte o tornem competitivo, oferecendo qualidade, rapidez e segurança. Essa realidade é uma das saídas para a atual situação da mobilidade urbana e, especificamente, do transporte público, que penaliza os dias de milhões de brasileiros em viagens longas, desconfortáveis e caras.
Com foco na temática, o debate “O transporte coletivo que temos e o transporte público que queremos” reuniu na manhã de ontem o engenheiro e ex-secretário municipal de Transportes de São Paulo, Lúcio Gregori, a professora Marta Bastos, do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), assim como integrantes de movimentos populares no Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc).
Além da qualidade do transporte público, o evento também discutiu o Passe Livre, com a presença do integrante do Movimento Passe Livre (MPL), de São Paulo, Lúcio Gregori. Ele indicou ser “uma insanidade querer resolver o problema da mobilidade com a construção de mais vias. Isso revela o quanto os interesses econômicos se sobrepõem à racionalidade”.
Para Lúcio Gregori, os espaços da cidade precisam ser repensados, pois hoje eles são ocupados de forma ditatorial pelo veículo. Além disso, para a transformação da situação atual, ele indica haver a necessidade mudar a forma como são concebidos os contratos com as empresas que prestam serviço ao transporte público, assim como investir em corredores exclusivos, mais oferta de ônibus e no conforto.
E, para que isso não saia caro para os passageiros: subsídio público, o que implica em disputas políticas, ressalta. “A mudança é demorada. Levamos 53 anos para chegar à situação atual de vias entupidas de carros, então precisamos de ações contínuas para a mudança”.
Marta Bastos analisa que Fortaleza foi entregue à especulação imobiliária, o que causou um crescimento desordenado, permissivo e sem investimento em infraestrutura viária. Ela também lembra que a realidade local é muito atrasada no que diz respeito aos outros modais de transporte.
“O nosso direito de andar no transporte coletivo não é de andar amassado. Nós pagamos é para ter um transporte de qualidade”, ressaltou Rose Lima, integrante do Movimento dos Conselhos Populares (MCP), lembrando que os usuários não podem se calar diante de situação de humilhação, como veículos superlotados.

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