Seturn alega que estatização da venda de passagens pode inviabilizar atual sistema de transporte público

A transferência do controle da venda de passagens de transporte coletivo para a prefeitura, hoje nas mãos do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), pode inviabilizar o funcionamento do sistema nos moldes atuais e significar o fim da NatalCard, empresa com investimentos de mais de R$ 20 milhões. Isso porque, de acordo com o Seturn, a prefeitura não tem condições de manter a estrutura bancada atualmente pelas empresas de ônibus. A possibilidade de mudar o controle de venda de cartões está prevista no projeto de unificação da bilhetagem eletrônica, sancionado pelo prefeito Carlos Eduardo, cujo objetivo é integrar a comercialização de passagem de ônibus e vans.
Em agosto de 2012, o Seturn tinha 200 empregados, mas precisou demitir 90 por causa da gradativa defasagem nas tarifas. O fim da NatalCard também será a demissão de mais 110 trabalhadores da empresa e ameaça 300 empregos em lojas que fazem a revenda dos cartões de passagem.
O gerente administrativo do Seturn, Sidney Norinho de Assis, retrucou que o projeto do prefeito prevê retirar as vendas do Seturn, ao mesmo tempo que delega ao chefe do executivo autonomia para conceder essa atribuição a quem ele quiser. “Isso é no mínimo uma aberração. Como é que nós podemos sobreviver se nós temos gastos diários?”, questionou. Ele lamentou que em uma época de privatização de serviços em todos os níveis, em Natal a prefeitura faça o inverso.
O Seturn tem 15 anos de existência e a NatalCard, seu braço comercial, foi criada há seis anos depois que foi instituída a bilhetagem eletrônica, exclusivamente para a venda das passagens através de cartões. Esse modelo de controle acabou de vez a desconfiança do poder público, leia-se Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana), sobre os cálculos tarifários. Sidney Norinho de Assis rebateu que os dados do sistema repassados pelas empresas ao município para o cálculo do valor das passagens sempre foi o correto, mas a Semob tratou o sistema com desconfiança.
As empresas, através do Seturn, investiram mais de R$ 20 milhões para montar o padrão NatalCard. O sistema atual, todo interligado, é gerenciado por um datacenter que reúne diariamente um milhão de dados que são compartilhados com a Semob. Inclusive, o Seturn doou, instalou e faz suporte técnica de uma réplica do datacenter dentro da Semob.
Diariamente, as empresas pagam uma série de itens de financiamento dos seus veículos como a manutenção da sua frota, combustível, funcionários. “Como é que a gente vai poder sobreviver sem esses recursos à mão”, questionou o gerente administrativo do Seturn.
Criada há seis anos com a bilhetagem eletrônica, a NatalCard faz a manutenção da rede de vendas e a estrutura de operação do transporte público de Natal. O sistema da NatalCard está interligado à empresas via Embratel. “Todas as ocorrências são transmitidas à Semob”, frisou o gerente administrativo. É com base nessas informações que a Semob faz os cálculos para formar as planilhas tarifárias.
Há mais de um ano, a tarifa correta é de R$ 2,41 reconhecida pela própria Secretaria, disse Sidney Norinho. Por causa da pressão popular, o prefeito Carlos Eduardo Alves que havia aumentado a passagem para R$ 2,40 voltou atrás e baixou para R$ 2,20.
A tecnologia contratada pelo Seturn tirou a venda das passagens de um sistema rudimentar para a bilhetagem eletrônica de ponta em Natal. O sistema funciona em quatro pontas: central do datacenter no prédio da NatalCard, ônibus, garagem dos empresas, rede de comercialização.
O datacenter da empresa é interligado online com os 800 computadores (validadores) instalados nos ônibus de Natal. Em cada garagem das seis empresas do sistema há um hardware de R$ 40 mil com rede de desktops.
Fonte: Novo Jornal

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