Nesta semana, um polêmico projeto que envolve grande parcela dos usuários do transporte público natalense foi aprovado na Câmara Municipal. Por unanimidade, os vereadores aprovaram a implantação do Passe Livre para os estudantes de Natal.
Porém, a grande questão é a forma como se vai bancar esses valores, que estão estimados em cifras milionárias. Por isso, excepcionalmente nesta edição do “Editorial UNIBUS RN”, reproduzimos aqui o comentário do jornalista Diógenes Dantas veiculado no “Jornal 96”, da Rádio 96 FM, e no portal Nominuto.com. O texto “Passe livre: vereadores jogaram os estudantes no colo de Carlos Eduardo” foi publicado no portal e lido no rádio no último dia 09 de outubro. Confira o comentário abaixo:
O prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) ganhou um abacaxi para descascar. O projeto do ‘passe livre’ foi aprovado, por unanimidade dos presentes em duas sessões de votação, na Câmara Municipal de Natal.
Os vereadores, a maioria por medo de enfrentar o mau humor de estudantes da #revoltadobusao e do Movimento do Passe Livre, jogaram a responsabilidade no colo do prefeito.
Estima-se que a conta do passe livre vai custar aos cofres públicos mais de R$ 34 milhões por ano. Agora, todo mundo deseja saber: Quem vai pagar a conta do passe livre?
A Prefeitura de Natal está falida. O Estado do Rio Grande do Norte está quebrado. A União não coloca a mão no bolso para cobrir a despesa, porque, se tiver de pagar o passe livre em Natal, terá de pagar a conta de todas as cidades brasileiras que operem o sistema de transporte coletivo. Quem vai pagar a conta?
Pelo texto da lei aprovada ontem, de autoria da vereadora Amanda Gurgel (PSTU), o dinheiro virá do orçamento municipal, de convênios com os governos estadual e federal, e da redução da margem de lucro dos empresários.
Duvido muito que todos estes segmentos se entendam sobre o assunto. Um vai ficar empurrando a conta para o outro.
Além da questão financeira, os vereadores, de caso pensado ou não, criaram um ‘baita’ problema político para o prefeito Carlos Eduardo.
Se ele vetar a lei aprovada, o que é mais provável, corre o risco de enfrentar a fúria da estudantada. Ontem, alguns vereadores já conclamavam os defensores da proposta do passe livre para ocuparem o Palácio Felipe Camarão, sede do poder municipal, até que o prefeito aprove a medida. Só Deus sabe o que vai acontecer se o movimento ganhar força e chegar as ‘vias de fato’.
O veto do prefeito ao ‘passe livre’ poderá inviabilizar seu projeto de concorrer ao governo estadual, cenário que está sendo construído nos bastidores da política.
Ontem, eu perguntava aos meus botões: será que boa parte dos vereadores aprovou o projeto somente para criar problemas políticos para o governadorável Carlos Eduardo??? Talvez. Talvez.
Se sancionar a lei aprovada na CMN, o prefeito Carlos Eduardo assumirá uma conta que não tem a mínima condição de pagar. Pelo visto, o caminho é judicializar o assunto, jogando o projeto do ‘passe livre’ para as calendas gregas.
Por Diógenes Dantas