Quem faz a cidade somos nós…

A rotina cada vez mais corrida e agitada nos impede muitas vezes de planejar, e projetar e de praticar ações que poderão mudar o futuro. Os dias cada vez mais atarefados são mais comuns e crescentes nas grandes cidades. O tempo dedicado aos deslocamentos são cada vez maiores. Com isto precisamos sair mais cedo de casa e retornarmos mais tarde. Consequentemente deixamos outras atividades que anos atrás conseguíamos praticar, deixamos o convívio que no passado conseguíamos manter e deixamos outros compromissos que há pouco tempo conseguíamos cumprir. Deixamos de lado o lazer, o convívio familiar, o sono e outras atividades tão importantes, mas renegadas em função da correria pela subsistência que o ritmo das cidades nos impõe.
O crescimento exponencial dos aglomerados urbanos, a crescente ascensão social de uma parcela significativa da população, bem como as facilidades e aberturas de crédito, canalizaram as mudanças vivenciadas em nosso cotidiano. Tais mudanças trouxeram a reboque não somente benefícios, mas muitos malefícios, principalmente se considerarmos que os poderes constituídos não prepararam as cidades para este turbilhão de mudanças. Com isto houve um crescente e sufocante aumento da frota de veículos, provocando um caos nos transportes, aumento da violência, inchaço nos sistemas de saúde ocasionado pelo aumento de acidentes, dentre outros.
Os malefícios acentuaram-se de modo mais significativo do que os próprios benefícios, e a consequência disto nós presenciamos no ultimo mês de junho quando uma parte da população de todas as capitais brasileiras e de outras cidades do interior saíram às ruas para se manifestarem contra todos estes malefícios, que já existiam, mas que foram potencializados pelas mudanças que a sociedade vem enfrentando.  Infelizmente a solução ou responsabilidade de se resolver foi lançada sobre os poderes públicos. Digo infelizmente por saber que desta forma, as questões muito provavelmente não serão resolvidas. Acredito que a responsabilidade das soluções precisam ser compartilhadas,  pois todos somos responsáveis pelos problemas existentes, e também seremos pelas soluções. Sabemos que a sociedade é composta por indivíduos diferentes, e estas diferenças nunca serão atendidas em sua totalidade.
As questões precisam ser resolvidas a partir do indivíduo. As obras e grandes ações públicas são de grande relevância para a estruturação, mas de nada valem se não houver uma mudança de comportamento e cultura de cada indivíduo. De nada vale policiais nas ruas se estes não possuírem bons princípios e caráter. De nada vale muitas vias, túneis e viadutos se não tivermos a consciência coletiva e cada um sair em seu carro de forma egoísta, de nada vale um excelente aparato físico no sistema de saúde se não tivermos profissionais humanizados. Os problemas não terão solução. Enfim, a mudança principal deve ocorrer dentro de nós mesmos, e não no meio físico onde vivemos. Acrescento ainda que não adianta querermos que os outros mudem, devemos ter esta reflexão para nós mesmos. Se você quer mudar o sistema ou a sociedade, mude a si mesmo.
Projetarmos em outros os anseios que temos de melhorias e conceitos, é o mesmo que dar comida para alguém e esperar que sua própria fome seja saciada. Se quisermos mudanças na política, na sociedade, nos valores, no meio onde vivemos, tenha certeza de que isso só e capaz quando mudarmos a nós mesmos. Se o indivíduo muda, o meio em que ele vive também passa proporcionalmente por esta mudança. Quando grande parte dos indivíduos que compõem o meio muda, naturalmente o meio será transformado. O que quero dizer e propor aqui é que precisamos mudar de atitudes, e em alguns casos renovar nossos conceitos, princípios e valores. A sociedade é composta por indivíduos, e se cada um pensar em retribuir o mal que lhe é posto, o caminho será sempre o da ruína social, decadência ética, moral e dos bons costumes. Mas se exercitarmos os bons princípios, se aplicarmos em nós aquilo que esperamos nos outros, certamente o caminho será de construção de uma sociedade mais justa, solidária e de ordem crescente. Quem faz o meio são as pessoas, e nós somos as pessoas.
Que cidade estamos construindo? Quais os valores e princípios que estamos exercitando? Pergunto para você político, médico, policial, motorista, contador, comerciante, empresário, enfim, a todos que compõem a sociedade: o que você está fazendo para construir a cidade que você deseja? A cidade que você cobra dos políticos? Toda mudança começa por você. Até mesmo a mudança política, pois todos que estão assentados em uma cadeira eletiva foram conduzidos ao cargo pelo voto da maioria. A atitude individualista e imediata de querer sobejar alguma vantagem com o político no momento da eleição, lhe descredencia a exigir que o mesmo seja correto e direito. É preciso quebrar esse círculo. Uma sociedade democrática sempre terá os governantes que merece. Lembre-se, quem muda a cidade somos nós, e a mudança começa em nós. Construa a cidade que você quer!
Fonte: Fetronor

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